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Saúde e Bem-estar

Por Cinthya Leite e equipe
CANDIDA AURIS

Pernambuco tem as primeiras mortes de pacientes com superfungo Candida auris em 2024 e confirma contaminação em hospital

Estão isoladas as áreas em que três pacientes que foram a óbito estavam internadas. Foram colhidas amostras de material biológico de outras 13 pessoas que estiveram no mesmo ambiente das três pacientes afetadas pelo superfungo

Cadastrado por

Cinthya Leite

Publicado em 28/02/2024 às 16:07 | Atualizado em 28/02/2024 às 17:35
Foto de acervo do HGV, que intensificou, desde o último sábado (24), a execução de protocolos de segurança pela Comissão de Controle de Infecção Hospitalar, devido a casos do superfungo Candida auris - BRUNO CAMPOS/ACERVO JC IMAGEM

A Secretaria de Saúde de Pernambuco (SES-PE) confirma, nesta quarta-feira (28), a morte de três pacientes com o superfungo Candida auris no Estado. São os primeiros óbitos de 2024 associados ao superfungo, que representa uma séria ameaça à saúde pública. Ele pode causar infecção de corrente sanguínea e outras infecções invasivas.

Chama a atenção o fato de todas essas três mortes terem sido neste mês de fevereiro, enquanto que, em 2023, os quatro óbitos ocorreram ao longo de todo o ano. 

A SES-PE garante que as mortes não foram provocadas pela Candida auris, mas sim por complicações relacionadas a outras doenças de base.

As três pacientes estavam internadas no Hospital Getúlio Vargas (HGV), que intensificou, desde o último sábado (24), a execução de protocolos de segurança pela Comissão de Controle de Infecção Hospitalar (CCIH).

A ação reforça medidas de limpeza e isolamento da área em que duas pacientes da unidade estavam internadas e que positivaram para o superfungo Candida auris.  

As três pacientes (idades: 77, 75 e 44 anos) foram a óbito neste mês, por complicações relacionadas a outras doenças de base, e não por Candida auris. 

Superfungo Candida auris: Veja o perfil dos três casos de óbito no Hospital Getúlio Vargas (HGV)

  1. Mulher - 75 anos 
    Foi a óbito em 22 de fevereiro
  2. Mulher - 77 anos 
    Foi a óbito em 28 de fevereiro
  3. Mulher - 44 anos
    Foi a óbito em 26 de fevereiro

VIGILÂNCIA E MONITORAMENTO

A Agência Pernambucana de Vigilância Sanitária (Apevisa) informa, através da SES-PE, que tem fornecido todo apoio técnico ao HGV, com realização de monitoramento e reforço das medidas sanitárias necessárias.

De acordo com a Apevisa, foram colhidas amostras de material biológico de outras 13 pessoas que estiveram no mesmo ambiente das três pacientes afetadas pelo fungo que foram a óbito.

Todas as amostras foram encaminhadas para o Laboratório Central de Saúde Pública de Pernambuco (Lacen/PE), onde estão sendo realizados exames de testagem.

HISTÓRICO DO SUPERFUNGO EM PERNAMBUCO

Os surtos de Candida auris, em 2023, foram registrados no Hospital Miguel Arraes, em Paulista; no Hospital do Tricentenário, em Olinda; no Real Hospital Português; no Hospital da Restauração; e no Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Pernambuco (estes três últimos localizados na capital).

Em 2023, o Laboratório Central de Saúde Pública de Pernambuco (Lacen-PE) analisou mais de 4 mil amostras para vigilância da Candida auris, incluindo casos suspeitos, contactantes dentro do ambiente hospitalar e amostras de um estudo de prevalência.

E em 2022, Pernambuco já havia registrado pelo menos 43 casos de Candida auris em pacientes de 19 a 82 anos.

AGRESSIVIDADE DA CANDIDA AURIS

O maior problema relacionado ao superfungo Candida auris, de acordo com o infectologista Filipe Prohaska, é que esse agente infeccioso é multirresistente a diversos medicamentos antifúngicos. "É um micro-organismo exclusivamente hospitalar", diz o médico, que é consultor da Sociedade Brasileira de Infectologia.

O médico se preocupa com o potencial agressivo desse fungo. De acordo com Filipe Prohaska, a Candida auris pode permanecer viável por longos períodos no ambiente (semanas ou meses) e apresenta resistência a diversos desinfetantes, inclusive os que são à base de quaternário de amônio.

Estudos apontam que até 90% dos isolados de Candida auris são resistentes às seguintes medicações: fluconazol, anfotericina B ou equinocandinas.

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