Com a pandemia do novo coronavírus, os proprietários de lojas e quiosques do Aeroporto Internacional do Recife/Guararapes têm vivido diariamente com vendas à míngua e incertezas quanto à manutenção dos negócios. A média de voos no terminal caiu drasticamente e levou consigo o fluxo de clientes. Sob nova direção, o aeroporto passou a ser administrado desde fevereiro pela empresa espanhola Aena, da qual os lojistas cobram maior abertura e flexibilidade para negociação dos valores de aluguel que permanecem sendo cobrados.
De acordo com o presidente da Associação dos Concessionários Aeroportuários e proprietário de dois estabelecimentos alimentícios no terminal aéreo, Valter Jarocki Júnior, mesmo após decisão judicial determinando a paralisação de boa parte das atividades comerciais, as correspondências de cobranças continuam chegando, e nenhuma das duas parte conseguiram chegar a uma razão comum.
“A situação está complicada para todo mundo, e não é diferente lá no aeroporto. A gente tentou uma negociação, não conseguimos. Devido à dificuldade econômica ter se agravado, entramos com uma ação judicial. O juiz deferiu a suspensão do aluguel do mês de março. A Aena fez um contato conosco, mas a conversa não teve ainda nenhum resultado positivo”, lamenta Jarocki Júnior.
De acordo com ele, os concessionários apresentaram à Aena a proposta de pagar no mínimo 50% do valor do aluguel do mês de março apenas em 2021, isentando este ano a cobrança dos meses de abril e maio para que, em junho, retome-se uma negociação sobre como estará o panorama financeiro. A proposta apresentada pela empresa espanhola seria parcelar o valor do aluguel daquele mês de março, com pelo menos 50% sendo pago três dias após o recebimento do boleto e redistribuição de 25% do restante devido entre os meses de junho e julho, segundo a associação.
“Estamos aguardando inclusive uma resposta da Aena. O que a gente viu é que alguns concessionários receberam a cobrança, independentemente da ação de suspensão do aluguel que o juiz determinou. Muitas lojas estão fechadas porque não tem absolutamente nenhum movimento, mas outras encerraram as atividades. Tivemos média de oito voos por dia na semana passada, quando a média era 100 voos”, diz o presidente da associação.
Sem especificar o valor cobrado pelo aluguel, ele alega que ainda não há uma padronização para a cobrança, o que permite para operações similares custos que vão de R$ 10 mil a R$ 100 mil.
Procurada, a Aena diz reconhecer as dificuldades que todos os agentes do setor enfrentam. A empresa garante ter estabelecido uma redução do valor dos aluguéis do Aeroporto Internacional do Recife proporcional à redução dos voos realizados no terminal. No caso do mês de março, a redução dos voos só aconteceu a partir da segunda quinzena, conforme a Aena Brasil, e por isso foi oferecido aos inquilinos a possibilidade de parcelamento referente a esse mês.
A partir de abril, a espanhola confirma a verificação de redução de até 90% nas operações, “percentual que foi repassado em forma de desconto às lojas, restaurantes e todos os agentes que atuam no terminal, como companhias aéreas, setor de carga e logística.”
Tal flexibilização, no entanto, foi aplicada aos lojistas que estavam em situação de adimplência ou que, antes mesmo do início da pandemia, haviam se mostrado interessados em regularizar sua situação junto ao terminal, conforme a Aena.
A Associação dos Concessionários Aeroportuários disse não saber precisar o percentual de inadimplentes com o pagamento de aluguel, mas reforçou a esperança de poder continuar a colaborar com o novo operador.