O caso da adolescente de 15 anos que foi estuprada pelo irmão e torturada pelos pais no bairro do Ibura, Zona Sul do Recife, é chocante e revoltante. E demonstra que esse tipo de crime segue sendo subnotificado, porque muitas vítimas não conseguem pedir socorro para se livrarem de tantas violências sofridas em casa.
O recente Anuário Brasileiro de Segurança Pública indicou que 61,7% dos abusos sexuais no Brasil ocorrem dentro das residências. Mais de 88% das vítimas são meninas. Além disso, pouco mais de 61% têm até 13 anos.
A vítima da violência sexual no Ibura só conseguiu quebrar o ciclo de violência porque contou com a ajuda de uma professora, segundo a Polícia Civil. A docente não só ouviu todo o relato da adolescente, como fez questão de acompanhá-la até a delegacia para o registro da queixa.
A docente não só demonstrou coragem, como reforçou o importante - e necessário - papel da escola para identificar e denunciar os casos de violência sexual.
O combate a esse crime não é só papel da polícia. Precisa ser uma luta que envolva parentes, vizinhos, mas sobretudo as instituições de ensino - visto que a maioria esmagadora das vítimas têm idades inferiores a 13 anos.
SINAIS
Identificar os sinais e atuar de forma imediata é essencial para minimizar os danos causados por esse tipo de violência.
A primeira dica, conforme orienta a Secretaria da Criança e Juventude de Pernambuco (SCJ-PE), é observar possíveis mudanças de comportamento: alterações bruscas no comportamento, como retraimento, agressividade, medo excessivo ou comportamento autodestrutivo.
Problemas emocionais, como depressão, ansiedade e pesadelos frequentes, são outro indicativo de que algo está errado e precisa da avaliação de um especialista. Dificuldades escolares, com queda no desempenho escolar, evasão escolar ou recusa em ir à escola, também são sinais relevantes.
É necessário, ainda, observar se há um comportamento sexual inapropriado para a idade ou conhecimento sexual avançado.