Artes cênicas

Magiluth fecha casarão, lança documentário e prepara peça sobre Miró da Muribeca

Coletivo pernambucano é referência no teatro nacional

Cadastrado por

Márcio Bastos

Publicado em 30/08/2021 às 14:04 | Atualizado em 30/08/2021 às 18:18
TEATRO Grupo Magiluth manteve o casarão na Rua da Glória por mais de um ano - DIVULGAÇÃO

Em janeiro de 2020, Magiluth concretizou o sonho de ter um espaço próprio, um casarão na Rua da Glória, que funcionaria não só como sede do grupo, mas também como sala de ensaio para outros artistas, além de receber peças e projetos de artistas de todo o país. Dois meses depois, a pandemia colocou o projeto em suspenso, modificando os planos dos pernambucanos que, no entanto, tentaram manter o local a duras penas. Mas, diante do cenário ainda nada favorável, o Magiluth precisou abrir mão do casarão. Para marcar o fim desse ciclo, o coletivo produziu um documentário, já disponível no YouTube.

Localizado no antigo espaço Inácia Raposo Meira, fundado por Socorro Rapôso (falecida no último dia 23), o casarão tem sua trajetória ligada à cultura. Para o Magiluth, seria a oportunidade não só de revitalizar a edificação, mas de oferecer novas oportunidades de conexão artístic ana cidade. O coletivo chegou a fazer duas apresentações de suas peças e houve ações pontuais, mas a pandemia paralisou as atividades por completo.

"Tentamos manter o espaço o máximo que pudemos, mas tivemos que entregar em junho, pois não havia condições de continuar. Decidimos produzir o documentário como uma forma de marcar essa história e, para isso, contamos com a ajuda de muitos parceiros, como sempre aconteceu na história do Magiluth. Somos um grupo que acredita muito na colaboração. E não queríamos que esse documentário fosse melancólico. Ele é justamente sobre a construção desses laços", explica o ator Mario Sérgio Cabral, que compõe o grupo junto a Pedro Wagner, Bruno Parmera, Erivaldo Oliveira, Lucas Torres e Giordano Castro.

Para o documentário, o grupo contou com a colaboração de Thiago Lira (direção, roteiro, montagem e fotografia), Amanda Dias Leite (produção executiva), Juliana Piesco (montagem), Wellingthon Gomes (assistência de produção) e Ravi Moreno (som direto e desenho de som). A equipe do casarão era composta ainda por Rafael Moura, Clarice Mendes, Kayo César e Daniela Teixeira.

"Queremos que além do registro dessa trajetória, o documentário também levante a discussão sobre a situação dos grupos de teatro no Brasil, que estão sendo massacrados. Há um projeto de desmonte da cultura por parte desse governo e é preciso falar sobre isso porque atinge todos os artistas. O casarão é uma utopia e estamos muito felizes por termos investido nesse sonho", reflete Mário.

Durante a pandemia, o grupo desenvolveu dois projetos online, entre eles Tudo Que Coube Numa VHS, vencedor do Prêmio APTR de Teatro de Melhor Espetáculo Inédito ao vivo. Agora, o Magiluth tem realizado seus ensaios no Bairro do Recife, em um espaço no mesmo edifício da Cênicas Cia de Repertório.

Segundo Mário, atualmente o coletivo está ensaiando um espetáculo inspirado na obra do poeta pernambucano Miró da Muribeca. Um ensaio aberto do projeto deve ser apresentado no final de setembro, dentro de uma atividade do Itaú Cultural. A expectativa do Magiluth é estrear a peça no Teatro Santa Isabel.

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