Vacinas para adultos: descubra a proteção que você se esqueceu de atualizar

Mesmo na fase adulta, manter o calendário vacinal atualizado é essencial para prevenir doenças e reforçar doses tomadas na infância e adolescência

Publicado em 17/12/2024 às 10:15
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No Brasil, a imunização é um dos principais braços do Sistema Único de Saúde (SUS). As principais vacinas do calendário nacional estão disponíveis nas Unidades Básicas de Saúde (UBS).

Mas, o que muitas pessoas desconhecem é que parte dessas vacinas precisa de doses de reforço que devem ser tomadas na idade adulta.

A imunização na infância e adolescência deve ser acompanhada pelos pais e responsáveis. No entanto, ao chegar na fase adulta, também é necessário atualizar o cartão de vacina.

Em entrevista ao JC, o médico infectologista Lucas Caheté, diretor geral de Vigilância Epidemiológica de Pernambuco, destacou que as taxas de queda na imunização começa a ocorrer na adolescência.

“A vacinação é para todas as idades. Mas na adolescência começa a ter uma procura menor, apesar do calendário vacinal contemplar essa faixa etária”, destacou.

Como funciona o calendário de vacinação no Brasil?

O Ministério da Saúde, por meio do Programa Nacional de Imunizações (PNI), oferece atualmente 47 imunobiológicos, que incluem 30 vacinas, 13 soros e 4 imunoglobulinas.

Essas vacinas, disponibilizadas gratuitamente pelo SUS, são essenciais para a prevenção de doenças graves e potencialmente fatais, como poliomielite, sarampo, rubéola, tétano e coqueluche, entre outras.

Criado em 1973, o PNI tem sido uma ferramenta chave para garantir a saúde da população brasileira. Mas, apesar de haver campanhas diversas para a vacinação infantil, são poucas as que incentivam a vacinação do adulto.

O médico pediatra Eduardo Jorge, especialista em vacinas e representante da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm) em Pernambuco, explica que a vacinação em adultos envolve “mitos e desinformação”.

A falta de campanha sobre as vacinas é sentida pelos jovens. O estudante Nícolas Melo, 23 anos, precisou tomar dose de reforço da antitetânica quando adolescente e depois não retornou à UBS para atualizar o cartão.

"Nunca foi uma questão, não tem uma divulgação dessas outras vacinas que eu tenho que tomar, a não ser gripe, que é anual", disse Nícolas, em entrevista ao JC. 

Quem é responsável pelas vacinas no Brasil?

No Brasil, a responsabilidade pela vacinação é compartilhada entre os três níveis de governo: União, Estados e Municípios.

O governo federal, por meio do Ministério da Saúde e do Programa Nacional de Imunizações (PNI), é responsável pela entrega das doses de vacina aos Estados.

Os Estados, por sua vez, têm a função de distribuir essas vacinas para os municípios, que são os responsáveis pela aplicação das doses à população.

“O Estado também é responsável pela compra das seringas e pela rede de frios, ou seja, dos insumos que mantêm a validade dessa vacina”, explicou o diretor de vigilância de Pernambuco.

Quem é adulto precisa tomar quais vacinas?

O calendário de vacinação para adultos no Brasil inclui a manutenção de vacinas já tomadas na infância e a aplicação de doses de reforço em algumas situações. São eles:

  • Tríplice viral (contra sarampo , caxumba e rubéola) - Duas doses;
  • Febre amarela - Dose única a cada 10 anos por toda a vida
  • Dupla adulto (Difteria e Tétano) - Caso não possua esquema vacinal, com dose de reforço a cada dez anos ou cinco anos em caso de ferimentos graves
  • Tétano - Dose única a cada 10 anos por toda a vida
  • Hepatite B - Esquema vacinal com 3 doses
  • Covid - Para quem não fez o esquema vacinal no período pandêmico (há grupos prioritários);
  • Influenza (anual).

Além disso, o PNI inclui vacinas para adultos em situações específicas, como aquelas relacionadas à exposição a surtos ou viagens para áreas endêmicas, ou seja, que têm mais incidência da doença. É assim com a febre amarela em cerca de 19 Estados do Brasil.

Essas são as vacinas que constam no calendário de vacinação do Ministério da Saúde. No entanto, a Sociedade Brasileira de Imunizações também indica outros imunizantes, como:

  • Contra a varicela (catapora) - para pessoas mais vulneráveis a doença, que não tenham se vacinado na infância;
  • Hepatite A;
  • HPV-9;
  • Vacina pneumocócica - todos adultos acima de 50 anos e especialmente as pessoas com doenças crônica;
  • Meningocócicas - contra a bactéria meningococo, causadora da meningite;
  • Herpes zóster - para a partir de 50 anos de idade

Mas esses imunizantes não estão disponíveis no SUS para a idade adulta.

Vacinas para gestantes

Gestantes têm uma necessidade específica de vacinas que visam proteger tanto a mãe quanto o bebê.

O calendário nacional de vacinação inclui vacinas obrigatórias para esse público, como a vacina contra a gripe e a vacina tríplice bacteriana, que protege contra difteria, tétano e coqueluche.

A tríplice bacteriana, conhecida como dTpa, deve ser aplicada em todas as gestações no terceiro trimestre. “É uma vacina extremamente importante para evitar a coqueluche, uma infecção que costuma ser comum até os seis meses do bebê”, explica Lucas.

Apesar da importância da imunização durante a gravidez, uma pesquisa encomendada pela Pfizer revelou que 40% das mulheres grávidas não sabem que existe um calendário vacinal específico para esse período.

Além disso, 11% das gestantes das classes A e B relataram que receberam recomendações incorretas para não se vacinarem, enquanto outras afirmaram que os médicos não abordaram o tema durante o pré-natal.

Vacinação contra a covid-19

Apesar da chegada de 20 mil novas doses da vacina contra a COVID-19 em Pernambuco, o grupo prioritário atual é restrito a pessoas com maior risco de complicações.

O médico Eduardo Jorge destaca que a maior parte da população vacinada já foi exposta ao vírus e, por isso, "neste momento epidemiológico, é correto priorizar a vacinação dos grupos de risco".

Apesar da cobertura vacinal, ele reforça que a covid-19 ainda representa uma preocupação, principalmente durante o período de confraternizações

"É essencial manter medidas preventivas, como realizar encontros em ambientes ventilados, limitar o número de participantes e monitorar sintomas gripais", ressalta. Por isso, em caso de sintomas gripais persistentes, ainda é preciso testar para o vírus.

Segundo dados da Secretaria de Saúde de Pernambuco, a cobertura vacinal para covid-19 no Estado é de 98,5% para o esquema vacinal com duas doses e 70,9% para o esquema vacinal com três doses.

Perdi meu cartão de vacina, e agora?

Marcello Casal jr/Agência Brasil
Um novo cartão de vacinação deve ser fornecido durante visita à Unidade Básica de Saúde. - Marcello Casal jr/Agência Brasil

As Unidades Básicas de Saúde (UBS) estão preparadas para oferecer as vacinas necessárias em todas as fases da vida, desde a infância até o envelhecimento.

Para se vacinar, basta que o adulto compareça a uma unidade de saúde com seu cartão de vacina. O cartão é importante para que o profissional de saúde identifique quais são as doses de reforço necessárias.

No entanto, a falta do cartão não impede de receber os imunizantes. Caso o paciente não possua mais o documento, o responsável pela aplicação vai realizar o esquema vacinal de acordo com a idade.

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