Notícias sobre segurança pública em Pernambuco, por Raphael Guerra

Segurança

Por Raphael Guerra e equipe
INVESTIGAÇÃO

Corpo de jogador do Sport, morto por bala perdida, é enterrado; MPPE vai acompanhar o caso

Darik Sampaio, de 13 anos, foi atingido por dois tiros no bairro do Jordão, Zona Sul do Recife, no sábado. Testemunhas dizem que PM efetuou disparos

Cadastrado por

Raphael Guerra

Publicado em 18/03/2024 às 12:09 | Atualizado em 18/03/2024 às 13:20
Velório do corpo de Darik Sampaio, de 13 anos, vítima de bala perdida - SEVERINO SOARES/JC IMAGEM

Estarrecidos e clamando por justiça, familiares e amigos deram adeus a Darik Sampaio da Silva, de 13 anos, cujo corpo foi enterrado, na tarde desta segunda-feira (18), no Cemitério de Santo Amaro, na área central do Recife. O adolescente morreu após ser atingido por duas balas perdidas no bairro do Jordão, na noite do sábado. O caso está sendo investigado pela Polícia Civil, e será acompanhado pelo Ministério Público de Pernambuco (MPPE). 

Darik era atleta da equipe de futsal sub-14 do Sport Club do Recife. Ele estava conversando com duas amigas, na calçada da casa de uma delas, quando houve uma perseguição policial na Rua Professora Arcelina Câmara. Testemunhas disseram que os tiros foram disparados por policiais militares. Darik foi atingido na perna e no quadril. Marcas de tiros foram encontrados em paredes de residências e veículos. 

No velório, muito abalado, o pai do garoto cobrou justiça. "Minha vida se foi, acabou. Vamos lutar para que a morte do meu filho não fique impune. Os responsáveis precisam pagar", disse o técnico em eletroeletrônica Davison José da Silva. 

Velório do corpo de Darik Sampaio, de 13 anos, vítima de bala perdida. Na foto, o pai dele, Davison José da Silva - SEVERINO SOARES/JC IMAGEM

Leila Tavares, professora de português e coordenadora do Colégio Instituto Brasília, onde Darik estudava, estava inconsolada. 

"Foi meu aluno por três anos. Era uma criança maravilhosa, doce, boa com todo mundo. Sempre animado, sempre perguntava se a gente estava bem, se a gente queria um abraço. A gente está muito abalado, mas a família está passando uma dor muito maior", afirmou, em entrevista à TV Jornal

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VERSÃO DA POLÍCIA

Apesar da gravidade do caso, a Polícia Militar de Pernambuco se pronunciou apenas por nota oficial. No texto, disse que equipes do 6º Batalhão foram acionadas por uma senhora relatando o roubo de seu veículo, cujo rastreamento indicava a localização no bairro do Jardim Jordão, em Jaboatão dos Guararapes.

"Durante o deslocamento, os policiais avistaram o veículo em fuga, sendo acompanhado por outro veículo. Ao perceberem a aproximação das viaturas, os suspeitos ignoraram as ordens de parar e empreenderam fuga em alta velocidade. O acompanhamento culminou em uma rua sem saída no bairro do Jordão, no Recife, onde os suspeitos colidiram os veículos, desembarcaram e começaram a disparar contra os policiais, que reagiram", disse a PM.

Em entrevista à TV Globo, uma testemunha afirmou que o carro usado por suspeitos estava com o vidro fechado e que eles não teriam disparado tiros. "Quando eu vi a perseguição, vi o carro já derrapando pneu na ladeira. O carro que estava fugindo. Eu vi que ele estava com o vidro fechado."

Segundo a corporação, dois suspeitos conseguiram fugir, enquanto dois foram detidos. Um foi ferido por tiro e o outro por escoriações devido a uma colisão. Ambos foram encaminhados à UPA da Imbiribeira. Mas o suspeito ferido à bala foi transferido para o Hospital da Restauração, onde segue custodiado. 

"Foi realizada a revista veicular e no interior dos veículos foram encontradas duas armas de fogo, uma calibre 12 e um revólver calibre .38", informou a PM. 

Em relação ao adolescente, a Polícia Militar disse que fez o socorro para a policlínica, mas não confirmou se algum policial assumiu a responsabilidade pelos tiros que atingiram a vítima.  

A 3ª Delegacia do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) está investigando o caso. 

Por se tratar de uma morte decorrente de intervenção policial, o Grupo de Atuação Conjunta Especializada (GACE) e Controle Externo do MPPE vai também acompanhar para garantir mais agilidade e transparência à investigação. 

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