abertura da bolsa

Em meio ao surto de coronavírus, dólar chega aos R$ 5 pela primeira vez

Preocupações sobre o impacto do novo coronavírus na economia aumentam

Manuela Figuerêdo
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Manuela Figuerêdo
Publicado em 12/03/2020 às 9:50 | Atualizado em 12/03/2020 às 11:35
Foto: Marcello Casal Jr/Agência Brasil
Na máxima do dia, por volta das 12h, a moeda encostou em R$ 5,28 - FOTO: Foto: Marcello Casal Jr/Agência Brasil

Nesta quinta-feira (12), logo após a abertura da bolsa, o dólar comercial superou os R$ 5 pela primeira vez, subindo mais de 6%. Após o presidente norte-americano, Donald Trump, proibir viagens da Europa para os Estados Unidos, as preocupações aumentam sobre o impacto do coronavírus na economia.

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Por volta das 9h, a moeda avançava 6,52%, a R$ 5,028 na venda. A disparada aconteceu apesar do anúncio do Banco Central de leilão de venda à vista de até US$ 2,5 bilhões para esta quinta-feira, cancelando o anúncio de venda de até US$ 1,5 bilhão feito no dia anterior.

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A semana dos mercados globais tem sido impactada pelo agravamento da epidemia de coronavírus e o acirramento dos conflitos no Oriente Médio. Na segunda-feira (9), a Bolsa brasileira, depois de cair mais de 10% na manhã desta segunda-feira, 9, teve de acionar o circuit breaker. O dólar comercial bateu recorde, atingindo a casa de R$ 4,79. Na terça-feira (10), o indicador tinha se recuperado, mas o alívio não durou. Já na quarta-feira (11), o dólar comercial encerrou a sessão vendido a R$ 4,721, com alta de R$ 0,075 (1,61%).

Petróleo

Pouco depois de a B3 retomar os negócios, o bombardeio de uma base norte-americana no Iraque deteriorou as expectativas. O ataque com pelo menos 15 foguetes, que matou dois americanos e um britânico, aumenta as tensões em torno da produção mundial de petróleo.

A crise provocada pelo coronavírus foi agravada pela disputa de preços entre Arábia Saudita e Rússia em torno do petróleo. Membro da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep), a Arábia Saudita aumentou a produção de petróleo depois que o governo de Vladimir Putin decidiu não aderir a um acordo para reduzir a extração em todo o mundo.

O aumento de produção num cenário de queda mundial de demanda por causa do coronavírus fez a cotação do barril de petróleo voltar a cair hoje. Por volta das 18h, o barril do tipo Brent era vendido a US$ 35,70, com queda de 4,08%, depois de ter subido cerca 10% ontem.

Para o Brasil, a queda no barril de petróleo afeta as ações da Petrobras, a maior empresa brasileira capitalizada na bolsa. Os papéis ordinários (com direito a voto em assembleia de acionistas) da companhia fecharam o dia com queda de 10,84%. Os papéis preferenciais (que dão preferência na distribuição de dividendos) caíram 9,74%. Segundo a própria Petrobras, a extração do petróleo na camada pré-sal só é viável quando a cotação do barril está acima de US$ 45.

Consequências

A queda nas cotações do barril de petróleo traz outras consequências para a economia brasileira. Caso os preços baixos se mantenham, a companhia repassará a queda do preço internacional para a gasolina e o diesel. Se, por um lado, a queda beneficia os consumidores; por outro, prejudica o setor de etanol, que perde competitividade.

Os preços mais baixos diminuem a arrecadação de royalties do petróleo e a arrecadação de Imposto sobre a Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS), o principal tributo estadual, num momento em que diversos estados atravessam dificuldades financeiras. A desaceleração da economia mundial reduz a demanda por commodities (produtos agrícolas e minerais com cotação internacional), prejudicando as exportações brasileiras.

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