Artes visuais

Fefa Lins apresenta 'Tecnologias de Gênero', sua primeira exposição individual

Mostra ocupa a Amparo 60, dentro do projeto Mirada, uma parceria da galeria com a SpotArt

Cadastrado por

Márcio Bastos

Publicado em 28/04/2021 às 13:37
Fefa Lins apresenta 21 obras em sua primeira exposição individual - ASHLLEY MELO/DIVULGAÇÃO

O artista visual Fefa Lins inaugura sua primeira exposição indivisual nesta quinta-feira (29), na Galeria Amparo 60. Intitulada Tecnologias de Gênero, a mostra reúne 21 obras que refletem as pesquisas do pernambucano no campo da pintura e sua busca por subverter padrões ligados à cisgeneridade compulsória. Seu trabalho busca apresentar outras formas de representação de corpos fora dos padrões de gênero e sexualidade, abrindo espaço para outras sensibilidades e formas de viver.

O título da mostra faz alusão ao conceito criado pela pesquisadora italiana Teresa de Lauretis, que entende a sexualidade como um conjunto de efeitos causados nos corpos, nas relações sociais e nos comportamentos a partir de uma série de influências, como a família, a escola, a política e a mídia. Essas técnicas discursivas buscam, portanto, controlar corpos dissidentes, estabelecendo um padrão. A poética de Fefa vai na contramão desse sistema e tenta dar visibilidade a outras práticas.

A exposição, que faz parte do projeto Mirada, uma parceria da galeria com a SpotArt, ocupa a primeira sala da galeria e tem curadoria de Aslan Cabral. Pela primeira vez, o público poderá acompanhar de perto o trabalho do artista, que costuma compartilhar suas criações nas redes sociais. Assim, é possível ter contato com diferentes dimensões físicas e afetivas a partir das novas perspectivas das obras, cujos tamanhos variam entre 10 x 10 até 1,5m. Além das pinturas, o artistas também produziu uma serigrafia para o projeto

"A pintura vem há muito tempo servindo aos discursos de poder. O nu, a presentação de corpos e retratos, estão entre os gêneros mais antigos da pintura, mas de forma excludente. Me questionei muito sobre como falar de corpos de uma maneira que não fosse estigmatizante. Por isso, produzi muitos autorretrados. Para mim, é muito importante me debruçar sobre essa forma de autorrepresentação porque, se estou falando sobre os equívocos de representação que o homem europeu produziu em relação aos outros sujeitos, é preciso, também, me colocar nesse debate", explica o artista, que se identifica como um homem transmasculino não-binário.

 

Fefa aponta ainda o caráter intimista e pessoal da exposição e ressalta que a questão dos afetos permeia os trabalhos. exposição bem pessoal, que fala dos afetos também. Para o curador Aslan Cabral, o trabalho do artista propõe uma forma de "hackear" essas tecnologias de gênero. 

"Juntos, estabelecemos os diálogos entre esses trabalhos, que aconteceu em um momento importante para mim. Minha pesquisa é voltada para a questão do corpo, do gênero e da sexualidade. Recentemente, me assumi publicamente enquanto pessoa trans, então tem todo esse processo [da vida pessoal] acontecendo junto. Foram ciclos até chegar nas obras que estarão em exposição", conta Fefa.

 

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