Tomógrafo milionário que ajuda na resolução de crimes ainda está parado no IML do Recife
Equipamento foi adquirido em 2022, ao custo de R$ 1,5 milhão. SDS promete começar a usá-lo em março
O aparelho de tomografia computadorizada, que vai ajudar nas investigações de crimes de homicídio em Pernambuco, continua parado no Instituto de Medicina Legal (IML), localizado no bairro de Santo Amaro, na área central do Recife.
Com prazos descumpridos em ao menos duas ocasiões, a Secretaria de Defesa Social (SDS) agora diz que vai iniciar o treinamento dos peritos para que, em março, o tomógrafo esteja sendo utilizado em definitivo.
Conforme revelado pelo JC, o equipamento foi adquirido pela gestão Paulo Câmara a um custo de aproximadamente R$ 1,5 milhão. O investimento foi feito a partir de recursos do Fundo Nacional de Segurança Pública. Desde 2022, o equipamento foi entregue pela empresa contratada, mas permaneceu por mais de um ano guardado em galpão, porque não havia sequer estrutura física para recebê-lo no IML.
O equipamento de alta complexidade deve garantir a realização de exames de raio-x computadorizado, com imagens de melhor qualidade, para identificar os projéteis de bala nos corpos das vítimas de violência.
No ano de 2023, a polícia registrou 3.637 casos de pessoas assassinadas em Pernambuco. Em 81% das ocorrências, a arma de fogo foi utilizada na execução. O número demonstra o quanto o tomógrafo é necessário ao trabalho dos profissionais envolvidos com exames periciais e no avanço das investigações para combater a violência.
PRAZOS E PROMESSAS
A SDS havia dito que as obras da sala específica para receber o tomógrafo seriam finalizadas até o final de junho de 2023, mas o prazo não foi cumprido. Depois, a promessa dada foi de que os profissionais da Polícia Científica estariam utilizando o aparelho até o final do ano passado. Na ocasião, a pasta estadual alegou que faltava apenas "a chegada da subestação elétrica para o equipamento poder ser ligado".
No começo de janeiro deste ano, a SDS culpou a Neoenergia pelo atraso, alegando que aguardava a ligação da subestação de energia elétrica, o que já foi solucionado no dia 12 do mesmo mês.
Questionada novamente pelo JC, a assessoria da SDS informou que, de 24 a 31 de janeiro, foi concluída a etapa chamada "startup", que é a ligação elétrica do tomógrafo com a equipe da engenharia da Siemens (fabricante do tomógrafo).
Já no mês de fevereiro, de 14 a 16, estava programado o “application”, que é o treinamento oferecido pela Siemens para técnicos e médicos que irão operar a máquina.
"Nas duas semanas seguintes, haverá treinamento com os peritos para implantação dos protocolos, analises das imagens e funcionamento operacional. Após esse treinamento, em março, as tomografias começarão a ser utilizadas como recurso pericial definitivo no IML", afirmou o texto enviado ao JC.
MANUTENÇÃO DEVE CUSTAR R$ 48 MIL POR MÊS
Só para a manutenção preventiva e corretiva do aparelho de tomografia (como a reposição de peças), a SDS precisará gastar em média R$ 48 mil por mês.
Ainda no ano passado, a pasta estadual confirmou que iniciou o trâmite administrativo para contratação de empresa técnica que será responsável pelo serviço, sob o argumento de que é considerado obrigatório que equipamentos desse nível técnico em radiologia sejam submetidos a manutenções regulares preventivas e corretivas para o perfeito funcionamento e segurança da equipe.