Nos últimos anos, os estúdios têm recorrido ao resgate de clássicos para movimentar as bilheterias. Seja transformando obras de animação em obras com atores, como A Bela e a Fera e Cinderela, da Disney, ou produzindo remakes, esses filmes trabalham com a nostalgia de quem assistiu aos originais e também flerta com novos públicos, atualizando alguns dos conteúdos para questões contemporâneas. Space Jam: Um Novo Legado segue nesta mesma linha, equilibrando bem a nostalgia com as novas tecnologias.
O primeiro Space Jam estreou em 1996 com Michael Jordan, então um dos maiores astros da NBA, principal liga de basquete dos EUA, como protagonista. No filme, ele aparece ao lado dos personagens clássicos da Looney Tunes, como Pernalonga, Patolino e Frajola e, juntos, precisam derrotar o time montado pelo Sr. Swackhammer para que os desenhos animados não sejam capturados para o planeta Montanha Bobolândia.
Um sucesso, o projeto se tornou um clássico infantil e misturava personagens e cenários reais com os desenhos animados, como já havia sido feito em obras como Uma Cilada Para Rogger Rabbit (1988). Mexer neste imaginário, portanto, poderia ser uma aposta arriscada, inclusive por conta da ausência de Jordan.
Em seu lugar, entrou um fenômeno atual das quadras, LeBron James, que interpreta uma versão ficcional de si e consegue sustentar a missão de substituir seu antecessor. No filme, ele quer que um de seu filho, Dom (Cedric Joe), siga seus passos no basquete, mas o garoto sonha em ser programador. Ele, inclusive, cria um jogo de videogame que incorpora elementos lúdicos e superpodereses às técnicas do esporte.
Um dia, após uma reunião frustrada na Warner Bros., LeBron provoca a ira de AI G, um algorritmo interpretado por Don Cheadle, que quer provar sua força e inteligência e, para tanto, captura o astro do basquete e seu filho para o universo virtual. Enganando Dom, ele faz com que o garoto fique ao seu lado e desafia LeBron para uma partida de basquete: se o jogador vencer, volta para casa com Dom. Se perder, ambos ficam presos no sistema de computador e mais, os Looney Tunes, que vão jogar com LeBron, serão deletados para sempre.
Com o fator família no centro da narrativa e mais emoção do que no primeiro filme, o longa consegue se diferenciar do antecessor, ainda que o respeite, e se adequa ao século 21, mantendo o bom humor. Lolla Bunny, por exemplo, que no primeiro filme era mais sexualizada, aparece com figurino respeitoso e com a complexidade que merece.
Todos os personagens clássicos, como Pernalonga, têm momento de brilhar e lembram a razão pela qual os Looney Tunes são sucessos há mais de meio século, com irreverência e carisma.
Os gráficos também impressionam e o filme oferecem alguns espetáculos visuais. Outro fator interessante é a inserção de personagens do universo do HBO Max, do qual a Warner faz parte agora. Os fãs vão se deliciar com figuras de Game of Thrones, King Kong, Harry Potter, entre outros. O filme, inclusive, entra no catálogo do streaming 35 dias após estrear no cinema.