Marcelo Aprígio
Publicado em 07/08/2020 às 18:54
O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), medidor oficial da inflação no País, de julho na Região Metropolitana do Recife (RMR) foi de 0,40%, a sétima maior inflação observada em todos os locais pesquisados pelo IBGE, que divulgou os dados nesta sexta-feira (7). Em junho, a taxa registrada para a RMR havia sido 0,51%. Com isso, no ano, o IPCA acumula alta de 1,12% no Grande Recife. Nos últimos 12 meses, o índice soma crescimento de 2,48%.
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O resultado da RMR também é ligeiramente superior ao nacional, que apresentou alta de 0,36% em julho ante alta de 0,26% no mês anterior. A taxa é a maior para um mês de julho desde 2016, quando registrou 0,52%. Agora, o índice acumula alta de 0,46% de janeiro até julho deste ano, enquanto nos últimos 12 meses a soma é de 2,31%. Em julho de 2019, a taxa havia sido de 0,19%.
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No Grande Recife, seis dos nove grupos de itens pesquisados pelo IBGE demonstraram uma elevação de preços. O segmento de transporte contribuiu com a maior alta pelo segundo mês consecutivo (2,10%). Entre os itens do grupo, a gasolina foi o que colaborou com o maior impacto individual no IPCA do mês, com alta de 7,32%.“A gasolina continua revertendo os resultados que teve nos meses de abril e maio. Já havia subido em junho e voltou a subir em julho. Além disso, houve uma queda menos intensa das passagens aéreas em comparação com maio e junho”, detalha a gerente de planejamento e gestão do IBGE, Fernanda Estelita, frisando que, mesmo com o aumento da inflação no setor nos últimos dois meses, esse ainda é o item com maior deflação no acumulado do ano, com -2,58%.
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O incremento do segmento de Transportes é seguido de Habitação (1,01%), artigos de residências (0,75%), comunicação (0,56%), saúde e cuidados pessoais (0,43%), e despesas pessoais (0,22%).
Entre os itens que registraram redução na média de preços na RMR, o grupo vestuários puxou a inflação para baixo, com -1,19%. Foi o 3º mês consecutivo de queda do grupo, que em maio registrou -0,44%, e em junho, -1,09%. “Pode estar relacionado à baixa demanda por causa da pandemia. Muita gente ainda está em trabalho remoto. Por isso, a demanda por roupas, por camisa social para trabalhar, por exemplo, acaba sendo muito menor”, afirma o economista e professor do Unit-PE, Edgard Leonardo. Os demais grupos que apresentaram queda foram alimentação e bebidas (-0,85%) e educação com -0,05%.
Dentro do item alimentação e bebidas, os produtos que mais subiram de preço no Grande Recife foram a mandioca (9,84%), melão (9,59%), leite longa vida (7,27%), feijão macáçar (6,79%) e fígado (6,21%). Entre os alimentos que mais baixaram de preço, estão a batata inglesa (-33,63%), cenoura (-31,26%), tomate (-21,21%), cheiro-verde (-21,86%), tubérculos, raízes e legumes (-18,20%) e cebola (-11,42%). No item transporte, a maior queda foi registrada no transporte por aplicativo (-8,63%), seguida da passagem aérea, com índice negativo de -4,02%. A óleo diesel teve a alta mais intensa após a gasolina (2,79%).
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Nacionalmente, a alta dos preços foi impulsionada por apenas três itens: gasolina, conta de energia elétrica e carnes. A gasolina subiu 3,42%, enquanto a energia elétrica avançou 2,59%. Os dois responderam juntos por 75% da inflação de julho. Sob pressão da demanda chinesa por proteína bovina brasileira, as carnes ficaram 3,68% mais caras, contribuindo com os 25% de inflação restantes.
Dos nove grupos de produtos e serviços pesquisados, seis apresentaram alta no mês. Transportes foi a maior contribuição, com preços que subiram 0,78%. Entre os itens, a gasolina foi por puxar o índice para cima com alta de 3,42%. O óleo diesel (4,21%), o etanol (0,72%) e o gás veicular (0,56%) também subiram, levando o grupo dos combustíveis a um resultado de 3,12%. Ainda no grupo, houve queda nos subitens transporte por aplicativo (-8,17%) e passagem aérea (-4,21%), ambos com impacto de -0,01 p.p. no índice do mês.
