A médica anestesista Thelma Assis foi eleita a vencedora do Big Brother Brasil 20, da TV Globo, com 44,10% dos votos. O resultado foi anunciado no fim da noite desta segunda-feira (27), em uma final especial, com todos os participantes assistindo de casa devido ao isolamento social para prevenir o Covid-19.
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Num resultado surpreendente, a cantora Manu Gavassi ocupou a terceira posição com 21,9% dos votos, seguida da influenciadora digital Rafa Kalimann com 34,81% dos votos. Momentos antes do anúncio, o que parecia ser ato falho, o público achou que o apresentador Tiago Leifert vazou, sem querer o nome da campeã [mas foi apenas um erro de áudio do microfone]. Todavia, o público, de fato, nem ligou. O resultado final foi tão comemorado quanto.
Médica por profissão e passista de escola de samba nas horas vagas, Thelma tem 35 anos de idade e mora em São Paulo. Foi a única participante anônima que chegou à final, já que a temporada foi divida entre inscritos (Pipoca) e famosos (Camarote). Ao longo do programa, foi líder duas vezes e foi indicada à quatro paredões.
A vitória de Thelminha - como o público a chamava - foi mais que justa pelo seu histórico de vida. Pelo poço de representatividade que carrega consigo com um sorriso sempre alegre no rosto: mulher, preta, adotada, mas que não usou isso como para ser "vitimista", mas sim, como um exemplo de "superação". E bem como falou Tiago Leifert ao anunciar seu nome como vencedora, "num BBB histórico como esse - fenômeno de público, audiência e repercussão - nada mais justo que uma vitória histórica".
O Big Brother Brasil 20 saiu de cena com um impacto enorme na sociedade em tempos tão difíceis. Em tempos tão complexos de pandemia, em que todo o entretenimento de massa foi suspenso por questões de saúde, o reality show da Globo que se manteve firme, e ainda esticado por mais 4 dias, fez com que o público gritasse, torcesse e brigasse nas redes sociais. Todos os seus 20 participantes, dadas as devidas proporções, formaram um elenco de muita personalidade, seja para questões positivas, e também negativas. Ao carregar o nome de "edição histórica" por ser a vigésima temporada, muitos duvidavam do êxito, principalmente vindo de uma temporada tão inexpressiva como o BBB 19.
A vitória de Thelma também confirmou algo que foi se mostrando ao longo da temporada: o BBB20 tinha mesmo que ser feminino. Eram as mulheres que mais venciam as provas de liderança. Foram elas que questionaram os homens da casa, colocando o machismo - e palavras como "sororidade" - nas rodas de discussão. Falaram e protagonizaram situações de relacionamento abusivo, bem como levantaram questões polêmicas como racismo e assédio. Sim, o BBB é um programa de entretenimento acima de tudo, mas acabou tendo um certo papel social ao colocar - dentro de seus limites e de maneira bem primária, claro - esses dilemas da vida real em debate.
O fato é que o BBB20, que encerrou sua trajetória após 97 dias, teve um final bastante feliz com a vitória de Thelma e celebrado pela grande maioria. Para a TV Globo, mais um sucesso: a audiência deste desfecho extrapolou a casa dos 30 pontos. Para o público que acompanhou o programa, um misto de saudade e até um desespero de saber o que será deles sem um BBB para espiar daqui para frente. As inscrições para o BBB21, inclusive, já estão abertas. Mas uma edição como essa, que levou 20 pessoas para dentro da casa mais vigiada do Brasil, e terminou com um País inteiro confinado contra a vontade, mas torcendo junto, nunca mais existirá.