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Representantes da construção civil pedem que governo de Pernambuco revogue rodízio de veículos

Em carta aberta, entidades se dizem ainda mais prejudicadas com a adoção da medida restritiva

Lucas Moraes
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Lucas Moraes
Publicado em 15/05/2020 às 15:58 | Atualizado em 15/05/2020 às 15:58
Foto: Arquivo/Agência Brasil
Construção também foi autorizada a voltar - FOTO: Foto: Arquivo/Agência Brasil

Com 70% das obras paradas em Pernambuco, a Associação das Empresas do Imobiliário de Pernambuco (Ademi-PE) e o Sindicato da Indústria de Construção do Estado (Sinduscon-PE) publicaram uma carta aberta pedindo ao governador Paulo Câmara a revogação do rodízio de veículos, que passará a ser adotado a partir deste sábado (16) em cinco municípios da Região Metropolitana do Recife. 

De acordo com a carta publicada pelas entidades, o setor da construção civil já vem sofrendo grandes perdas em função de ser a única categoria industrial impedida de realizar suas atividades e, agora, com o isolamento mais severo (lockdown) e a implementação de um rodízio para uso dos veículos particulares, os empresários da construção veem uma agravamento desse cenário, inclusive com possibilidade de prejuízo à saúde dos funcionários. 

"Cerca de 70% das atividades da indústria da construção civil do Estado tiveram suas obras paralisadas por força do Decreto nº48.834, de 20 de março de 2020, gerando, por si só, prejuízos não só para as empresas de construção, como também para os profissionais e demais colaboradores do setor, para a extensa cadeia formada por fornecedores de materiais e serviços para o segmento, além das centenas de famílias que aguardam para receber seu bem mais essencial: sua habitação", diz trecho do documento. 

Para a Ademi-PE e o Sinduscon-PE, a permanência da paralisação para a maiorias das atividades nos canteiros de obras se torna mais contraditória com a adoção de um rodízio de veículos, já que, segundo as entidades, o uso de transporte público pelos trabalhadores da construção era o principal argumento do governo para não liberar o retorno do serviço das construtoras.

"Ocorre que, com a publicação do Decreto Nº 49.017, instituindo, entre outras restrições, o rodízio de veículos particulares, a todos os problemas acima já citados, somou-se a questão do transporte de centenas de pessoas, inclusive dos trabalhadores do setor construtivo, uma vez que estes se mostraram alarmados em deixar a segurança dos seus veículos para adotar, por força de decreto, o transporte público, comprovadamente ineficiente em nosso Estado, não só em sua finalidade principal, como também na garantia da saúde dos seus usuários diante do aglomerado de pessoas", reforça a carta aberta. 

Prejuízo

O Sinduscon e a Ademi pedem que o governo revogue a medida "em sua integralidade", uma vez que "as demais regras de isolamento já impõem a automática restrição pretendida pelo governo, logo, não se faz necessário expor a população e, em especial, os funcionários da construção civil, a um desnecessário e maior risco de contaminação da Covid-19."

“As empresas estão seguindo fortes protocolos de prevenção à transmissão do coronavírus nos canteiros, e a medida do governo pode colocar esse trabalho à perder, forçando o uso do transporte coletivo dia sim, dia não, quando se sabe da superlotação de ônibus e metrôs que nossa região metropolitana sofre”, ressalta o presidente da Ademi-PE, Gildo Vilaça.

A construção civil é o segmento que tem liderado os índices de perda de receita e previsão de aumento de demissões, segundo a Fiepe. Pelo menos 25,2% das empresas do setor sentiram uma queda acima de 50% das receitas e, em consequência disso, 25,2% também pretendem ainda mandar embora funcionários. 

A projeção para este ano é de que o PIB do setor em nível nacional seja fechado no negativo, com uma queda entre 5% e 10%. Para Pernambuco, o cenário que se vislumbra é de uma queda mais próxima dos dois dígitos. No Estado, por força de decreto, só estão autorizadas a funcionar obras emergenciais ou públicas. 

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