VÍDEO: Novas imagens mostram possível troca de tiros no 19º Batalhão, no Recife, após PM matar esposa

Câmeras de segurança filmaram o momento dos tiros disparados pelo soldado Guilherme Barros contra outros policiais
Raphael Guerra
Publicado em 23/12/2022 às 12:36
Após atirar em colegas na sala de monitoramento, soldado teria trocado tiros com outro militar, conforme imagem gravada por câmera Foto: REPRODUÇÃO


Novas imagens de câmeras de segurança mostram detalhes da ação do soldado da Polícia Militar Guilherme Santana Ramos de Barros, de 27 anos, que entrou na sede do 19º Batalhão, no bairro do Pina, Zona Sul do Recife, e atirou em colegas de farda na última terça-feira (20). 

As câmeras captaram o momento em que o soldado aparece de mochila entrando no batalhão. Ele passa por colegas e segue por um corredor até chegar na sala de monitoramento, onde imediatamente após abrir a porta efetua vários tiros contra outros policiais, que tentam se proteger. 

REPRODUÇÃO - Soldado teria trocado tiros no corredor do 19º Batalhão

Segundos depois, Guilherme sai pela mesma porta e, um pouco a frente, outro militar aparece armado. A imagem indica uma possível troca de tiros. O soldado volta à sala de monitoramento e corre. Não fica claro, no entanto, se ele foi atingido por algum tiro. A informação, inicial, é de que ele se matou. 

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Duas investigações estão em andamento. A primeira, da Polícia Civil, apura o feminicídio da esposa do soldado, Cláudia Gleice da Silva, de 33 anos, no Cabo de Santo Agostinho, no Grande Recife. A vítima estava na casa da mãe dela escondida, após encerrar o relacionamento conturbado e marcado por ameaças e agressões - segundo relatos de parentes. Cláudia estava grávida de três meses do policial.

IMAGEM AUTORIZADA PELA FAMÍLIA - Cláudia Gleice da Silva foi morta a tiros na casa da mãe, no Cabo de Santo Agostinho. Ela estava grávida de três meses do policial

Logo após o feminicídio, o soldado abordou e obrigou, sob ameaças, um motorista de aplicativo a levá-lo até o 19º Batalhão, onde quatro policiais militares foram baleados - e dois acabaram falecendo.

A segunda investigação, sob a responsabilidade da Polícia Militar, precisa esclarecer os motivos que levaram Guilherme Barros a atirar nos colegas e se ele realmente cometeu suicídio após o crime.

Enquanto seguia para o batalhão, o soldado teria dito que iria "matar os inimigos". Essas possíveis desavenças estão sendo investigadas. 

O sargento Maurino Uchoa, baleado de raspão na cabeça, que recebeu alta médica ainda na terça-feira, já teria sido ouvido pelos militares à frente do inquérito. 

O cabo Paulo Rebelo, ferido no ombro, passou por cirurgia. Ele recebeu alta do Hospital Português nessa quinta-feira (22). Não há informação oficial se ele já foi ouvido na investigação. 

Também foram atingidos pelos tiros o 2º tenente Wagner Souza do Nascimento, de 30 anos, que morreu na hora, e a major Aline Maria Lopes dos Prazeres Luna, 42, que era subcomandante do 19º Batalhão. A PM chegou a ser socorrida e levada para o Hospital Português, mas faleceu no mesmo dia - horas após passar por cirurgia. 

DIVULGAÇÃO - Major Aline Maria Lopes dos Prazeres Luna, 42, atuava na Polícia Militar há 24 anos. Também era psicóloga

Os depoimentos de familiares do soldado também vão ajudar na condução das investigações. Na última quarta-feira, o pai afirmou que não tinha contato com ele há cerca de três anos e que não sabia de nenhum problema relacionado à vida pessoal ou profissional dele. 

Áudios e prints de mensagens de WhatsApp, sem comprovação de autoria, circulam pelas redes sociais. Mas é preciso levar em consideração que esse tipo de conteúdo, que muitas vezes mais atrapalha do que ajuda na investigação, precisa de checagem dos responsáveis pelos inquéritos.

Não há prazo para conclusão dos dois inquéritos, que dependem dos depoimentos e laudos periciais do Instituto de Criminalística de Pernambuco. 

DEPOIMENTO DE MOTORISTA DE APLICATIVO 

O motorista de aplicativo relatou à Polícia Militar que foi abordado pelo soldado Guilherme Barros no Cabo de Santo Agostinho - pouco após o feminicídio. 

"O motorista estava indo pegar um cliente e acabou abordado pelo policial, que tirou uma arma da sacola e apontou para ele. O motorista achou que era um assalto e disse que ele (policial) poderia levar o carro, mas que não o matasse", contou a advogada do condutor, Cassandra Gusmão.

"O policial então disse que o motorista obedecesse as ordens dele. Ele entrou no carro e, com a arma apontada para o motorista, mandou ele seguir até o Pina. Foram mais de 40 minutos de terror até lá. O policial ligava para as pessoas dizendo que matou a esposa e que ia matar os inimigos antes de se matar", detalhou a advogada.

"Próximo ao batalhão, o policial pediu para o motorista parar o carro. Ele vestiu o colete (à prova de bala) e disse para meu cliente não correr se não seria morto. 'Não faça nenhum movimento'. Depois mandou ele parar perto do portão do batalhão e saiu do carro. Depois, o motorista só ouviu os tiros."

Segundo a advogada, o motorista ligou para ela desesperado. Ela orientou que ele prestasse depoimento à polícia para ajudar nas investigações e, claro, evitar que ele também fosse considerado cúmplice do episódio trágico.

O motorista foi ouvido no próprio batalhão. O depoimento é um passo importante para o andamento do inquérito policial militar. 

 

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