Ao longo das décadas, diversas áreas do conhecimento incorporaram a convenção da divisão de gerações nas conhecidas "safras": baby boomer, do pós-guerra (entre os anos 1940 e 1960); geração X (meados dos anos 1960 até o final dos anos 1970) e geração Z (1980-1995). Em seu novo livro, Sérgio C. Buarque vai explorar, da juventude à maturidade, o que ele chama "Geração D".
Essa geração seria aquela que chegou à idade adulta nos meados dos anos 1960, em um "mundo convulsionado por guerras localizadas, revoluções nacionalistas e num Brasil sobre a ditadura militar". Trata-se de uma geração inspirada por utopias, diferentes movimentos e correntes revolucionárias, algo próximo do que o autor chama de "delírio político existencial" - justamente daí vem a letra "D".
"Geração D" (Editora Autografia, 555 páginas) é o primeiro romance ficcional de Buarque, que é economista e professor titular aposentado da Universidade de Pernambuco, já tendo assinado diversos artigos no Jornal do Commércio. Hoje, atua como consultor de planejamento estratégico.
O livro foi escrito ao longo de anos, durante "delírios literários", como ele mesmo cita. "Fui refinando, melhorando e revendo alguma pesquisa para me situar melhor historicamente". Como escritor, Buarque já havia explorado a ficção nos livros de contos "Sombra na Escuridão" (2016) e "Acasos e Ocasos" (2018) - ambos pela Autografia.
Enredo
A nova obra atravessa um grande período temporal: dos anos 1960, ruma até os anos 1990, mostrando as diferentes fases da citada geração, narrando suas vivências políticas, afetivas e profissionais com uma visão inovadora dos "anos de chumbo".
Apesar de atravessar esses períodos políticos, ele evita o rótulo de "romance histórico" para o livro. Nenhum dos personagens existiu e nenhuma situação realmente ocorreu, embora sejam verossímeis, como uma representação simbólica.
"A história contemporânea é o pano de fundo do livro, porque trata-se de uma história longa. É uma ficção em torno de personagens dessa geração, que chamo de Geração D. Ela tem por característica a rebeldia, o que chamo de delírio político existencial", diz Sérgio C. Buarque, ao JC.
Personagens
Na obra, a "geração D" é representada por diversos personagens, com destaque para nomes como Renata, Maurício e Editi. "Eles representam esse delírio político, mas com vida e paixão, amor e sofrimento, refletindo esse momento que vivemos. É uma geração que teve encontros e desencontros, amores e desamores, no meio de uma sociedade conservadora. No final das contas, também carrega muito sofrimento e realização pessoal."
Para agregar um espaço temporal tão longo, o autor dividiu o livro em três partes. "Arrebatamentos”, a primeira, traz a emergência desse delírio político; "Desencontros", a segunda, é uma fase de transição; "Maturidade", a última, encontra um país diferente e que, em parte, essa geração ajudou a construir.
"Os jovens inquietos e revolucionários dos primeiros anos se dispersaram em caminhos diversos e inesperados e foram se reencontrando na maturidade com novas dúvidas, valores e ansiedades. Esta história de vida dos personagens, suas as relações de amor e ódio, sua simpatia e as tensões entre eles, formam um complexo mosaico de toda a geração, que, vivendo em tempos inquietos e sombrios, ajudou a transformar o Brasil", finaliza.
Serviço
"Geração D" está à venda no site da Amazon (R$ 64,69 e R$ 24,90 na versão e-book), da editora Autografia (R$ R$ 59,90) ou com o próprio autor (e-mail para contato: scbuarque@gmail.com).