Um dos equipamentos culturais mais importantes do Recife, o Cinema São Luiz completa 70 anos em 2022. Dois deles, por causa da pandemia, foram afastados do público. Após restauros em sua estrutura, o cinema deixará o letreiro "Em breve estaremos juntos" para o anúncio de novos filmes no dia 24 de fevereiro, sob o comando jornalista, professor e crítico cinematográfico Luiz Joaquim à frente da programação. Ele substituirá Geraldo Pinho, que estava à frente da sala de exibição desde 2009, falecido em novembro de 2021.
Jornalista e mestre em comunicação, Luiz Joaquim já havia exercido a mesma função no cinema da Fundação Joaquim Nabuco (Fundaj), equipamento que ajudou a implementar em 1998. Agora, ele também assume a gestão do Museu da Imagem e do Som de Pernambuco (Mispe), o qual tem acervo localizado na Casa da Cultura, também no Centro da Capital Pernambucana. Especialista em crítica cinematográfica, ele atuou como repórter de cultura deste JC e também na Folha de Pernambuco.
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"Não é o caso de substituir meu saudoso amigo Geraldo Pinho, uma figura tão querida e fundamental não só para minha formação pessoal como para a de algumas gerações de jovens e adultos do Estado. Eu venho para dar continuidade ao legado de formação de público que ele competentemente construiu. O Cinema São Luiz merece ser reconhecido por todo pernambucano como a casa do cinema brasileiro", disse o novo programador.
Joaquim foi convidado pelo próprio presidente da Fundação do Patrimônio Histórico e Artístico de Pernambuco (Fundarpe), Marcelo Canuto, para assumir a gestão do principal cinema de rua de Pernambuco. "O tamanho da responsabilidade é proporcional a minha alegria em assumir essa nova função num dos templos não só do cinema nacional, como da arte brasileira. Vai ser algo ainda mais desafiador essa minha chegada aqui no São Luiz justamente quando o cinema completa 70 anos", diz Luiz Joaquim sobre as comemorações do São Luiz em setembro deste ano.
"Foi algo natural pensar num nome como o dele, que tem muitos anos acumulados no Cinema da Fundação e tem o respeito da classe aqui em Pernambuco e no Brasil. Ficamos muito felizes por ele ter aceitado o convite", apontou Marcelo Canuto.
Retorno do São Luiz
Sem funcionar desde março de 2020, o Cinema São Luiz passa por obras de restauro. Segundo a assessoria da Fundarpe, responsável pela manutenção e gestão do equipamento, há uma obra de "recuperação da coberta, além do sistema de climatização, com a compra de três compressores". A implementação do sistema de compressores, de acordo com a gestão, depende apenas da agenda da equipe responsável pela instalação.
Além do tempo de fechamento da sala, em decorrência da pandemia e da obra, o São Luiz ainda sofreu com a perda de Geraldo Pinho. Um dos nomes mais importantes para as políticas culturais em Pernambuco, ele assumiu a gestão da sala de exibição em 2009, quando houve a reabertura do cinema. Também esteve à frente do Museu da Imagem e do Som de Pernambuco (Mise) durante o período que geriu o equipamento da Rua da Aurora.
Na morte de Geraldo, nomes importantes do cinema local lamentaram a perda. Um deles foi o cineasta Kleber Mendonça Filho, que dirigiu sucessos como "Bacurau" e "Aquarius", o chamando de "herói da cultura". "Formador de público nos Cines do Parque e São Luiz, no Recife. O tipo de brasileiro que é herói, juntava as pessoas, oferecia o Cinema, era firme com jogo de cintura. Pernambuco está de luto. Na foto, eu com ele na porta do São Luiz", escreveu Mendonça.
A volta dos cinemas de rua
Indispensáveis para a democratização da cultura, os cinemas de rua funcionam como uma ponte entre o Estado e a população como locais de disseminação de filmes. E o retorno do São Luiz marca o momento em que o Centro da Cidade resgata essas tradições. A partir do funcionamento dele, a região terá quatro cinemas de rua.
O mais recente deles, o Cinema do Porto, será o primeiro do Bairro do Recife. Gerido pela Fundação Joaquim Nabuco em parceria com o Porto Digital, o equipamento fica localizado na antiga sede do Bandepe, no Cais do Apolo. Com capacidade para 138 pessoas, a sala de exibição foi inaugurada em 19 de dezembro passado. A Fundaj ainda administra a sala de exibição no Derby, no Centro, e a que fica localizada no Museu do Homem do Nordeste, em Casa Forte, na Zona Norte.
Após 10 anos fechado, o Cineatro do Parque também foi reinaugurado durante a pandemia. Um dos locais que refletem a afetividade da população com a cultura local, o equipamento tem sido palco de alguns festivais de cinema, como o Baobácine - Festival de Cinema Africano, realizado no último mês.
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