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Notícias sobre segurança pública em Pernambuco, por Raphael Guerra

Segurança

Por Raphael Guerra e equipe

Jornalismo e informações exclusivas sobre polícia, segurança e violência

Secretário diz que chaveiros são 'câncer' em presídios de Pernambuco: 'Herança da falta de efetivo'

Em entrevista exclusiva, Paulo Paes falou sobre corrupção no Presídio de Igarassu, combate aos chaveiros e mudanças nas novas unidades prisionais

Publicado em 20/03/2025 às 10:54
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Prestes a completar um mês da operação que prendeu oito policiais penais por corrupção no Presídio de Igarassu, incluindo um ex-diretor, o secretário estadual de Administração Penitenciária e Ressocialização, Paulo Paes, concedeu entrevista exclusiva à coluna Segurança e classificou a figura dos chaveiros como um "câncer" no sistema prisional de Pernambuco. 

"Na verdade, isso eu trato como um câncer. É herança de falta de efetivo nas unidades prisionais. Todas as unidades prisionais novas não terão mais a figura do chaveiro. É palavra da gestão. E nós vamos avançar para mais duas unidades antigas do Estado e acabar com isso", disse o gestor. 

O esquema de corrupção no Presídio de Igarassu foi descoberto a partir da apreensão do celular do presidiário Lyferson Barbosa da Silva. Ele era chaveiro, ou seja, liderava e ditava regras em um dos pavilhões da unidade, que atualmente é a mais superlotada e precária do Estado.

Diálogos encontrados no aparelho do detento mostraram que policiais penais liberavam a entrada de celulares, drogas, garotas de programa e bebidas alcoólicas, em troca de dinheiro e outros tipos de propina. O ex-diretor, Charles Belarmino de Queiroz, também foi flagrado nas conversas. Ele e mais sete foram presos preventivamente pela Polícia Federal. 

"Não compactuo nada daquilo que ocorreu dentro de Igarassu. A gente tem uma gestão pautada de muita seriedade e enfrentamento da corrupção. A gente tirou toda a gestão, afastou o pessoal lá diante de fatos que supostamente a gente via falar, antes mesmo da operação. É uma situação muito complicada", afirmou Paulo Paes. 

"A Polícia Federal fez um trabalho muito cirúrgico ali dentro, importante para o sistema penitenciário. Foi um divisor de águas para mostrar que quem pensar em continuar a fazer alguma coisa errada será tratado dessa forma. A gente vai tratar da forma muito dura", completou. 

Paes reiterou que o combate à corrupção no sistema prisional tem sido um dos principais focos da atual gestão. 

"No ano passado, nós demitimos seis servidores, todos os policiais penais. Nós já temos mais servidores esse ano que vão ser encaminhados para a questão de demissão."

DÉFICIT DE POLICIAIS PENAIS NO ESTADO

Relatório do Ministério Público Federal (MPF) encaminhado à Polícia Federal, no começo da semana, para contribuir com as investigações de irregularidades no Presídio de Igarassu reforçou as denúncias de superlotação, falta de estrutura e sobretudo de policiais penais para tirar o poder das mãos dos detentos. 

Em entrevista, o secretário estadual reconheceu o déficit de profissionais da segurança, mas afirmou que novos serão nomeados a partir da inauguração de unidades prisionais - o que deve acontecer até o começo do segundo semestre.

"A gente teve uma nomeação de quase 700 policiais penais em 2023 e 2024. Nós temos mais 635 para serem nomeados. As novas unidades estão vindo e consequentemente as nomeações vão sair", declarou. 

"Se a gente tivesse pego essa efetivo e pulverizado em todas as unidades prisionais, a gente não resolveria o problema [dos chaveiros]. Porque para 25 unidades prisionais, para pegar 600 e pulverizar, eu não consigo avançar tanto. Vamos começar um novo trabalho nas novas unidades", disse Paes.

Guga Matos/JC Imagem
"No ano passado, nós demitimos seis servidores, todos os policiais penais. Nós já temos mais servidores esse ano que vão ser encaminhados para a questão de demissão", afirmou Paulo Paes - Guga Matos/JC Imagem

Segundo o secretário, a unidade de Tacaimbó, no Agreste do Estado, não conta mais com chaveiros, após a implementação de procedimentos de segurança e aumento de efetivo.

"Hoje nós temos alvos prioritários do sistema penitenciário presos lá dentro, sem nenhum contato telefônico. O Presídio de Itaquitinga 2 a gente também começou esse trabalho. Isso foi outro grande avanço", argumentou. 

ATRASO NA OCUPAÇÃO DO NOVO PRESÍDIO DO COMPLEXO DO CURADO

Conforme revelado pela coluna, na semana passada, o Presídio Policial Penal Leonardo Lago, que compõe o Complexo Prisional do Curado, na Zona Oeste do Recife, seguia desocupado três meses após a inauguração oficial. 

O secretário afirmou que o atraso ocorreu por causa de falhas estruturais encontradas na unidade, com capacidade para 954 vagas. 

"A unidade foi entregue, mas teve alguns problemas com relação à questão de estrutura. Foram vazamentos de cela, algumas portas que não estavam funcionando. Então a gente chamou a empresa e deu um tempo para corrigir. Isso é até questão de responsabilidade com dinheiro público", explicou. 

"As falhas estruturais foram corrigidas até por motivo de segurança. A gente já colocou alguns presos lá dentro. É uma unidade que vai trabalhar de uma forma muito rígida, com os alvos prioritários", complementou. 

 

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