O arquipélago de Fernando de Noronha será reaberto ao público geral no próximo sábado (10). Mas quem pensa em ir à ilha ainda durante a pandemia precisa encarar pelo menos dois obstáculos: a limitação de voos, com consequente alta de preços dos bilhetes aéreos, e a burocracia, devido à necessidade de apresentação de exames como parte dos protocolos de enfrentamento à covid-19.
No caso das passagens, para outubro, as poucas que restam tanto pela Azul quanto pela Gol custam mais de R$ 2 mil cada trecho a partir do Recife. Em novembro, bilhetes de ida e volta ainda são encontrados a partir de R$ 3 mil.
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A restrição da quantidade de frequências aéreas foi determinada pelo governo de Pernambuco através da portaria 055/2020 publicada no Diário Oficial do Estado na sexta-feira (2). A partir de 10 de outubro serão permitidos sete voos semanais. Um mês depois, o número sobe para 17, chegando a 24 voos de 10 de dezembro em diante. As companhias também terão que obedecer a um quantitativo de frequências para os dias da semana: nas segundas, terças, quartas e sábados, só são permitidos até três voos diários. Nas quintas, sextas e domingos, serão quatro.
PROTOCOLOS
Além de encontrar uma passagem e se dispor a pagar caro por ela, para entrar na ilha, o turista terá que realizar, 24 horas antes da viagem, o teste RT-PCR (nariz e garganta), que custa entre R$ 150 e R$ 380, dependendo do laboratório. Em três deles consultados no Recife (Genomika, HLA e Cerpe), o prazo mínimo formal para obtenção do resultado varia de 48 horas a três dias úteis. A entrega no mesmo dia pode ocorrer como exceção, mas não é garantida.
Sem o resultado, o visitante embarca, desde que comprove ter feito o teste na véspera do embarque. No entanto, terá que cumprir isolamento na pousada até saber se realmente não está contaminado. O envio dos documentos é feito pelo site Sou Noronha durante o processo de pagamento da Taxa de Preservação Ambiental (TPA), que custa a partir de R$ 75,93 (primeiro dia). Após a análise da documentação, a administração da ilha envia a autorização de embarque à companhia aérea, que disponibiliza o check-in, inclusive online.
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Uma vez em Noronha, é preciso baixar o aplicativo Dycovid (Dynamic Contact Tracing), que alerta sobre riscos de contaminação e ajuda a rastrear a doença. Um esquema especial também está sendo montado no aeroporto para recepcionar os turistas, fazer o controle e garantir o distanciamento.
Na volta para casa, será necessário se submeter a novo teste RT-PCR, desta vez custeado pelo governo do Estado. Quem passar mais de cinco dias na ilha será obrigado, ainda, a repetir o exame no quinto dia, também com custos cobertos pela administração.
O périplo quase desanima a dentista goiana Renata Almeida, 35 anos, que chegou à ilha na última quinta-feira (1º). Por enquanto, só quem teve covid-19 está autorizado a ingressar em Noronha. "Precisei enviar a sorologia para IgM (detecta anticorpos relacionados a infecções recentes) e depois me pediram também para IgG (indica que a infecção se deu há mais tempo), mas no fim não recebi confirmação por e-mail se poderia viajar. Até o último momento, foi uma tensão", relata a turista. Pelo menos a paisagem compensa o estresse: "Noronha é um sonho", encanta-se Renata.
A Administração do arquipélago diz que o caso foi pontual e que o correto é os visitantes serem informados sobre a liberação da viagem.
BOLETIM
Ainda de acordo com a administração, dois novos casos de covid-19 foram registrados entre os passageiros que desembarcaram na ilha no último sábado (26). Os pacientes permanecem em isolamento, cumprindo quarentena. Dessa forma, segundo boletim publicado na noite da sexta-feira (2), subiu para 121 o número total de registros em Fernando de Noronha, sendo 74 na ilha, incluindo os 46 identificados pelo estudo epidemiológico em curso no arquipélago, e 47 casos importados.
TURISMO EM NORONHA
Taxa da ocupação hoteleira: 83,2%;
Permanência média: 4 dias;
Fluxo Global de turistas: 106.130 mil, deste total 91,74% é nacional e 8,26% é internacional;
Fernando de Noronha é o 4º destino mais visitado pelos turistas internacionais em Pernambuco;
Principais destinos emissores nacionais: São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Paraná e Rio Grande do Norte;
Principais destinos emissores internacionais: Argentina, Estados Unidos, Portugal, Chile e Espanha.
Fonte: Setur - Dados de 2019
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