A Secretaria de Saúde de Pernambuco (SES-PE) confirma, nesta quarta-feira (28), a morte de três pacientes com o superfungo Candida auris no Estado. São os primeiros óbitos de 2024 associados ao superfungo, que representa uma séria ameaça à saúde pública. Ele pode causar infecção de corrente sanguínea e outras infecções invasivas.
Chama a atenção o fato de todas essas três mortes terem sido neste mês de fevereiro, enquanto que, em 2023, os quatro óbitos ocorreram ao longo de todo o ano.
A SES-PE garante que as mortes não foram provocadas pela Candida auris, mas sim por complicações relacionadas a outras doenças de base.
As três pacientes estavam internadas no Hospital Getúlio Vargas (HGV), que intensificou, desde o último sábado (24), a execução de protocolos de segurança pela Comissão de Controle de Infecção Hospitalar (CCIH).
A ação reforça medidas de limpeza e isolamento da área em que duas pacientes da unidade estavam internadas e que positivaram para o superfungo Candida auris.
As três pacientes (idades: 77, 75 e 44 anos) foram a óbito neste mês, por complicações relacionadas a outras doenças de base, e não por Candida auris.
Superfungo Candida auris: Veja o perfil dos três casos de óbito no Hospital Getúlio Vargas (HGV)
- Mulher - 75 anos
Foi a óbito em 22 de fevereiro - Mulher - 77 anos
Foi a óbito em 28 de fevereiro - Mulher - 44 anos
Foi a óbito em 26 de fevereiro
VIGILÂNCIA E MONITORAMENTO
A Agência Pernambucana de Vigilância Sanitária (Apevisa) informa, através da SES-PE, que tem fornecido todo apoio técnico ao HGV, com realização de monitoramento e reforço das medidas sanitárias necessárias.
De acordo com a Apevisa, foram colhidas amostras de material biológico de outras 13 pessoas que estiveram no mesmo ambiente das três pacientes afetadas pelo fungo que foram a óbito.
Todas as amostras foram encaminhadas para o Laboratório Central de Saúde Pública de Pernambuco (Lacen/PE), onde estão sendo realizados exames de testagem.
HISTÓRICO DO SUPERFUNGO EM PERNAMBUCO
Os surtos de Candida auris, em 2023, foram registrados no Hospital Miguel Arraes, em Paulista; no Hospital do Tricentenário, em Olinda; no Real Hospital Português; no Hospital da Restauração; e no Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Pernambuco (estes três últimos localizados na capital).
Em 2023, o Laboratório Central de Saúde Pública de Pernambuco (Lacen-PE) analisou mais de 4 mil amostras para vigilância da Candida auris, incluindo casos suspeitos, contactantes dentro do ambiente hospitalar e amostras de um estudo de prevalência.
E em 2022, Pernambuco já havia registrado pelo menos 43 casos de Candida auris em pacientes de 19 a 82 anos.
AGRESSIVIDADE DA CANDIDA AURIS
O maior problema relacionado ao superfungo Candida auris, de acordo com o infectologista Filipe Prohaska, é que esse agente infeccioso é multirresistente a diversos medicamentos antifúngicos. "É um micro-organismo exclusivamente hospitalar", diz o médico, que é consultor da Sociedade Brasileira de Infectologia.
O médico se preocupa com o potencial agressivo desse fungo. De acordo com Filipe Prohaska, a Candida auris pode permanecer viável por longos períodos no ambiente (semanas ou meses) e apresenta resistência a diversos desinfetantes, inclusive os que são à base de quaternário de amônio.
Estudos apontam que até 90% dos isolados de Candida auris são resistentes às seguintes medicações: fluconazol, anfotericina B ou equinocandinas.