O médico e major reformado da Polícia Militar de Pernambuco que matou o porteiro do edifício em que residia, em Boa Viagem, na Zona Sul do Recife, na última sexta-feira (16), já respondia a outro processo por acusações de crimes cometidos contra vizinhos - inclusive disparos de arma de fogo.
A coluna Segurança apurou que Carlos Frederico Cabral da Silveira foi indiciado pela Polícia Civil em outubro de 2021. De acordo com as investigações, ele teria insultado um vizinho idoso e xingado o filho dele, depois de se incomodar com o som alto.
Na mesma ação, ele teria efetuado ao menos dois tiros, que atingiram telhas da casa dos alvos. O caso foi no bairro de Santana, Zona Norte do Recife, em 29 de maio de 2020.
Na ocasião, policiais militares foram acionados e levaram vítimas e suspeito para a Central de Plantões da Capital. Em depoimento, o major negou as acusações.
Um processo administrativo disciplinar apontou que o militar, de fato, efetuou os tiros. Além disso, dificultou as investigações e teria oferecido valores em dinheiro às vítimas para que elas não comparecessem às ouvidas.
No inquérito policial, o suspeito foi indiciado por quatro crimes: disparar arma de fogo ou acionar munição em lugar habitado ou em suas adjacências; injúria; ameaça e fraude processual.
Em novembro de 2022, a Justiça aceitou a denúncia do Ministério Público de Pernambuco (MPPE). Durante todo esse tempo, o major não foi encontrado para ser intimado sobre o processo.
MAJOR AGREDIU ESPOSA, MATOU PORTEIRO E SE MATOU
Carlos Frederico foi apontado como autor do assassinato do porteiro José Washington de Santana, 53, no Edifício Monte Pascoal, localizado na Rua Tenente João Cícero.
Segundo informações iniciais, o major teria cometido o crime, na guarita do prédio, para evitar que fosse denunciado à polícia por agredir a esposa. Uma câmera de segurança filmou o momento dos tiros. Depois de matar o funcionário, o militar voltou para o apartamento onde residia e cometeu suicídio.
Confira o momento em que o Major e médico da PMPE assassina porteiro de edifício a tiros
De acordo com a ocorrência policial, o major reformado estava visivelmente embriagado e, segundo a esposa, fez uso de remédios de tarja preta. A mulher contou que o companheiro a teria agredido - quebrado seu nariz - e, por isso, fugiu de casa, juntamente com a filha, para se esconder na residência de uma vizinha.
No relato, a mulher disse acreditar que o marido achou que ela tinha descido e, nesse momento, teria matado o porteiro. Em seguida, o militar teria voltado para o apartamento até a chegada do BOPE (Batalhão de Operações Especiais da PM), que o encontrou com um tiro na cabeça.
Antes de se matar, o militar teria destruído os aparelhos celulares e atirado no notebook.
ATO EM FRENTE AO EDIFÍCIO
Nesta segunda-feira (19), representantes do Sindicato dos Trabalhadores em Condomínios realizaram um ato, em frente ao edifício, para cobrar justiça e melhores condições de trabalho para os porteiros.