Como melhorar os sintomas da rinite? Conheça a raiz do problema

Rinite alérgica atinge 30% dos brasileiros. Veja como identificar os gatilhos, melhorar o ambiente e tratar os sintomas de forma eficaz

Publicado em 17/01/2025 às 10:02
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A rinite alérgica (RA) é uma das doenças mais comuns do sistema respiratório. No mundo, segundo a Organização Mundial da Alergia (WAO, na sigla em inglês), 30% a 40% da população sofre com a condição.

Coceira na garganta, congestão nasal e vermelhidão nos olhos são alguns dos principais sintomas da doença. Apesar de ter causa genética, há gatilhos que desencadeiam uma crise, conhecê-los e evitá-los é fundamental para o controle da condição que não tem cura, apenas tratamento.

Apesar de comum, muitas dúvidas e informações incorretas sobre a condição circulam entre os pacientes que sofrem com a questão.

O que é rinite?

“A rinite é um processo inflamatório da mucosa que reveste o nariz por dentro. Tem as causas alérgicas e as não alérgicas”, explica Adriano Amorim, otorrinolaringologista da Hapvida.

Um caso muito comum de rinite, por exemplo, é quando se está gripado ou resfriado. Nesta situação, trata-se de uma rinite infecciosa. Há a irritativa, causada por cheiro forte, como de perfumes, que muitas pessoas pensam ser alergia.

A rinite também pode ser vasomotora, que acomete idosos, quando muda o clima, ou ao comer uma comida mais picante.

A medicamentosa é causada pelo uso excessivo de medicamentos vasoconstritores, que são encontrados em farmácias e servem para desobstruir o nariz. O médico alerta que esse uso sem prescrição médica ao longo do tempo, pode piorar o quadro de inflamação da mucosa e até gerar vício.

Rinite alérgica

A estudante de direito Maryellen Rodrigues sofre com o problema desde criança. Apesar de realizar tratamentos recorrentes, a condição ainda é muito presente na sua vida e, segundo ela, causa transtornos.

“Eu poderia dizer que a rinite alérgica atrapalha todos os âmbitos da minha vida. No trabalho, por exemplo, o ar-condicionado, com poeira, já faz minha rinite ‘atacar’. Eu espirro muito, meus olhos lacrimejam, meu nariz, garganta e até minha boca coçam. Isso acaba gerando uma angústia”, desabafa.

“Tem a coriza também que constrange, né? Tem que estar com um paninho nos lugares”, completa a estudante.

O problema enfrentado por Maryellen atinge cerca de 65 milhões de brasileiros, de acordo com dados da Sociedade Brasileira De Alergologia e Imunologia (Asbai), ou seja, 30% da população. Em média, a cada 10 pessoas, 3 tinham rinite alérgica em 2022, quando os dados foram recolhidos.

Principais causadores alérgicos

De acordo com Juliana Asfura, alergista e imunologista do Hospital Santa Joana, alguns dos principais causadores de alergia são:

  • Ácaros;
  • Pelos de animais;
  • Mofo;
  • Casca de animais.

“O que desencadeia a rinite alérgica são os aeroalérgenos. A coriza e a obstrução são só a ponta do iceberg, mas para isso acontecer, há uma resposta imunológica que está sendo feita no nosso corpo. É bem mais complexo”, explica a especialista.

Os ácaros saem em disparada como o causador mais comum, esses pequenos organismos estão presentes na poeira de colchões, travesseiros, tapetes e cortinas, especialmente em ambientes fechados e pouco ventilados.

“A rinite alérgica é muito comum em lugares com acúmulo de poeira e umidade”, ressalta Juliana.

Reprodução/Freepik
Barata tem proteínas na casca que são liberadas no ar e causam reações alérgicas - Reprodução/Freepik

Além dos ácaros, outro causador frequente de crises é a barata. Muitas pessoas se surpreendem ao descobrir, mas não é preciso ter contato direto com o inseto. “Ela libera proteínas da casca que ficam no ar, causando reações alérgicas”, destaca a médica.

A presença de baratas em locais fechados, como apartamentos ou casas mais antigas, pode piorar os sintomas, já que as proteínas liberadas ficam no ambiente e são inaladas constantemente.

O mofo, comum em épocas de chuva, também é um grande problema para os pacientes. A umidade nas paredes e a proliferação de fungos são fatores que favorecem o aparecimento de esporos no ar, que, ao serem inalados, causam inflamação nas vias nasais.

Doenças respiratórias associadas

A rinite alérgica frequentemente está associada a outras condições respiratórias. Cerca de 80% dos asmáticos apresentam rinite alérgica, segundo dados da Sociedade Brasileira de Alergologia e Imunologia (ASBAI).

