Uma plataforma está sendo desenvolvida para traçar o perfil e rastrear as vítimas de violência doméstica e familiar em Pernambuco. O objetivo é ampliar a proteção das mulheres e evitar a reincidência de casos de ameaças e agressões, principalmente o risco de feminicídios.
Somente no primeiro semestre de 2023, de acordo com a Secretaria de Defesa Social (SDS), 25.207 mulheres registraram queixa de violência doméstica nas delegacias do Estado. A média diária é de 140 denúncias. E mesmo assim, para especialistas, o número é subnotificado porque muitas das vítimas têm medo de procurar ajuda.
"Quando assumimos a gestão (em janeiro), fomos atrás de dados mais objetivos de feminicídios, transfeminicídios, violência contra mulheres negras, lésbicas. Percebemos que os dados existem, mas que não estavam sincronizados, o que dificulta o trabalho de combate à violência", pontuou a secretária estadual da Mulher, Regine Célia, em entrevista à coluna Segurança.
Há vítimas de todas as idades, como apontam as estatísticas da SDS. Mas 58,5% delas têm entre 30 e 64 anos. Além disso, 4.841 queixas (quase 25%) foram registradas na capital pernambucana.
"Nosso ponto de partida agora é traçar o perfil das mulheres vítimas de violência, identificando por exemplo a rotina delas: se elas continuam realizando exames de saúde, se estão com emprego, se estão vivendo nas ruas. Também precisamos saber essa vítima precisa de casa abrigo, se está sendo acompanhada pela rede de proteção, se ela tem filhos, se eles estão na escola", disse a secretária.
Com a identificação dessas informações e cruzamento dos dados que serão alimentados na plataforma, o governo estadual pretende identificar como pode impactar a rotina dessas mulheres.
"Vamos observar quais políticas públicas precisam ser adotadas para dar apoio a essas vítimas. Há unidade de saúde próximo dela? Há centro de qualificação? O cruzamento dos dados vai indicar o trabalho de intersetorialidade que precisamos desenvolver, junto com as outras secretarias estaduais", explicou Regina Célia.
A tecnologia vai indicar também onde o agressor reincidente se encontra. "O nosso objetivo é chegar às mulheres antes do autor da violência", afirmou a secretária.
No primeiro semestre deste ano, 30 casos de feminicídio foram registrados em Pernambuco. No mesmo período do ano passado, foram 40.
A criação da plataforma faz parte da promessa de campanha da governadora Raquel Lyra, que garantiu que iria criar um "Observatório da Mulher" para produzir dados que indiquem quais políticas públicas precisam ser criadas.
Célia Regina disse que a plataforma passará pela aprovação da governadora antes de começar a ser alimentada com as informações produzidas pelas secretarias estaduais.
Para denúncias de violência doméstica e informações, a Ouvidoria Estadual da Mulher atende gratuitamente pelo telefone 0800-281-8187. Em caso de emergência policial, a orientação é ligar para o 190.
Qualquer pessoa pode entrar em contato com a polícia caso perceba algum ato de violência contra um conhecido (a).
O Estado conta com 15 delegacias especializadas no atendimento à mulher. Atualmente, seis funcionam 24h.
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