O Brasil passa a adotar uma nova estratégia para a erradicação do câncer de colo do útero, a partir da vacinação contra o papilomavírus humano (HPV). Agora o esquema é de dose única e substitui o antigo modelo em duas aplicações.
O plano considera uma diminuição de doses da vacina para crianças e adolescentes. Em contrapartida, aumenta-se o alcance entre a população-alvo do esquema vacinal.
Com isso, o Ministério da Saúde praticamente dobra a capacidade de imunização dos estoques disponíveis no País. A ideia, além de intensificar a proteção contra o câncer de colo do útero, é evitar outras complicações associadas ao HPV.
A mudança foi publicada, em nota técnica, na segunda-feira (1º/4). Os participantes da Câmara Técnica Assessora (CTAI) referendaram a decisão na reunião mais recente do colegiado.
O principal objetivo é aumentar a adesão à vacinação e ampliar a cobertura vacinal, a fim de eliminar o câncer de colo do útero como problema de saúde pública.
A recomendação da dose única foi embasada em estudos com evidências robustas sobre a eficácia do esquema frente às versões com duas ou três etapas.
Além disso, o esquema segue as recomendações mais recentes da Organização Mundial da Saúde (OMS) e da Organização Pan-Americana da Saúde (Opas).
O público-alvo continua formado por meninas e meninos de 9 a 14 anos, para protegê-los antes da exposição ao vírus HPV.
O grupo prioritário também inclui pessoas com imunocomprometimento, vítimas de violência sexual e outras condições específicas, conforme disposição do Programa Nacional de Imunizações (PNI), podendo receber a vacina até os 45 anos.
Além disso, a nota técnica recomenda que os Estados e municípios realizem busca ativa para garantir que jovens brasileiros de até 19 anos tenham acesso à vacina contra o HPV.
Nesses casos, poderão receber o esquema em dose única todas as pessoas dentro dessa faixa etária que não receberam uma ou duas doses do imunizante no período recomendado.
O Brasil se junta a 37 países que já adotaram o esquema de dose única, seguindo recomendações internacionais e buscando resultados positivos na proteção da população contra o vírus HPV.
No Sistema Único de Saúde (SUS), o imunizante é distribuído gratuitamente e previne infecções para os tipos mais frequentes de HPV: 6, 11, 16 e 18 (quadrivalente).
Nas clínicas privadas de vacinação, é aplicada a HPV nonavalente, recentemente disponibilizada no País e com a formulação de cinco tipos adicionais do vírus, em comparação com a que está no SUS.
Número de doses aplicadas em 2023 é o maior desde 2018
Em 2023, foram aplicadas mais de 6,1 milhões de doses da vacina contra o HPV.
O número é o maior desde 2018 (5,1 milhões) e representa um aumento de 42% em relação a 2022, quando foram aplicadas pouco mais de 4 milhões de doses.
Estados e municípios se juntaram ao Ministério da Saúde no Movimento Nacional pela Vacinação, com a meta de reverter a tendência de queda nas coberturas dos principais imunizantes do calendário definido pelo PNI.