Promessa de campanha da governadora Raquel Lyra, as delegacias especializadas de Atendimento à Mulher em Pernambuco vão funcionar 24 horas por dia. O anúncio foi feito, nesta terça-feira (31), pela secretária de Defesa Social, Carla Patrícia Cunha.
"A governadora pediu que isso aconteça o mais rápido possível", declarou a secretária durante o seminário "Segurança Pública, Democracia e Cidadania: novos desafios, velhos problemas", promovido pelo Gabinete de Assessoria Jurídica às Organizações Populares (Gajop), em parceria com o Instituto Fogo Cruzado.
"Temos um projeto de atendimento mais humanizado nas delegacias. E o combate à violência contra a mulher é uma das prioridades dessa gestão", disse Carla Patrícia. Ela não deu prazo de quando todas as delegacias da Mulher vão estar abertas 24h.
Pernambuco conta hoje com 15 delegacias especializadas para esse público - quatro delas inauguradas em 2022. Mas somente a que fica no bairro de Santo Amaro, na área central do Recife, funciona 24h.
Há anos o fechamento das delegacias à noite e nos fins de semana é alvo de críticas. Afinal, os casos de violência doméstica são mais frequentes nesses horários - já que os agressores geralmente estão em casa.
As delegacias da Mulher localizadas em Olinda e em Paulista, ambas no Grande Recife, funcionam de segunda à sexta-feira, das 8h às 18h, e passaram a ficar abertas ininterruptamente nos sábados e domingos.
As outras unidades policiais, como as localizadas em Jaboatão dos Guararapes, Caruaru e Arcoverde, só funcionam em horário comercial.
Olinda serve de exemplo para a importância de as delegacias especializadas da Mulher estarem abertas. O município registrou recorde histórico de denúncias de violência doméstica em setembro de 2022 - menos de quatro meses após a inauguração da unidade.
No ano de 2022, a polícia somou 43.553 queixas de violência doméstica em Pernambuco. Somente no Recife, o número de denúncias chegou a 9.238.
Já no ano de 2021, foram registradas 41.203 mulheres procuraram a polícia para registrar as queixas no Estado. Na capital, foram 9.448.
Isso significa que houve 5,7% de aumento nas denúncias no Estado em 2022.
A polícia reforça que as mulheres vítimas de qualquer tipo de violência doméstica devem registrar queixa para que investigações sejam iniciadas e para que os agressões sejam punidos.
No ano passado, 72 mulheres foram vítimas de feminicídio. O número foi menor do que em 2021, quando 87 casos foram somados pela polícia.
Apesar da redução no acumulado do ano, o mês de dezembro é um alerta para a violência contra a mulher. Ao todo,oito casos de feminicídio foram registrados. Dois a mais do que em dezembro de 2021.
Para denúncias e informações, a Ouvidoria Estadual da Mulher atende gratuitamente pelo telefone 0800-281-8187. Em caso de emergência policial, a orientação é ligar para o 190.
Qualquer pessoa, como um vizinho, por exemplo, pode entrar em contato com a polícia caso perceba algum ato de violência.