Exoneração de chefes das polícias às vésperas do Carnaval não é novidade em Pernambuco; aconteceu em 2017
No governo Paulo Câmara trocas foram feitas no comando da PM e da Polícia Civil a poucos dias da folia oficial
Em meio às críticas pela decisão da governadora Raquel Lyra em substituir o comandante geral da Polícia Militar e a chefe da Polícia Civil de Pernambuco às vésperas do Carnaval, é importante dizer que esse movimento não é novidade.
Em fevereiro de 2017, o então governador Paulo Câmara tomou a mesma iniciativa. Na época, o Estado já apresentada resultados muito insatisfatórios em relação aos números da violência. Tanto que, naquele ano, houve recorde histórico de homicídios.
Meses antes de trocar os titulares da PM e da Civil, Paulo Câmara substituiu o então secretário de Defesa Social, Alessandro Carvalho (hoje novamente titular da pasta), pelo delegado federal aposentado Angelo Fernandes Gioia.
O coronel Carlos D'Alburquerque foi trocado pelo também coronel Vanildo Maranhão no comando da Polícia Militar. Já o delegado Antônio Barros foi substituído por Joselito Kehrle do Amaral.
MUDANÇAS ANUNCIADAS NA SEGUNDA-FEIRA
As mudanças no comando da Polícia Militar e da Polícia Civil de Pernambuco foram anunciadas na noite da última segunda-feira (22).
O coronel Tibério César dos Santos foi substituído por Ivanildo Cesar Torres de Medeiros no mais alto posto da PM. Já a delegada Simone Aguiar foi trocada pelo também delegado Renato Márcio Rocha Leite na chefia da Polícia Civil.
Os novos nomes foram sugeridos à governadora pelo secretário de Defesa Social, Alessandro Carvalho, à frente da pasta desde setembro, quando a delegada federal Carla Patrícia Cunha foi exonerada.
É importante pontuar que o planejamento do Carnaval em Pernambuco está sob a coordenação da secretária executiva de Defesa Social, Dominique de Castro Oliveira - que permanecerá no cargo.
BASTIDORES DA QUEDA
Em relação à saída de Simone Aguiar da chefia da Polícia Civil, as informações de bastidores são de que, apesar da boa relação, o secretário de Defesa Social preferiu um delegado que tivesse mais proximidade com ele.
Já em relação à Polícia Militar, além dos índices elevados de violência, pesou contra Tibério César dos Santos o aumento das mortes por intervenções policiais e a falta de liderança para cobrar dos comandantes de batalhões a redução dos casos.
Em 2023, foram somados 120 óbitos, um crescimento de 30,43% em relação a 2022, quando 92 pessoas foram mortas.
O caso mais chocante aconteceu no começo de setembro, quando dois PMs foram mortos no bairro de Tabatinga, em Camaragibe, no Grande Recife. Logo após os óbitos, cinco familiares do suspeito de atirar os militares foram executados.
Na manhã do dia seguinte, o suspeito também foi morto a tiros. O caso está sob investigação na Polícia Civil e no Ministério Público. Em dezembro, cinco PMs foram presos por suspeita de participação na chacina, outros sete foram afastados das funções que exerciam - incluindo o comandante do batalhão da área.
Em 20 de novembro de 2023, uma ação de policiais do Batalhão de Operações Especiais (Bope) resultou nas mortes de dois homens em uma casa na na comunidade do Detran, na Iputinga, Zona Oeste do Recife.
Imagens de câmeras de segurança indicaram que os PMs invadiram o imóvel e atiraram contra as vítimas, que não teriam reagido. Os militares acabaram autuados em flagrante e seguem sob investigação.