Se você é diabético, é provável que já tenha se deparado com uma situação intrigante: antes de dormir, sua glicemia está por volta de 100 mg/dL, mas ao acordar, sem ter se alimentado durante a noite, ela está acima de 200 mg/dL. Como explicar esse fenômeno?
Esse repentino aumento nos níveis de açúcar no sangue durante a madrugada é conhecido pelos especialistas como o "fenômeno do amanhecer". Abaixo, entenda o que acontece.
Glicose muito alta de manhã
Durante o dia, os carboidratos ingeridos, como pão, biscoito, massas e frutas, são transformados em glicose através da digestão, sendo essa glicose a principal fonte de energia para o corpo. Uma parte desse açúcar é armazenada no fígado.
Enquanto dormimos, o fígado libera essa glicose na corrente sanguínea para fornecer energia ao corpo, já que não nos alimentamos durante a noite. Essa ação do fígado mantém o organismo abastecido até que tomemos o café da manhã, evitando hipoglicemia noturna.
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Entretanto, por volta das 2 horas da manhã, nosso organismo inicia a produção de hormônios, incluindo o cortisol, que aumentam a resistência das células à insulina. Isso significa que, mesmo com o fígado liberando glicose, ela encontra dificuldade em ser absorvida pelas células.
Para o corpo, é como se as células estivessem carentes de glicose, e o fígado responde liberando ainda mais açúcar no sangue. Como resultado, os níveis de açúcar no sangue aumentam a partir das 2 da madrugada, alcançando valores anormalmente altos ao acordar.
Embora o fenômeno do amanhecer seja comum a todos, em pessoas sem diabetes, os níveis de insulina aumentam para lidar com o excesso de glicose liberado pelo fígado.
Níveis de glicemia normais
A glicose, um carboidrato simples altamente energético, é a principal fonte de energia para os seres vivos. Quando mantida em níveis normais, é fundamental. No entanto, em excesso, pode ser prejudicial.
O exame de glicemia de jejum é comumente utilizado para verificar os níveis de açúcar no sangue. Esse procedimento, realizado em laboratório, mede a glicose na corrente sanguínea, investigando possíveis casos de diabetes e possibilitando o monitoramento da condição.
De acordo com a Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD), os valores de referência para o exame de glicemia de jejum são:
- Normoglicemia: menor que 100 mg/dL (< 100 mg/dL)
- Pré-diabetes ou risco aumentado para diabetes mellitus: entre 100 e 126 mg/dL (100 e
- Diabetes estabelecido: maior que 126 mg/dL (126 mg/dL)
Ao identificar alterações indicativas de elevadas taxas de glicose, um alerta deve ser acionado. A hiperglicemia, quando persistente, pode causar danos à saúde a médio e longo prazo.
Em resumo, o diabetes não controlado facilita o desenvolvimento de doenças coronárias, insuficiência renal crônica, complicações nos membros inferiores, problemas visuais, infecções, questões dentárias, disfunções neurológicas e sexuais, entre outras.
Como enfrentar?
O fenômeno do amanhecer pode impactar o controle glicêmico, sendo essencial buscar soluções. A primeira medida é discutir o assunto com o médico. Para diabéticos tipo 2, ajustar o horário dos medicamentos pode ser uma opção, permitindo que eles sejam tomados no início da noite para prolongar seus efeitos durante a madrugada.
No caso de diabéticos tipo 1, a situação é mais complexa, já que aumentar as doses de insulina após o jantar pode levar à hipoglicemia noturna. Uma alternativa é o uso de suplementos contendo carboidratos de baixo índice glicêmico e alto teor de fibras, ingeridos antes de dormir para manter a glicemia controlada.
Aqueles que utilizam bomba de insulina podem programá-la para aumentar a infusão de insulina a partir das 2 da madrugada, evitando altos níveis de glicose ao acordar. Em todos os casos, o diálogo com o profissional de saúde é fundamental para encontrar a melhor estratégia.