A Polícia Civil está mais perto de esclarecer a sequência de assassinatos ocorridos após as mortes de dois policiais militares no bairro de Tabatinga, em Camaragibe, no Grande Recife, em setembro deste ano. Nos próximos dias, uma reprodução simulada será realizada.
A coluna Segurança apurou que a chefia da Polícia Civil de Pernambuco foi informada pelo Grupo de Operações Especiais (GOE) sobre a necessidade da realização do exame. O objetivo é confrontar os depoimentos (que apresentaram contradições) e identificar quais foram verdadeiros.
PMs e outros envolvidos no caso serão intimados. Na prática, porém, eles podem não participar da simulação - afinal, como determina a lei, ninguém é obrigado a produzir prova contra si.
A data ainda será confirmada, porque estão sendo planejados os detalhes logísticos para a realização da reprodução simulada.
POLICIAIS FORAM ALVOS DE OPERAÇÃO
Em paralelo ao trabalho do GOE, o Ministério Público de Pernambuco (MPPE) também está realizando uma investigação para esclarecer a chacina de Camaragibe. No dia 24 de outubro, uma operação foi deflagrada para cumprir mandados de busca e apreensão. PMs foram alguns dos alvos.
"Foram requeridas medidas cautelares ao Poder Judiciário a fim de possibilitar uma compreensão mais aprofundada de como os fatos ocorreram e de quem deles, em tese, teve alguma participação. O cumprimento das ordens judiciais se deu dentro dos parâmetros constitucionais, foi coordenado por membros do Ministério Público e, pela sua dimensão, contou com o apoio da Corregedoria da Secretaria de Defesa Social", informou o MPPE, na ocasião.
ENTENDA A CHACINA EM CAMARAGIBE
A informação inicial repassada pela polícia, na época dos fatos, foi de que o soldado Eduardo Roque Barbosa de Santana, 33 anos, e o cabo Rodolfo José da Silva, 38, foram até o bairro de Tabatinga verificar a denúncia de que um homem estaria em cima de uma laje realizando disparos de arma de fogo, na noite de 14 de setembro.
Quando os policiais chegaram, teria ocorrido uma troca de tiros com o vigilante Alex da Silva Barbosa, que teria feito a grávida Ana Letícia Carias da Silva, de 19 anos, de escudo humano.
Os dois PMs morreram, e Alex conseguiu fugir. Além de Ana, o primo dela (um adolescente de 14 anos) foi baleado, mas sobreviveu. Em depoimento, ele contou que foi agredido pelas costas e atingido com um tiro na nuca disparado pelos policiais.
Após a morte dos militares, começou uma sequência de assassinatos de parentes de Alex na madrugada do dia 15 de setembro.
Três irmãos de Alex identificados como Ágata Ayanne da Silva, 30, Amerson Juliano da Silva e Apuynã Lucas da Silva, ambos de 25, foram baleados por volta das 2h.
Ágata transmitiu ao vivo, por meio do Instagram, o crime. Ela e Amerson morreram na hora. Apuynã faleceu após ser socorrido e encaminhado para o Hospital da Restauração, no Recife.
Por volta das 9h do mesmo dia, os corpos da mãe de Alex, Maria José Pereira da Silva, e da esposa dele, Maria Nathalia Campelo do Nascimento, 27, foram achados num canavial na cidade de Paudalho, Mata Norte do Estado.
Duas horas depois, Alex foi morto em Tabatinga. A PM alegou que houve uma abordagem e que ele teria reagido, resultando na troca de tiros.
No dia 21 de outubro, Ana Letícia faleceu no Instituto de Medicina Integral Professor Fernando Figueira (Imip), na área central do Recife, onde deu à luz o bebê.
ALEX TINHA REGISTRO DA ARMA DE FOGO
Investigações apontaram que Alex não tinha antecedentes criminais. Ele tinha direito ao uso de arma de fogo porque estava registrado como vigilante no Sistema Nacional de Armas e tinha Certificado de Registro de Arma de Fogo (Craf), indicando ser proprietário de uma pistola.