Bairro do Recife terá leitores de placas para identificar veículos roubados
Projeto-piloto, que pretende diminuir a forte sensação de insegurança e abandono na área central, deve começar no primeiro semestre de 2025
Em meio ao forte sentimento de abandono e de insegurança no Centro do Recife, a prefeitura promete novas ações - com mais tecnologia - para tentar inibir os crimes. Uma delas é a instalação de câmeras com leitores de placas para identificar e impedir que veículos roubados ou furtados entrem no Bairro do Recife.
A implementação, fruto de uma parceria com a Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), deve começar em caráter de projeto-piloto no primeiro semestre de 2025, segundo a chefe do Escritório de Gestão do Centro do Recife, Ana Paula Vilaça.
"É um projeto chamado Muralha Digital que vai ser implementado, pegando do Recife Antigo até o Hotel Marina. Isso é um teste, um projeto-piloto para que a gente possa expandir. Já está em andamento, na fase das tratativas formais, inclusive câmeras de videomonitoramento (instaladas na localidade) fazem parte disso", declarou.
Ana Paula concedeu entrevista à coluna Segurança, nesta terça-feira (17), durante evento de balanço de ações do Recentro, no Gabinete Português de Leitura, realizado no bairro de Santo Antônio, área central do Recife.
A promessa do uso da tecnologia de leitores de placas de veículos foi feita durante a campanha à reeleição do prefeito João Campos.
Segundo a gestora, caberá ao Centro de Operações do Recife (COP) o acompanhamento das imagens e alertas se algum veículo roubado ou furtado tentar entrar no Bairro do Recife.
O governo estadual também pretende adquirir softwares com leitores de placas para usar nas futuras câmeras de videomonitoramento. A previsão era de implementar a tecnologia no Estado ainda em 2024, mas atrasos no processo de licitação impediram. A empresa que vai assumir a responsabilidade ainda será definida.
COBRANÇA POR MAIS SEGURANÇA NO CENTRO
Na entrevista, a gestora também foi questionada sobre a necessidade de ações de segurança em relevantes pontos do centro, como no entorno do Pagode do Didi, que recebeu o título de Patrimônio Cultural Imaterial do Recife em julho deste ano.
Nas noites de sexta-feira, o espaço tem um alto número de pessoas, mas permanece sem policiamento e sem a presença da Guarda Municipal, conforme relatos dos frequentadores.
A preocupação aumentou após um homem ter sido assassinado a tiros no começo da madrugada de 3 de agosto, quando o movimento no local ainda era intenso. Nas semanas seguintes, o número de frequentadores caiu consideravelmente.
"No Pagode do Didi, a gente participou diretamente da regularização (no começo do ano). A gente vem prestando todo esse suporte, tanto nos órgãos de licenciamento como na questão da segurança, para atrair mais visitantes, mais pessoas. A gente já está com a Guarda (Municipal) lá atuando", argumentou Ana Paula Vilaça.
RUAS ESCURAS E MORTES EM ASSALTOS
Duas mortes em assaltos, durante o ano, tiveram forte repercussão e expuseram a violência no Centro do Recife. A mais recente foi a do sushiman Michel Jung Loureiro Júnior, de 26 anos. Ele seguia em direção ao terminal do Cais de Santa Rita, por volta das 22h30 de 13 de novembro, quando foi abordado por criminosos.
Michel Júnior teria reagido ao assalto e acabou esfaqueado na calçada do Fórum Thomaz de Aquino, no bairro de Santo Antônio. Ele morreu no local. Dias depois, a polícia conseguiu capturar os três suspeitos pelo crime.
Pouco mais de seis meses antes, quem também foi vítima da violência foi o estudante Gean Carlos Lopes Júnior, de 20 anos, esfaqueado durante assalto a ônibus no cruzamento das avenidas Guararapes e Dantas Barreto, no mesmo bairro.
"A questão da segurança foi o principal ponto apontado em todas as pesquisas e diagnósticos que nós fizemos. A gente criou um comitê integrado de segurança com prefeitura, Guarda Municipal, Polícia Militar e Polícia Civil para que a gente tratasse de forma conjunta todas as questões relativas à segurança", afirmou Ana Paula.
Uma das iniciativas, de acordo com ela, foi a criação de uma "operação" para estimular o registro de queixas de crimes.
"A gente tem estimulado as pessoas a fazerem os boletins de ocorrência, porque a polícia só age se tiver a notificação. A gente também tem uma parceria muito forte com os comerciantes, com espelhamento das câmeras privadas das lojas para a Guarda e para a polícia", completou.
BALANÇO DE AÇÕES
Durante evento sobre o Recentro, um site também foi lançado para que a população possa acompanhar as ações que estão sendo implementadas no Centro do Recife. O endereço é https://recentro.recife.pe.gov.br.