Vacinas para adultos: descubra a proteção que você se esqueceu de atualizar
Mesmo na fase adulta, manter o calendário vacinal atualizado é essencial para prevenir doenças e reforçar doses tomadas na infância e adolescência
No Brasil, a imunização é um dos principais braços do Sistema Único de Saúde (SUS). As principais vacinas do calendário nacional estão disponíveis nas Unidades Básicas de Saúde (UBS).
Mas, o que muitas pessoas desconhecem é que parte dessas vacinas precisa de doses de reforço que devem ser tomadas na idade adulta.
A imunização na infância e adolescência deve ser acompanhada pelos pais e responsáveis. No entanto, ao chegar na fase adulta, também é necessário atualizar o cartão de vacina.
Em entrevista ao JC, o médico infectologista Lucas Caheté, diretor geral de Vigilância Epidemiológica de Pernambuco, destacou que as taxas de queda na imunização começa a ocorrer na adolescência.
“A vacinação é para todas as idades. Mas na adolescência começa a ter uma procura menor, apesar do calendário vacinal contemplar essa faixa etária”, destacou.
Como funciona o calendário de vacinação no Brasil?
O Ministério da Saúde, por meio do Programa Nacional de Imunizações (PNI), oferece atualmente 47 imunobiológicos, que incluem 30 vacinas, 13 soros e 4 imunoglobulinas.
Essas vacinas, disponibilizadas gratuitamente pelo SUS, são essenciais para a prevenção de doenças graves e potencialmente fatais, como poliomielite, sarampo, rubéola, tétano e coqueluche, entre outras.
Criado em 1973, o PNI tem sido uma ferramenta chave para garantir a saúde da população brasileira. Mas, apesar de haver campanhas diversas para a vacinação infantil, são poucas as que incentivam a vacinação do adulto.
O médico pediatra Eduardo Jorge, especialista em vacinas e representante da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm) em Pernambuco, explica que a vacinação em adultos envolve “mitos e desinformação”.
A falta de campanha sobre as vacinas é sentida pelos jovens. O estudante Nícolas Melo, 23 anos, precisou tomar dose de reforço da antitetânica quando adolescente e depois não retornou à UBS para atualizar o cartão.
"Nunca foi uma questão, não tem uma divulgação dessas outras vacinas que eu tenho que tomar, a não ser gripe, que é anual", disse Nícolas, em entrevista ao JC.
Quem é responsável pelas vacinas no Brasil?
No Brasil, a responsabilidade pela vacinação é compartilhada entre os três níveis de governo: União, Estados e Municípios.
O governo federal, por meio do Ministério da Saúde e do Programa Nacional de Imunizações (PNI), é responsável pela entrega das doses de vacina aos Estados.
Os Estados, por sua vez, têm a função de distribuir essas vacinas para os municípios, que são os responsáveis pela aplicação das doses à população.
“O Estado também é responsável pela compra das seringas e pela rede de frios, ou seja, dos insumos que mantêm a validade dessa vacina”, explicou o diretor de vigilância de Pernambuco.
Quem é adulto precisa tomar quais vacinas?
O calendário de vacinação para adultos no Brasil inclui a manutenção de vacinas já tomadas na infância e a aplicação de doses de reforço em algumas situações. São eles:
- Tríplice viral (contra sarampo , caxumba e rubéola) - Duas doses;
- Febre amarela - Dose única a cada 10 anos por toda a vida
- Dupla adulto (Difteria e Tétano) - Caso não possua esquema vacinal, com dose de reforço a cada dez anos ou cinco anos em caso de ferimentos graves
- Tétano - Dose única a cada 10 anos por toda a vida
- Hepatite B - Esquema vacinal com 3 doses
- Covid - Para quem não fez o esquema vacinal no período pandêmico (há grupos prioritários);
- Influenza (anual).
Além disso, o PNI inclui vacinas para adultos em situações específicas, como aquelas relacionadas à exposição a surtos ou viagens para áreas endêmicas, ou seja, que têm mais incidência da doença. É assim com a febre amarela em cerca de 19 Estados do Brasil.
Essas são as vacinas que constam no calendário de vacinação do Ministério da Saúde. No entanto, a Sociedade Brasileira de Imunizações também indica outros imunizantes, como:
- Contra a varicela (catapora) - para pessoas mais vulneráveis a doença, que não tenham se vacinado na infância;
- Hepatite A;
- HPV-9;
- Vacina pneumocócica - todos adultos acima de 50 anos e especialmente as pessoas com doenças crônica;
- Meningocócicas - contra a bactéria meningococo, causadora da meningite;
- Herpes zóster - para a partir de 50 anos de idade
Mas esses imunizantes não estão disponíveis no SUS para a idade adulta.
Vacinas para gestantes
Gestantes têm uma necessidade específica de vacinas que visam proteger tanto a mãe quanto o bebê.
O calendário nacional de vacinação inclui vacinas obrigatórias para esse público, como a vacina contra a gripe e a vacina tríplice bacteriana, que protege contra difteria, tétano e coqueluche.
A tríplice bacteriana, conhecida como dTpa, deve ser aplicada em todas as gestações no terceiro trimestre. “É uma vacina extremamente importante para evitar a coqueluche, uma infecção que costuma ser comum até os seis meses do bebê”, explica Lucas.
Apesar da importância da imunização durante a gravidez, uma pesquisa encomendada pela Pfizer revelou que 40% das mulheres grávidas não sabem que existe um calendário vacinal específico para esse período.
Além disso, 11% das gestantes das classes A e B relataram que receberam recomendações incorretas para não se vacinarem, enquanto outras afirmaram que os médicos não abordaram o tema durante o pré-natal.
Vacinação contra a covid-19
Apesar da chegada de 20 mil novas doses da vacina contra a COVID-19 em Pernambuco, o grupo prioritário atual é restrito a pessoas com maior risco de complicações.
O médico Eduardo Jorge destaca que a maior parte da população vacinada já foi exposta ao vírus e, por isso, "neste momento epidemiológico, é correto priorizar a vacinação dos grupos de risco".
Apesar da cobertura vacinal, ele reforça que a covid-19 ainda representa uma preocupação, principalmente durante o período de confraternizações
"É essencial manter medidas preventivas, como realizar encontros em ambientes ventilados, limitar o número de participantes e monitorar sintomas gripais", ressalta. Por isso, em caso de sintomas gripais persistentes, ainda é preciso testar para o vírus.
Segundo dados da Secretaria de Saúde de Pernambuco, a cobertura vacinal para covid-19 no Estado é de 98,5% para o esquema vacinal com duas doses e 70,9% para o esquema vacinal com três doses.
Perdi meu cartão de vacina, e agora?
As Unidades Básicas de Saúde (UBS) estão preparadas para oferecer as vacinas necessárias em todas as fases da vida, desde a infância até o envelhecimento.
Para se vacinar, basta que o adulto compareça a uma unidade de saúde com seu cartão de vacina. O cartão é importante para que o profissional de saúde identifique quais são as doses de reforço necessárias.
No entanto, a falta do cartão não impede de receber os imunizantes. Caso o paciente não possua mais o documento, o responsável pela aplicação vai realizar o esquema vacinal de acordo com a idade.