Unidade de saúde da alta complexidade com foco em atendimento materno-infantil e cirurgias de grande porte, o Hospital Barão de Lucena (HBL), no bairro da Iputinga, Zona Oeste do Recife, sofreu uma interdição de serviços eletivos pelo Conselho Regional de Medicina de Pernambuco (Cremepe).
A medida suspende o trabalho médico nos internamentos para cirurgias eletivas programáveis, com exceção das oncológicas. Todas os demais procedimentos devem ser imediatamente comunicados ao Cremepe. Segundo a autarquia, também é necessário apresentar "efetiva justificativa de sua necessidade".
Para detalhar o caso do HBL, o conselho convocou uma coletiva de imprensa para esta sexta-feira (19), às 10h, em sua sede, que fica no Espinheiro, Zona Norte do Recife. Na ocasião, conselheiros vão se pronunciar sobre os problemas do Hospital Barão de Lucena, o que levou à interdição cautelar ética parcial da unidade.
A medida foi deliberada em sessão plenária extraordinária, realizada na noite da quarta-feira (17), após visita à unidade, que foi acompanhada pela direção médica do serviço.
Os problemas do Hospital Barão de Lucena, que faz parte da rede estadual de saúde, têm se intensificado nos últimos meses. Em novembro, o Conselho Regional de Enfermagem de Pernambuco (Coren-PE) já havia feito vistoria no serviço e constatado irregularidades, como grande falta de medicamentos e insumos básicos, além de itens guardados em locais inadequados (materiais cirúrgicos em prateleira de lavabo interditado).
"A medida tomada pelo Cremepe já havia sido notificada no último mês de dezembro à direção do complexo, que teve 30 dias para solucionar os problemas encontrados pela autarquia", informou, em nota, a assessoria de comunicação do Cremepe.
"Uma vez constatada a continuidade das irregularidades notificadas, a interdição tem como objetivo preservar a dignidade do atendimento à população e a segurança do ato médico", acrescentou.
CAOS NO BARÃO DE LUCENA: "NÃO HÁ COMO FECHAR OS OLHOS", DIZ SIMEPE
O Sindicato dos Médicos de Pernambuco (Simepe) diz ter feito denúncias formais (ao Cremepe) sobre "o caos que o Hospital Barão de Lucena (HBL) se encontra, expondo ao risco profissionais e pacientes que buscam atendimento na unidade de saúde".
Além da falta de insumos básicos, o HBL, de acordo com o Simepe, expõe o médico a jornadas excessivas e não oferece condições necessárias para o trabalho.
"O Simepe destaca também que não é a primeira vez que a entidade vem a público denunciar o cenário caótico enfrentado no HBL e nos principais hospitais do Estado. É inadmissível e não há como fechar os olhos para a situação de abandono e desassistência que infelizmente se tornou corriqueira ao longo dos últimos 13 meses", destaca, em nota, o sindicato.
O comunicado ainda frisa que os profissionais e os pacientes "correm sérios riscos, seja por jornadas excessivas sem as condições mínimas necessárias, seja pela ausência de leitos e medicações básicas em unidades hospitalares para o tratamento das intercorrências".
O QUE DIZ O HOSPITAL BARÃO DE LUCENA?
Em comunicado, a diretoria do Hospital Barão de Lucena (HBL), vinculado à Secretaria Estadual de Saúde (SES-PE), informa que "os atendimentos na urgência e emergência estão mantidos normalmente na unidade, além dos procedimentos eletivos de cirurgia vascular e oncológicos".
A nota acrescenta que "uma força-tarefa já foi montada para otimizar a compra de insumos e evitar o desabastecimento no HBL".
A diretoria decidiu, na terça-feira (16), que casos específicos de cirurgias eletivas de baixa e média complexidade estão em reavaliação e, se necessário, pacientes serão encaminhados para outras unidades da rede de saúde.
A decisão, garante o HBL, não afetará a assistência aos pacientes e que, "com a regularização dos estoques, o atendimento das eletivas será normalizado".