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Como a pandemia deve aumentar os preços das passagens aéreas

Antes do início da pandemia, as empresas de aviação comercial viviam uma década de ouro. Foram mais de dez anos sem prejuízos, com crescente número de passageiros e de voos pelo mundo

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Guilherme Ravache

Publicado em 20/04/2021 às 13:11
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Os preços das passagens podem cair em 2021, mas prepare-se para grandes aumentos, principalmente em voos internacionais, com o fim da pandemia. E espaços ainda menores para quem viaja de econômica.

Antes do início da pandemia, as empresas de aviação comercial viviam uma década de ouro. Foram mais de dez anos sem prejuízos, com crescente número de passageiros e de voos pelo mundo. Mas em poucos dias a pandemia fez o que parecia impossível e cancelou praticamente todos os voos ao redor do mundo.

À medida que mais pessoas são vacinadas e países se livram do Covid-19, aumenta o número de voos ao redor do mundo. Os Estados Unidos é um exemplo. Inclusive, diversas companhias aéreas planejam reduzir as tarifas para incentivar os viajantes a voltar a voar.

Mas o retorno dos passageiros pode ser ilusório. O CEO da Delta, uma das maiores companhias aéreas do mundo, projetou que as viagens de negócios voltarão a 70% do seu nível pré-pandemia em 2023. O que irá acontecer com os demais 30% ele não explicou.

O problema é que boa parte dos lucros de um voo são pagos por uma pequena minoria. Você pode até não gostar de ter de ir no fundo enquanto alguns privilegiados vão na executiva ou na primeira classe. Mas ao pagarem três, cinco, dez vezes mais por uma passagem em comparação à uma poltrona na econômica, essa elite subsidia o custo dos passageiros que pagam menos.

E a verdade é que boa parte dos voos em executiva, e até na primeira classe, é paga por empresas. Milhões de executivos rodavam o mundo fechando negócios, podendo estar em diversos países em uma mesma semana, voando tranquilamente em suas confortáveis poltronas pagas por seus empregadores.

Embora os viajantes a negócios representem apenas 10% dos que viajam, eles geram entre 55% a 75% da receita da companhia aérea, porque reservam os assentos premium e, muitas vezes, de última hora, conforme relatado pelo The New York Times.

Sem esses viajantes mais abastados, para fechar a conta do voo, as companhias aéreas eventualmente terão que cobrar mais da econômica, devido à redução esperada nas viagens de negócios. Ou ainda, colocar mais pessoas no mesmo avião, o que significa reduzir ainda mais o espaço para caberem mais poltronas.

Outra provável consequência é a redução do número de rotas e a compra de empresas menores e locais por multinacionais com caixa mais robusto. Hotéis, empresas de aluguel de carros e toda a indústria de viagens que foca nos viajantes de negócios deve ter tempos difíceis.

Já escrevi aqui que o uso do Zoom e outras tecnologias de videoconferência não vão sumir mesmo com o fim da pandemia. Por sinal, minha aposta é que seu uso seguirá crescendo.

Após mais de um ano de pandemia, fica cada vez mais claro que muitas das viagens que fazíamos a negócios não tinham sentido. Cruzar o mundo para assinar um contrato é tão anos 2019… Acho pouco provável que os donos do dinheiro nas empresas queiram gastar as fortunas com passagens e hotel como no passado.

Além de estarmos mais habituados a nos falar por vídeo, há uma série de invenções sendo lançadas para tornar a experiência a distância ainda melhor. De robôs com câmera e rodas que você controla do seu computador até óculos de realidade virtual. E também o bom e velho vídeo pelo WhatsApp ou Facetime se tornou ferramenta para visitas a fábricas. Cresce o número de pessoas que faz tour por meio de vídeo em celular. Alguém segura a câmera e vai andando, falando e mostrando. Quer ver um detalhe, é só pedir para quem segura o celular.

Bom, dependendo do seu orçamento, no futuro, conhecer a Europa usando a câmera de um robô ou um óculos de realidade virtual será mais acessível do que voando até lá. Mas a experiência não será a mesma! É verdade, e no mundo dos negócios a experiência também não será a mesma. Nada será como antes após essa pandemia. Não voltaremos ao normal de 2019, viveremos o novo normal.

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