Gusttavo Lima: MPPE pede arquivamento de investigação sobre venda de avião do cantor
Em novo parecer, promotores dizem que Polícia Civil não apresentou apresentou provas de crime de lavagem de dinheiro. Justiça ainda vai se posicionar
Em novo parecer encaminhado à Justiça, o Ministério Público de Pernambuco (MPPE) pediu o arquivamento da investigação que indiciou o cantor sertanejo Gusttavo Lima pelos crimes de organização criminosa e lavagem de dinheiro. O inquérito é relacionado à Operação Integration, que também teve como alvo a advogada e influenciadora digital Deolane Bezerra.
A coluna Segurança teve acesso à íntegra do parecer do MPPE. O documento, assinado por cinco promotores, destaca que a investigação da Polícia Civil de Pernambuco indiciou Gusttavo Lima com base em supostos indícios de lavagem de dinheiro relacionados à venda e devolução da aeronave Cessna Aircraft, modelo 560XLS, que pertencia ao cantor, para o empresário Darwin Henrique da Silva, dono da Esportes da Sorte - principal alvo da Operação Integration.
A investigação apontou que a aeronave foi vendida por meio da empresa de Gusttavo Lima, Balada Eventos e Produções Ltda, e que, posteriormente, ela foi devolvida por apresentar problema na turbina. Apesar disso, a mesma aeronave foi vendida novamente para os donos da casa de apostas Vai de Bet - também alvo da operação.
A Polícia Civil argumentou que houve movimentações milionárias suspeitas nessas transações e que elas indicavam o crime de lavagem de dinheiro. O MPPE discordou dessa tese.
"A realização desses negócios, todos documentados e com as respectivas movimentações bancárias registradas, a toda evidência, não demonstram a prática de crimes de lavagem de dinheiro pelo investigado Nivaldo Batista Lima (Gusttavo Lima), ante a ausência de elementos que demonstrem: ocultação ou dissimulação de valores e/ou bens; o dolo, consistente no prévio conhecimento de que os valores pagos pelo investigado Darwin Henrique da Silva Filho para aquisição da aeronave eram provenientes da infração penal; e o especial fim de agir, qual seja, o propósito de ocultar ou dissimular a utilização dos ativos", pontuou o parecer do MPPE.
O documento destacou ainda que "ao concluir que essas transferências bancárias configurariam o crime de lavagem de dinheiro, a autoridade policial não menciona os aspectos objetivos e subjetivos elementares da tipologia. Em verdade, nada foi apurado em relação a isso".
Caberá à juíza Andréa Calado da Cruz decidir se concorda com o parecer do MPPE e determina o arquivamento do processo.
MPPE PEDE QUE OUTRA INVESTIGAÇÃO VÁ PARA A PARAÍBA
Em relação a indícios de lavagem de dinheiro entre a empresa de Gusttavo Lima e a Vai de Bet, que pertence aos empresários José André da Rocha Neto e Aislla Sabrina Truta, o MPPE voltou a afirmar que essa investigação precisa ser conduzida para a Comarca de Campina Grande, na Paraíba, onde fica a sede da casa de apostas.
Os promotores argumentaram, por exemplo, que, no curso da investigação, não foram encontradas provas que apontem para ligações entre as empresas Esportes da Sorte e Vai de Bet.
IMPASSE SOBRE A OPERAÇÃO INTEGRATION
Em relação ao inquérito da Operação Integration, o MPPE declarou à Justiça que ainda aguarda o resultado de diligências complementares solicitadas à Polícia Civil para decidir se pede o arquivamento do inquérito ou denuncia os investigados.
Mas, procurada pela coluna, a Polícia Civil de Pernambuco informou que desde o dia 9 de outubro "já finalizou as diligências solicitadas e encaminhou ao Ministério Público de Pernambuco".