A Polícia Civil concluiu as investigações do latrocínio (roubo seguido de morte) do juiz Paulo Torres Pereira da Silva, de 69 anos, do Tribunal de Justiça de Pernambuco (TJPE). Cinco homens foram indiciados e um adolescente foi apreendido. Todos confessaram a participação, segundo a polícia.
A abordagem ao magistrado aconteceu na Rua Maria Digna Gameiro, no bairro de Candeias, Jaboatão dos Guararapes, no Grande Recife, na noite de 19 de outubro. A vítima estava a 300 metros de casa.
"Eles (suspeitos) disseram que a escolha foi aleatória. Alegaram que viram um senhor no carro, que estava com os vidros abertos, e foram fazer o assalto. Quanto à participação, todos confessaram. Houve apenas algumas divergências entre os relatos deles", revelou o delegado Roberto Ferreira, responsável pelo inquérito.
A investigação apontou que havia três adultos e um adolescente no carro usado no crime. Dois homens desceram do veículo e se aproximaram do juiz. Apenas um estava armado, com um revólver. O tiro teria sido disparado após a vítima reagir. "Ele engatou o carro (marcha a ré) para dar saída", disse Ferreira.
SUSPEITOS FORAM PRESOS
Quatro dias após o crime, três suspeitos foram presos na praia de Enseada dos Corais, no Cabo de Santo Agostinho: Kauã Vinícius Alves da Rocha, de 19 anos, Esdras Ferreira de Lima, 21, e Alcides da Silva Medeiros Júnior, 20.
Segundo as investigações iniciais, apenas Kauã teria participado da abordagem ao juiz. Os outros dois estariam descaracterizando o carro usado no crime. Este veículo, inclusive, havia sido roubado no dia 3 de outubro no Cabo de Santo Agostinho numa abordagem parecida.
Dias depois, um adolescente de 17 anos se apresentou à polícia e confessou que estava no momento do latrocínio do juiz. Ele contou que não teria saído do carro para abordá-lo.
A Justiça já analisou o caso dele e decidiu pela internação em uma unidade da Fundação de Atendimento Socioeducativo (Funase).
Em 27 de outubro, outro suspeito de 27 anos foi preso. Por fim, em 7 de novembro, a polícia capturou um rapaz de 21 anos, que teria sido o responsável pelo tiro na cabeça do juiz. Os nomes dos suspeitos não foram revelados.
Já em 9 de novembro, uma reprodução simulada foi realizada com a participação de todos os suspeitos - inclusive o adolescente.
A polícia afirmou ainda que os suspeitos são integrantes de uma associação criminosa especializada em roubos, armas de fogo e tráfico de drogas, com atuação principalmente no município do Cabo de Santo Agostinho.
VEJA VÍDEO DO MOMENTO DO LATROCÍNIO:
INDICIAMENTOS E DENÚNCIA À JUSTIÇA
A Polícia Civil informou que os cinco adultos foram indiciados pelo crime de latrocínio. Apesar de dois não terem participado efetivamente da abordagem, os investigadores entenderam que eles agiram objetivando dificultar o trabalho da polícia.
Além disso, os três que foram presos inicialmente em flagrante também vão responder pelos crimes de receptação e adulteração de sinal do veículo.
Por meio de nota oficial, o Ministério Público de Pernambuco (MPPE) confirmou que analisou o inquérito policial e remeteu à Justiça a denúncia em desfavor dos investigados. Agora o processo está em tramitação na 1ª Vara Criminal de Jaboatão.
30 ANOS DE MAGISTRATURA
Paulo Torres estava na magistratura há mais de três décadas. Antes de ser morto, atuava na 21ª Vara Cível da Capital.
Torres tomou posse na magistratura pernambucana em 25 de abril de 1989. Ele foi nomeado magistrado, em virtude de aprovação em concurso público de provas e títulos para exercer o cargo de juiz de direito, na Comarca de Verdejante.
Em 1991, Paulo assumiu a 2ª Vara da Comarca de Salgueiro. Ele também atuou como juiz das Comarcas de Serrita, São José do Belmonte, Parnamirim, Belém de São Francisco e Escada. Em 1993, o magistrado atuou na Comarca de Jaboatão dos Guararapes. Em seguida, atuou na Comarca do Cabo de Santo Agostinho.
A chegada à Comarca da Capital aconteceu em 1994. No Recife, foi juiz na 8ª Vara Cível, na 1ª Vara da Fazenda Municipal e no I Juizado Especial de Pequenas Causas do bairro do Rosarinho. Atuou também nas 1ª, 2ª, 3ª, 4ª, 5ª, 6ª, 10ª, 13ª, 16ª, 17ª e 18ª Varas Cíveis da Capital.