Diante do necessário isolamento social para conter o avanço do novo coronavírus, o grupo Magiluth encontrou uma forma criativa de continuar produzindo e, assim, manter a relação com o público e o sustento de seus artistas. Os pernambucanos desenvolveram o projeto Tudo o Que Coube numa VHS, experiência virtual que conta uma narrativa através de fragmentos em várias plataformas, como mensagens de WhatsApp, músicas, vídeos, e-mails e ligações.
Formado por Erivaldo Oliveira, Giordano Castro, Mário Sérgio Cabral, Lucas Torres, Bruno Parmera e Pedro Wagner, o Magiluth tinha uma série de projetos programados para 2020, como a estreia de um espetáculo de rua baseado em Morte e Vida Severina, de João Cabral de Melo Neto, que precisaram ser interrompidos. A iniciativa online surgiu após uma série de conversas do grupo com objetivo de entender como garantir a sobrevivência nesse momento atípico e marcado por dificuldades com a paralisação das atividades.
"Não queríamos fazer lives porque a nossa linguagem é incrível enquanto acontecimento, na cena, na presença, não sei se funcionaria muito online. Foi então que vimos que o mais interessante seria se entendêssemos esse momento, quais as plataformas que nos sustentam, como nos comunicamos agora, que é a partir desse cruzamento de mídias. Enquanto estou conversando com fulano, ouço música, recebo um direct no Instagram etc", conta Giordano Castro.
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Essa linguagem multiplataforma é o que norteia o novo projeto, que nasceu de textos que já vinham sendo escritos por Giordano há algum tempo. Ele conta que a princípio imaginava que resultariam em uma peça, mas que foi diante desse cenário que percebeu que eles se encaixam com mais precisão nessa dinâmica online.
A experiência é conduzida em várias etapas e exige uma imersão do participante. Para participar, é preciso agendar com o grupo através do Instagram (@magiluth), onde será feita a compra do bilhete virtual e acertada a data e o horário. A "sessão" começa com uma ligação, que contextualiza o projeto e dá início a um mergulho nas memórias do protagonista, que serão desvendadas através de áudios, textos e vídeos.
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"Isto não é teatro; é uma experiência sensorial que tem uma base dramatúrgica, um arcabouço teatral que sustenta ela. Se pensa a construção de uma atmosfera, o que é muito próprio do trabalho do Magiluth. Somos um grupo que sempre leva em conta a ideia de que o público participe de alguma forma e isso está presente neste projeto", explica. "Queremos que as pessoas saiam afetadas. É uma jornada fragmentada, sensível, e que encontramos como alternativa para nos fazermos presentes neste momento".
Além do grupo, o projeto contou com as colaborações de Kiko Santana, no trabalho de áudio, e Juliana Piesco, que produziu um vídeo para o trabalho.
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