Com Estadão Conteúdo
O ex-ator Guilherme de Pádua, assassino da atriz Daniella Perez, morreu neste domingo (6), em Minas Gerais, aos 53 anos.
O pastor da Igreja Batista da Lagoinha sofreu um infarto em casa, em Belo Horizonte.
"Recebi o telefonema de uma irmã falando de um dos nossos pastores que acabou de falecer. Foi um impacto muito grande porque hoje de manhã eu dirigi o culto e ele estava com a esposa no primeiro banco. Ele praticou aquele crime tão terrível com a DanielLa Perez, foi preso, cumpriu a pena e se converteu", contou o pastor.
"Ele estava dentro de casa, caiu e morreu", acrescentou. Pouco tempo depois, após a grande repercussão, o pastor apagou a publicação.
Glória Perez falou sobre a morte de Guilherme de Pádua?
Em agosto deste ano, Glória Perez afirmou que não acreditava que os assassinos de sua filha, Guilherme de Pádua e Paula Thomaz, fossem capazes de se regenerar.
"É claro que as pessoas podem ser recuperadas. Mas isso não inclui os psicopatas. Não se tem notícia de psicopata recuperado. E Paula e Guilherme são psicopatas de carteirinha", disse em entrevista à Marie Claire.
A autora de novelas ainda não se pronunciou sobre a morte do assassino.
Meses antes de morrer, Guilherme de Pádua pediu perdão
Em agosto deste ano, Guilherme de Pádua publicou um vídeo em seu canal do YouTube no qual pedia perdão para Glória Perez. Na ocasião, Pádua afirmou que "muitas pessoas, inclusive algumas que se dizem cristãs", o teriam julgado e dito que não acreditariam em sua conversão pela falta de um pedido de perdão.
"Ainda que pareça estranho para mim, um 'cristão', lacrar ao julgar que uma outra pessoa não é cristã de verdade, eu não tiro a razão de quem duvida da minha conversão, porque eu mesmo duvido muitas vezes", disse ele.
"Eu não sou uma pessoa normal, é óbvio. Alguém que cometeu um crime tem mil pensamentos que não são comuns. Eu já fui uma pessoa normal, e eu sei a diferença entre alguém que não cometeu um crime e o que eu me tornei depois de cometer", continuou.
Em seguida, ele alegou que já havia declarado que "o maior sonho de sua vida" era poder pedir perdão para as pessoas que magoou, resgatando entrevistas antigas. "Um pedido de perdão é um pedido de perdão, e não é tão simples. Será que ela vai querer? Será que isso não é forçar uma barra? Constranger a pessoa que já está sofrendo para que ela decida, então, se vai perdoar ou não?"
Pádua questionou se um vídeo teria "o peso que precisaria ter", mas então prosseguiu: "Talvez eu nunca vá ter uma oportunidade real de pedir perdão. Por isso, Glória Perez, eu te peço perdão por todo o sofrimento que eu te causei. Eu jamais esqueci daquele encontro na carceragem".
O pastor encerrou o vídeo dizendo que não esperava perdão, pois se estivesse no lugar dos amigos e família não o faria.
O assassinato de Daniella Perez por Guilherme de Pádua e Paula Thomaz
Em dezembro de 1992, aos 22 anos, a atriz e bailarina Daniella Perez foi assassinada pelo então ator Guilherme de Pádua e sua esposa, Paula Thomaz, em um crime cruelmente premeditado.
O casal matou a jovem com 18 punhaladas, que perfuraram o pescoço, pulmão e coração.
Daniella e Guilherme atuavam em De Corpo e Alma, novela das oito da TV Globo.
O assassinato de Daniella ganhou notoriedade e ocupou as primeiras páginas dos jornais nacionais por anos.
A motivação do crime seria profissional, pois Guilherme acreditava que havia "perdido espaço" na novela. Já Paula teria ciúmes da atriz.
Guilherme de Pádua foi condenado a 19 anos de prisão, e Paula Thomaz a 18 anos e seis meses. No momento da condenação, eles já estavam separados.
Guilherme e Paula cumpriram um sexto das penas e receberam liberdade condicional.
Pacto Brutal
O caso voltou a repercutir muito este ano com o lançamento da série Pacto Brutal, da HBO Max.
A produção, que estreou no dia 21 de julho, é dividida em cinco capítulos e traz detalhes do crime.
Depois de três décadas, Glória Perez revisitou a busca pela verdade por trás da história que mudou sua vida para sempre.
A autora compartilhou sua experiência conforme a produção apresenta, em registros inéditos, os detalhes das investigações e o julgamento deste caso de homicídio duplamente qualificado.
Sobre o porquê de Guilherme de Pádua e Paula Thomaz não terem dado depoimento para a série Pacto Brutal, Glória disse o seguinte: "O que eles disseram para se defender, antes e durante o julgamento, está na série. Ouvi-los agora para quê? Para perguntar como estão passando? Não faz sentido dar palco a psicopata."
Homicídio qualificado
Como mãe da vítima, Glória Perez rastreou testemunhas, identificou evidências e teve atuação fundamental para a resolução do caso, além de ter deixado um legado ao conseguir a alteração da legislação brasileira, passando a incluir homicídio qualificado dentro dos crimes hediondos.
Até o assassinato de Daniella Perez, a Lei de Crimes Hediondos abrangia casos como sequestro, estupro e latrocínio. Depois disso, o Congresso Nacional transformou o homicídio em crime hediondo.
Glória Perez em 1993 organizou um abaixo-assinado para que o assassinato entrasse na Lei de Crimes Hediondos.