PM que matou motoqueiro de aplicativo em Camaragibe por causa de R$ 7 vira réu
Venilson Cândido da Silva, de 50 anos, filmado atirando em Thiago Fernandes Bezerra, 23, responde por homicídio qualificado. Ele está preso no Creed
O sargento Venilson Cândido da Silva, de 50 anos, que matou a tiros o motoqueiro de aplicativo Thiago Fernandes Bezerra, 23, em Camaragibe, no Grande Recife, virou réu. A Justiça aceitou a denúncia do Ministério Público de Pernambuco (MPPE) nesta terça-feira (17).
Segundo a investigação, Venilson matou o motoqueiro após não pagar uma corrida de R$ 7, em frente ao Condomínio Real Garden, no bairro de Santa Mônica, na tarde de 1º de dezembro. O policial militar chegou a fugir do local, mas foi capturado por populares e espancado ao entrar em um ônibus.
Após ser autuado em flagrante, o sargento foi preso preventivamente no Centro de Reeducação da Polícia Militar (Creed), em Abreu e Lima, por determinação da Justiça.
"Percebe-se a periculosidade em concreto do agente diante da forma brutal que agiu em face da vítima dos autos (...) no desenrolar da discussão, Venilson recuou dois passos, criando uma distância segura entre ele e a vítima. Em seguida, sacou uma arma de fogo e a direcionou em direção a Thiago Fernandes. Este, ao perceber a gravidade da situação, parou e ergueu os braços", pontuou a decisão judicial, obtida em primeira mão pela coluna Segurança.
"Mesmo tendo a vítima parado ao verificar que o imputado sacara uma arma de fogo, Venilson, de forma fria e deliberada, disparou contra o peito de Thiago, o que resultou em sua queda ao solo, gravemente ferido. Em seguida, o denunciado, agindo calmamente, guardou a arma na cintura, observou a vítima agonizando no chão, devolveu o seu o capacete, colocando-o ao lado de Thiago, e entrou em sua residência sem prestar qualquer tipo de socorro", disse outro trecho da decisão.
Além de tornar o sargento réu por homicídio qualificado (motivo fútil), a decisão judicial também manteve a prisão preventiva dele.
"Deve-se considerar, ainda, que as imagens em vídeo do momento do crime deixam claro que a vítima não representava qualquer ameaça, afastando a alegação de legítima defesa e reforçando o dolo homicida na conduta do denunciado. Diante dos fatos narrados, verifico que assiste razão à autoridade policial, convenço-me de que a prisão do acusado se afigura estritamente necessária e adequada", pontuou outro trecho.
O advogado do sargento, Ernesto Cavalcanti, afirmou que vai solicitar à Justiça a liberdade provisória dele.
"Ele não oferece risco à sociedade. Trata-se de um policial com uma conduta ilibada, com 30 anos e seis meses de serviços prestados à polícia, sem nenhuma macula. Amanhã (nesta quarta-feira), vamos dar entrada no habeas corpus", disse.
SARGENTO INVESTIGADO PELA CORREGEDORIA
Além do processo criminal, o sargento também responde a um processo administrativo disciplinar, sob a responsabilidade da Corregedoria da Secretaria de Defesa Social (SDS).
Ele também está afastado das funções públicas por 120 dias por determinação do secretário estadual, Alessandro Carvalho.
Na decisão pelo afastamento do policial militar, o gestor afirmou que o objetivo é "garantir a ordem pública, a instrução regular do processo disciplinar e a viabilização da correta aplicação de sanções disciplinares, já que recai sobre ele indícios de práticas de atos incompatíveis com as funções públicas".