O grupo Habitação teve alta de 0,80% nos preços e contribuiu com 0,13 p.p para o índice. Nele, a segunda maior contribuição individual para o IPCA do mês (0,11 p.p.) foi o item energia elétrica, que subiu 2,59%. Das 16 regiões pesquisadas, 13 apresentaram aumento, reflexo de reajustes tarifários em várias capitais. No Recife, onde houve um reajuste de 4,88% na Companhia Energética de Pernambuco (Celpe) a alta no item foi de 3,47%. Ainda no mês passado, a Celpe voltou a cobrar dos consumidores o valor correspondente à Tarifa Social de Energia Elétrica (TSEE). Entre os meses de abril e junho, estava em vigor a Medida Provisória 950, que garantia até 100% de isenção a toda essa faixa de clientes, em virtude da pandemia da covid-19.
Diante dos resultados, o economista Edgard Leonardo espera que o índice termine o ano um pouco acima do piso da meta estabelecida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN) — a meta oficial para 2020 é de inflação de 4,00%, sendo que a margem de tolerância é de 1,5 ponto porcentual, assim pode haver variação de 2,50% a 5,50%. “Se a economia seguir o ritmo de recuperação que está tendo, o Brasil conseguirá atingir a meta, pelo menos levemente acima do piso”, afirma.
Apesar de o IPCA fechar o mês de julho em 0,36%, registrar alta de apenas 0,46% no acumulado em 2020, e em 12 meses, de 2,31%, outros índices têm despontado com um crescimento maior que a inflação oficial.
Na quinta-feira (6), a Fundação Getulio Vargas (FGV) informou que o Índice Geral de Preços-Disponibilidade Interna (IGP-DI) acelerou a alta a 2,34% em julho ante 1,60% no mês anterior em meio ao forte avanço das matérias-primas brutas no atacado. O resultado foi o maior em quase 18 anos e sinaliza efeito inflacionário para 2021. Com isso, o indicador nacional acumula taxas de inflação de 6,98% no ano e de 10,37% em 12 meses.
De acordo com a FGV, o Índice de Preços ao Produtor Amplo (IPA-DI), que responde por 60% do indicador, teve avanço de 3,14% no mês, de 2,22% em junho. O destaque ficou para a alta de 6,53% das Matérias-Primas Brutas, depois de subirem 2,16% em junho. "O grupo foi influenciado pela alta no preço das commodities, principalmente do minério de ferro (9,27%)", explicou o coordenador dos índices de preços da FGV, André Braz, apontando que o encarecimento de eletrodomésticos foi motivado por esse aumento do IPA-DI.
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Na semana passada, o Índice Geral de Preços-Mercado (IGP-M) também subiu. O indicador, que é utilizado como referência para a correção de valores de contratos, como os de aluguel de imóveis, teve alta de 2,23% em julho, diante de um avanço de 1,56% em junho. Com este resultado, já acumula crescimento de 6,71% no ano e de 9,27% em 12 meses. “Isso também se deve à forte alta nos preços de importantes commodities”, afirma André Braz.
O pesquisador, porém, ressalta que os índices têm critérios de avaliação diferentes do IPCA e, por isso, apresentam disparidades nos dados. “O IGP é um indicador completamente diferente do IPCA, porque ele faz um média de três índices de preço: ao produtor, ao consumidor e o custo da construção”, pontua ele, explicando que para melhor análise o aconselhado é fazer comparações com o Índice de Preços ao Consumidor Brasil (IPC-Br). “Para resultados mais fidedignos, o ideal é a comparação com o IPC-Br, que tem metodologia parecida com o IPCA”, diz.
Segundo Braz,o IPC-Br ficou em 0,49% no mês passado, acumulando alta de 1,04% no ano e de 2,40% em 12 meses. “Estatisticamente, os resultados são praticamente iguais ao do IPCA”, argumenta André.