Funcionário de empresa é TORTURADO E AMEAÇADO DE MORTE em Porto de Galinhas

Vítima foi agredida por cinco homens, que questionaram o que ele estava fazendo na praia e ameaçaram enterrá-lo em manguezal
Raphael Guerra
Publicado em 10/07/2023 às 8:39
Violência aconteceu após abordagem no Centro de Porto de Galinhas Foto: BRUNO CAMPOS/JC IMAGEM


O funcionário de uma empresa de serviços de impermeabilização viveu momentos de terror, na última quinta-feira (6), na praia de Porto de Galinhas, Litoral Sul de Pernambuco. Ele foi abordado por criminosos, agredido e ameaçado de morte. Ainda teve o apartamento revirado. 

Um boletim de ocorrência foi registrado na Delegacia de Porto de Galinhas, que investiga o caso. A vítima e outros dois funcionários, todos de Olinda, no Grande Recife, chegaram na praia há uma semana para fazer o serviço de impermeabilização em um edifício. Por volta das 21h da quinta-feira, quando caminhava pelo centro de Porto, aconteceu a abordagem violenta à vítima.

Segundo o funcionário, um homem não identificado se aproximou e perguntou, em tom ameaçador, o que ele estava fazendo em Porto de Galinhas. A vítima relatou que era de Olinda e que estava fazendo um serviço em um prédio. Nesse momento, segundo o depoimento, outras quatro pessoas se aproximaram e informaram que "pessoas de Olinda não eram bem-vindas".

Para a polícia, a informação indica que há uma guerra entre facções criminosas das duas localidades.

Do centro de Porto, a vítima foi cercada e levada até uma área de manguezal, onde sofreu as agressões e ameaçaram enterrá-lo no local. Sob a mira de uma arma de fogo, o homem foi obrigado e levar o grupo até o apartamento onde estava hospedado. O espaço foi revirado e, como os criminosos não encontraram nada suspeito, foram embora. Mas levaram os celulares da vítima e de outro funcionário da empresa. 

A Polícia Civil de Pernambuco informou, em nota, que "diligências foram iniciadas para identificar e localizar os suspeitos".  

FACÇÃO IMPÕE MEDO EM PORTO DE GALINHAS

No final de junho deste ano, a Polícia Civil deflagrou operação para cumprir mandados de prisão preventiva contra integrantes da facção Trem Bala, que atua na praia de Porto de Galinhas. A investigação apontou que o grupo é especializado no tráfico de drogas, comércio ilegal de armas de fogo, tortura e lavagem de dinheiro. 

Para a polícia, o grupo é bem organizado, com estrutura hierárquica e divisão de tarefas entre os membros: há "olheiros", vendedores de drogas, gerentes do tráfico, homicidas, "laranjas" que emprestam contas bancárias para a lavagem de dinheiro, chefias e líderes da organização.

A facção tem forte atuação nos municípios de Ipojuca (onde fica Porto de Galinhas), Cabo de Santo Agostinho, Sirinhaém, Itamaracá, Escada, Jaboatão dos Guararapes, entre outros.

Ao longo das investigações, foram apreendidos cerca 200 cadernos, onde constavam parte da contabilidade do tráfico de drogas. A polícia acredita que, entre o ano de 2021 e início de 2022, a facção arrecadou quase R$ 10 milhões. Além disso, o grupo gastou, no mesmo período, quase R$ 300 mil na aquisição de armas de fogo e R$ 114 mil com munições coletes a prova de bala.

O nome da Operação Manguezal Vermelho faz referência à planta mangue vermelho, vegetação típica de mangues que, quando tem sua casca raspada, apresenta uma coloração avermelhada. É uma alusão à existência de cemitérios clandestinos nas áreas de mangue nos distritos de Porto de Galinhas e Nossa Senhora do Ó, também em Ipojuca.

As investigações apontaram que vítimas do grupo violento eram torturadas, mortas e enterradas nesses locais. Os alvos, em geral, são traficantes rivais, usuários de drogas em dívidas com a facção e pessoas que praticavam crimes patrimoniais na região. Pessoas apontadas como informantes da polícia também eram mortas após serem "julgadas e condenadas" por uma espécie de tribunal do crime.

Dos 24 mandados de prisão, 14 foram cumpridos em presídios do Estado. 

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