Em abril de 1992, o desaparecimento do menino Evandro Ramos Caetano, de seis anos na pacata Guaratuba, cidade litorânea do Paraná, e o posterior descobrimento do seu corpo mutilado chocou o Brasil. As controversas investigações do crime geraram um dos episódios mais midiatizados e perturbadores da justiça brasileira, que ainda é alvo de especulações e controvérsias. Essa história é esmiuçada na série O Caso Evandro, em exibição no Globoplay, e baseada no podcast homônimo criado por Ivan Mizanzuk.
A história envolvendo o crime parece ficção: a morte da criança foi associada a um ritual de magia (o corpo foi encontrado sem os órgãos, as vísceras, mãos e pés) e os acusados iam desde um pai de santo à mulher e a filha do prefeito da cidade, Celina e Beatriz Abbage, respectivamente.
O que parecia ser um problema solucionado pela ação da polícia militar, já que foram colhidas confições, se mostrou a ponta do iceberg. Pouco tempo após as prisões, os sete acusados afirmaram terem sido vítimas de torturas e obrigados a assumir a autoria de um ato que não cometeram.
Some-se a isso preconceitos religiosos e um conturbado clima político no Paraná naquele momento, além da situação do Brasil, saído há seis anos da ditadura militar e vivendo sob o clima de medo pelo desaparecimento de crianças ao redor do país.
O trabalho de investigação de Ivan Mizanzuk nos episódios narrados (e que também deu origem a um livro que será lançado em junho) é minucioso e o jornalista foi capaz de encontrar evidências que passaram despercebidas em quase trinta anos de processo. A transposição dessa pesquisa para as telas é igualmente cuidadosa, com direção de Aly Muritiba e Michelle Chevrand.
Além de entrevistas (incluindo depoimentos de alguns dos acusados), imagens de arquivo de telejornais da época e do julgamento, a série conta ainda com dramatizações para tentar explicar as várias versões para o complexo caso.
Até o momento, estão disponíveis quatro dos sete episódios que compõem a série. Também será divulgado um material extra, focado em Leandro Bossi, com quase a mesma idade de Evandro, que desapareceu meses antes, também em Guaratuba.