Quem é Sérgio Reis, qual foi a sua fala sobre o STF e o que aconteceu com ele? Entenda
A confusão envolvendo Sérgio Reis teve início no último final de semana com um áudio vazado
Desde o último fim de semana que o nome do cantor Sérgio Reis tem repercutido na mídia e internet. Isso porque um áudio do músico fazendo ameaças para pressionar o Senado e afastar os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) começou a circular nas redes sociais. Além disso, nesta sexta-feira (20) a Polícia Federal faz buscas e apreensões em endereços do artista. Mas afinal quem é Sérgio Reis, o que aconteceu com ele? Qual foi a sua fala sobre Jair Bolsonaro?
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Sérgio Reis, de 82 anos, é um clássico cantor sertanejo, com sucessos como "Menino da Porteira" e "Pinga Ni Mim", que também já fez alguns trabalhos como ator, como na novela Pantanal. Ele entrou na política em 2014, quando foi eleito deputado federal pelo Republicanos, mesmo partido pelo qual se elegeu Flávio Bolsonaro, filho do presidente Jair Bolsonaro. Seu mandato teve início em 2015 e foi concluído em 2019.
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A confusão envolvendo Sérgio Reis teve início depois que, em um áudio vazado com cerca de 5 minutos, o cantor afirma que convocou uma paralisação de caminhoneiros para o dia 8 de setembro até que o Senado afastasse os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) dos cargos. "Nada vai ser igual, nunca foi igual ao que vai acontecer. E se eles não obedecerem nosso pedido, vão ver a cobra fumar. Não tem conversa. E 'ai' do caminhoneiro que furar esse bloqueio", afirmou o cantor.
No áudio, Sérgio Reis conta a um amigo que esteve em Brasília e teria se reunido com o próprio presidente Jair Bolsonaro e com militares "do Exército, da Marinha e da Aeronáutica"para falar sobre seus planos de pressionar pela aprovação do voto impresso e o pedido de impeachment dos ministros do STF. Reis disse que “se em 30 dias não tirarem os caras nós vamos invadir, quebrar tudo e tirar os caras na marra. Pronto. É assim que vai ser. E a coisa tá séria”.
Sérgio Reis afirma ainda que é uma liderança entre os caminhoneiros e que, ao lado dos maiores produtores de soja do País, caso o pleito não fosse atendido pelo Senado em 72h, haveria uma grande greve que pararia o Brasil.
O áudio circulou na cúpula do Judiciário e também entre parlamentares e foi reproduzido pelos principais veículos de notícia. As falas, que circularam no último fim de semana nas redes sociais, foram repudiadas por políticos de diferentes orientações ideológicas e os líderes dos caminhoneiros disseram que o cantor não os representa.
No domingo (15), durante entrevista ao influenciador bolsonarista Oswaldo Eustáquio, o cantor chorou, defendeu Jair Bolsonaro e disse que nunca quis agredir ninguém e nem deseja fazer isso agora. No áudio, Reis afirma: "Se em 30 dias não tirarem os caras (ministros do STF) nós vamos invadir, quebrar tudo e tirar os caras na marra. Pronto. É assim que vai ser. E a coisa tá séria."
Já na segunda-feira (16), segundo a coluna de Mônica Bergamo, na Folha de S. Paulo, a mulher de Sérgio Reis contou que ele ficou deprimido com a má repercussão do áudio. "Ele está muito triste e depressivo porque foi mal interpretado. Ele quer apenas ajudar a população. Está magoado demais", disse a mulher de Reis, Angela Bavini.
Mandados de busca e apreensão
Na manhã desta sexta-feira (20), a Polícia Federal realizou o cumprimento de mandados de busca e apreensão contra o cantor Sérgio Reis e o deputado bolsonarista Otoni de Paula (PSC-RJ). Os mandados foram determinados pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).
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Segundo a PF, o objetivo das medidas é apurar o “eventual cometimento do crime de incitar a população, através das redes sociais, a praticar atos violentos e ameaçadores contra a Democracia, o Estado de Direito e suas Instituições, bem como contra os membros dos Poderes”.
Ao todo, são 29 mandados de busca e apreensão. Ao menos quatro endereços ligados a Sérgio Reis são alvos, no Rio de Janeiro e em Brasília. Já Otoni é alvo das buscas na sua casa, no Rio de Janeiro, e no seu gabinete na Câmara dos Deputados, em Brasília.
Além dos dois alvos, a PF faz buscas em endereços em Santa Catarina, São Paulo, Rio de Janeiro, Mato Grosso, Ceará e Paraná. Os alvos deverão ser ouvidos pela PF nos estados à tarde.
Além disso, o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, determinou a restrição de nove pessoas de se aproximarem de um raio de um quilômetro da Praça dos Três Poderes, dos Ministros do STF e dos senadores.
Entre os alvos da medida estão Sérgio Reis, o cantor Eduardo Oliveira Araújo, os empresários Turíbio Torres e Alexandre Urbano Raitz Petersen, o caminhoneiro Marcos Antônio Pereira Gomes, mais conhecido como 'Zé Trovão', o presidente da Associação Brasileira dos Produtores de Soja Antonio Galvan, além de Wellington Macedo de Souza, que se apresenta como coordenador nacional da Marcha da Família, Juliano da Silva Martins e Bruno Henrique Semczeszm.
Ao menos três deles - Sérgio Reis, Eduardo Araújo e Turíbio Torres - estiveram em reuniões no Planalto semana passada.
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Polícia Civil abriu investigação sobre Reis
A investigação acontecerá por meio do Departamento de Combate à Corrupção.
De acordo com o que o delegado Leonardo de Castro, da delegacia de Combate à Corrupção (Decor), informou, na segunda, o cantor sertanejo será investigado pela prática de, pelo menos, três crimes.
"O objetivo é investigar suposta associação criminosa voltada para a prática de alguns crimes, da qual ele seria integrante", afirmou o delegado. "Ele será investigado pelos crimes de ameaça (art. 147 do CP), dano (art. 163 do CP) e atentado contra a segurança de meio de transporte (art. 262 do CP)."
A previsão, segundo a Polícia Civil, era de que Sergio Reis fosse intimado a depor nos próximos dias, ainda em agosto, mas não foi informada data para a convocação.