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Saúde e Bem-estar

Por Cinthya Leite e equipe

Dicas de saúde, informações sobre especialidades da medicina, doenças e tratamentos

Bipolaridade: desvendando os mistérios do transtorno que alterna altos e baixos

Transtorno bipolar afeta cerca de 140 milhões de pessoas no mundo e em torno de 2,5% da população brasileira, de acordo com a OMS, e sofre com estigma

Publicado em 15/01/2025 às 6:00 | Atualizado em 15/01/2025 às 15:05
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Adotada pelo Brasil em 2014, a campanha global Janeiro Branco atua pela conscientização sobre a Saúde Mental. Entre os transtornos que estão ficando mais conhecidos pelo público está a bipolaridade, que, de acordo com dados de 2019 da Organização Mundial da Saúde (OMS), afeta cerca de 140 milhões de pessoas no mundo todo e em torno de 2,5% da população brasileira.

“Nesses meses de conscientização da saúde mental, como é o mês de janeiro e no mês do setembro amarelo, estar conversando sobre esses temas diminui esse estigma. Além disso, precisamos mostrar para a população que não é uma alteração na índole daquela pessoa, do caráter dela, e sim um adoecimento. Ele é diagnosticado e existe um embasamento científico por trás disso”, ressalta Vitor Hugo Stangler, psiquiatra do Hospital Jayme da Fonte.

O que é transtorno bipolar?

De acordo com o psiquiatra, o transtorno bipolar é caracterizado por alterações de humor em que existe a alternância de episódios depressivos com episódios de mania.

“O episódio depressivo é caracterizado por um humor mais depressivo, fadiga, sonolência crônica e insônia no período da noite. Pode ser caracterizado também pela perda de prazer e de motivação para fazer as atividades, e até um aumento ou uma perda de apetite”, detalha Vitor.

Já no episódio de mania, o especialista afirma que é comum ocorrer o aumento da energia e da disposição. “Tem um aceleramento nos pensamentos e na fala, muitas vezes um comportamento mais desinibido. O paciente tende a gastar mais e a ficar conversando com pessoas desconhecidas. São atitudes que fogem completamente da personalidade daquela pessoa.”

RENATO RAMOS/JC IMAGEM
O psiquiatra Vitor Hugo Stangler, do Hospital Jayme da Fonte, detalha o transtorno bipolar, ainda muito estigmatizado - RENATO RAMOS/JC IMAGEM

O psiquiatra explica que vários fatores de risco podem desencadear o quadro. “O principal fator de risco da bipolaridade é o componente genético. Se aquele paciente tem um familiar que tem um quadro de bipolaridade ou até esquizofrenia, eles compartilham os mesmos genes e a gente já tem que começar a ficar mais atento. Ela também está associada a alguns fatores ambientais como, por exemplo, a privação de sono de pacientes com quadros depressivos e o abuso de substâncias como cocaína.”

Como são feitos o diagnóstico e o tratamento?

Vitor ressalta que o diagnóstico e o tratamento precoce da bipolaridade são essenciais para a prevenção da cronificação do quadro. Isso significa que, quanto mais cedo o transtorno for identificado, mais fácil evitar a evolução do quadro.

Contudo, o diagnóstico da doença é complexo. “É realizado apenas a partir de uma avaliação clínica do psiquiatra, que precisa analisar tanto o quadro agudo do momento quanto o histórico daquele paciente. Muitas vezes precisamos de informações de familiares e de pessoas próximas para entender a personalidade do paciente.”

“Ainda não temos exames laboratoriais nem exames de imagens que realizem esse diagnóstico, mas muitas vezes utilizamos esses exames para nos auxiliar a descartar outras condições clínicas, outros adoecimentos clínicos que poderiam simular sintomas do quadro da bipolaridade”, acrescenta.

Atualmente, o tratamento da bipolaridade consiste na prevenção das crises depressivas e das crises de mania através de estabilizadores de humor. “Se o paciente que está em uma crise de mania ou em uma crise depressiva, o uso de medicamentos será específico para tratar o tipo de crise. Não existe ainda a cura do adoecimento, mas podemos controlar o humor e prevenir o agravamento dos quadros”, diz o psiquiatra.

O quadro da bipolaridade, geralmente, se inicia no final da fase da adolescência e no início da fase do adulto jovem, segundo Vitor. O especialista pede também uma atenção especial para essas alterações no período da infância e da adolescência para que esse tratamento seja iniciado da melhor forma possível.

“Os pacientes pediátricos e os adolescentes têm que ter cuidados especiais tanto com a questão da dosagem da medicação, quanto com os tipos de medicamentos que são prescritos. Então é muito importante que antes de se iniciar qualquer avaliação ou qualquer medicamento, que o paciente seja avaliado por um profissional especializado na área, que é o psiquiatra da infância e da adolescência”, acrescenta.

Atendimento especializado

O Hospital Jayme da Fonte conta com equipe médica psiquiátrica capacitada para a realização e avaliação de pacientes com suspeita de um transtorno bipolar e tratamento para os já diagnosticados.

“O hospital também tem o suporte da emergência clínica para atendimento daqueles pacientes que estejam em vigência de quadro de mania ou de quadro depressivo. É muito importante a estruturação de um hospital para o atendimento desses pacientes”, finaliza Vitor.

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