Essa relação é explicada pelo fato de ambas as condições envolverem o sistema respiratório. O agravamento de uma pode facilmente desencadear crises na outra.

Além da asma, outras doenças respiratórias também podem vir associadas à rinite alérgica.

  • Sinusite: a inflamação das cavidades nasais é uma complicação comum em pacientes com rinite alérgica não tratada. A obstrução nasal e o acúmulo de secreções favorecem o desenvolvimento de infecções nos seios da face, levando à sinusite, que pode ser crônica ou aguda;
  • Faringite: a inflamação da garganta também pode estar associada à rinite alérgica devido ao gotejamento nasal posterior, que irrita a faringe e pode levar a desconfortos frequentes.

Pacientes com essas condições devem ser acompanhados por otorrinos e alergologistas para controlar os sintomas e evitar complicações graves, como comprometimento das vias e do pulmão.

Diagnóstico

O diagnóstico da rinite alérgica é realizado, principalmente, por meio da avaliação clínica dos sintomas e do histórico do paciente.

“O otorrinolaringologista ou alergista vai examinar a mucosa nasal, usando um aparelho para visualizar o interior do nariz. É possível observar a mucosa, que fica mais pálida do que o normal, e os cornetos nasais, que são estruturas internas do nariz, que podem estar hipertrofiados, ou seja, aumentados de tamanho”, salienta a alergista Juliana.

O médico geralmente também realiza uma série de perguntas sobre os sintomas apresentados, como a frequência das crises e os fatores desencadeantes, além de verificar o histórico familiar, já que a condição tende a ser hereditária.

Para confirmar a origem alérgica da rinite, exames de pele, como o teste cutâneo, ou exames de sangue, que identificam os anticorpos específicos, podem ser solicitados.

Tratamento

Embora a rinite alérgica não tenha cura, ela pode ser controlada com o uso adequado de medicamentos e a adoção de medidas de prevenção. O tratamento geralmente envolve uma combinação de medicamentos, que podem incluir:

  • Antialérgicos: os anti-histamínicos são os mais utilizados para controlar os sintomas, como coriza e coceira;
  • Corticoides nasais: esses medicamentos são eficazes na redução da inflamação nas vias nasais e no controle das crises;
  • Imunoterapia: em casos mais graves, o médico pode recomendar a imunoterapia, também conhecida como ‘vacina contra alergia’, que visa diminuir a sensibilidade do paciente aos alérgenos;

De acordo com o último Consenso Brasileiro sobre Rinites, publicado em 2024, o uso de corticoide nasal, como a budesonida, é indicado como primeira ação. O corticoide nasal deve ser utilizado de forma contínua, por pelo menos três meses, para alcançar um controle eficaz dos sintomas.

As soluções disponíveis em farmácias para descongestionar o nariz, que são os medicamentos vasoconstritores, não são indicadas e podem, inclusive, causar efeito rebote, a rinite medicamentosa.

Como melhorar os sintomas da rinite em casa?

Além do tratamento medicamentoso, é essencial adotar medidas de prevenção, como a eliminação ou redução dos fatores alérgicos no ambiente, e evitar situações que possam desencadear as crises.

Limpeza frequente da casa, uso de capas antiácaros nos colchões e travesseiros, e evitar o contato com animais são algumas das recomendações.

“Não adianta intensificar o tratamento se o ambiente do paciente está desorganizado. Por exemplo, se ele tem tapetes, cortinas, pelúcias e colchões velhos ou travesseiros deteriorados, isso agrava o quadro”, esclarece Juliana.

A lavagem nasal com soro é muito indicada por toda comunidade médica. “Ajuda a remover os fatores alérgicos das fossas nasais. Essa lavagem pode ser feita todos os dias e é indicada desde o nascimento da criança”, destaca o otorrino Adriano Amorim.

No entanto, o médico alerta que deve ser realizada com cautela: uma única lavagem não resolve o problema e é importante evitar pressão, pois isso pode causar danos ao ouvido.

Saiba qual médico procurar

A consulta com um alergista é essencial para identificar os alérgenos específicos que desencadeiam os sintomas.

Agora, o acompanhamento com um otorrinolaringologista pode ser importante para monitorar a saúde das vias respiratórias e prevenir complicações.

“O tratamento imediato é realizado pelo otorrino, que pode até considerar uma intervenção cirúrgica, caso a alergia cause obstrução significativa. Por outro lado, o alergologista pode tratar as reações alérgicas”, frisa Adriano.

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