Após ser adiado para meados de junho ou julho por conta da pandemia do coronavírus, o prestigiado Festival de Cannes recebeu uma proposta inusitada, para dizer o mínimo. A Consequence of Sound revelou que o site de filmes adultos YouPorn propôs ajuda para transmitir online os filmes selecionados pelo festival, "garantindo uma estreia impactante para os filmes selecionados.
O Vice-presidente do site, Charlie Hughes, fez a proposta para Pierre Lescure, presidente de Cannes, por e-mail. Hughes afirmou estar acompanhando de perto a discussão sobre a realização do festival neste ano e oferece a alternativa: transmitir os filmes selecionados em uma seção especial do site, considerado um dos mais visitados do mundo.
"Nós temos uma infraestrutura robusta já pronta para o streaming de conteúdo em larga escala e estaríamos felizes em ajudar a manter este estimado evento nos trilhos de seu planejamento inicial", diz a mensagem. Trata-se da primeira vez na sua história de 73 anos que o festival é adiado.
Cannes custa caro. Financiado em parte pelo governo francês, em outra pelos patrocinadores, o festival é orçado em cerca de 30 milhões de euros (cerca de R$ 166 milhões). São 40 mil pessoas entre as credenciadas para participar do festival, além dos que se reúnem para ver as estrelas ou apenas desfrutar da atmosfera que anima a avenida Croisette. São elementos de peso na responsabilidade de seus organizadores, que evitam fazer anúncios mais fatalistas.
Quando a epidemia começou a impactar a França, cancelando o grande evento televisivo MipTV, também realizado em Cannes, a organização ainda não falava em qualquer mudança. Com o primeiro decreto de restrição de público pelo governo francês, proibindo eventos com mais de 5 mil pessoas, a postura permaneceu a mesma. Era alegado que o maior número de pessoas em uma exibição do festival era de 2,300 pessoas, mas não levavam em conta as atividades ao redor. Outro decreto colocou a restrição para eventos com mais de 1000 pessoas. Apenas na semana passada, o festival falou sobre o adiamento, quando não tinha mais para onde ir.