Além de estarem na Netflix, o que há em comum entre as séries Elite, Control Z e Sangue e Água? Resposta fácil. As três são séries adolescentes, ambientadas em um colégio, geralmente envolvendo um ou vários crimes graves, e um eterno clima de suspense no ar. E recentemente, a mesma plataforma de streaming disponibilizou mais um seriado original com esses mesmos ingredientes. Trata-se de Ninguém Mandou (Get Even), lançada no início deste mês.
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Criado e escrito por Holly Phillips e baseado da série de livros Don't Get Mad, de Gretchen McNeil, a série britânica original da Netflix, produzida com a BBC, conta a história de Kitty Wei (Kim Adis), Margot Rivers (Bethany Antonia), Bree Deringer (Mia McKenna-Bruce) e Olivia Hayes (Jessica Alexander) – quatro adolescentes que, a princípio, parecem não ter nada em comum. Porém, uma paixão as une: expor secretamente as injustiças do refinado colégio Bannerman, criando o misterioso grupo GDM.
A primeira temporada de Ninguém Mandou é apresentada em 10 episódios curtos, com menos de 30 minutos aproximadamente, o que faz com que a série tenha algum ritmo e não dê espaço para enrolação. Entretanto, ao passo que alguns episódios ocorrem muita coisa, alguns são mais mornos, pecando pela falta de ação.
Bem articuladas, no primeiro episódio vemos o GDM expor os constantes bullyings do técnico de futebol da escola dentro do seu próprio time: um plano bem feito. E no capítulo seguinte, quando escolhem Ronny (Joe Flynn) como o próximo alvo por expor fotos íntimas de Mika (Emily Carey), amiga de Kitty, algo dá errado e ele aparece misteriosamente assassinado. Para piorar, o GDM é incriminado injustamente como o principal suspeito da ação. E a busca pela verdadeira autoria perdura até o último episódio.
Ao mesmo tempo em que as meninas tentam lutar contra as injustiças do colégio, a narrativa também coloca alguns dramas pessoais: a Kitty tenta ser uma filha aplicada para os pais, Margot tenta ser mais social e menos isolada, Olivia mantém uma vida de aparências e Bree, com a personalidade mais interessante, tem uma vida atribulada com seu pai e se esconde na eterna raiva para compreender seus próprios sentimentos.
Na falta de um, mais um assassinato ocorre entre os alunos do Bannerman. A morte de Mika acaba piorando a situação do GDM, que busca agora ser inocentado de mais um crime. A situação chega a estremecer a união das meninas, mas elas percebem que só juntas vão conseguir resolver os problemas. E o episódio final, embora de resolução previsível com um leve plot twist, se destaca como um dos melhores da temporada, que também deixa ganchos para uma próxima.
Ainda que Ninguém Mandou pareça ter “chegado tarde” na fila das séries de suspenses adolescentes da Netflix, gerando nenhuma novidade em seu formato, a produção britânica se sustenta com uma história levemente instigante, ainda que trazendo uma estética mais bem comportada e menos explícita que as demais. E no fim de tudo, a trajetória das meninas do GDM consegue envolver o espectador na dualidade de serem mocinhas e “vilãs” ao mesmo tempo.