O dinamismo da tecnologia e novo estilo de vida das pessoas, até mesmo na habitação, ganhará forma no Recife com o primeiro empreendimento imobiliário administrado pela startup Housi na cidade. A empresa paulista chega à capital pernambucana com a proposta de aluguel residencial sob demanda, indo de um dia até quem sabe anos, e promessa de contratação online e simplificada. Enquanto por um lado a empresa apresenta facilidades para os clientes, em outra ponta a ideia é potencializar o rendimento dos investidores. No histórico, estão retornos de até 40% acima do que é pago com a locação tradicional, mas à frente há o desafio de conseguir ampliar a rentabilidade no mercado local.
- Mercado imobiliário de olho em novo plano diretor do Recife
- MCMV se torna ''motor propulsor'' do mercado imobiliário e gera mais contratações
- Volta das classes média e alta às compras deve trazer alívio ao mercado imobiliário no 2º semestre
- Mercado imobiliário está pronto para retomada de lançamentos e empregos em 2020
O primeiro empreendimento administrado pela Housi no Recife será o Tolive I, da incorporadora pernambucana Tolive, a ser lançado em outubro de 2020 e entregue no mesmo mês de 2021. A empresa local constrói e comercializa a partir de imobiliárias o empreendimento, que conta com 120 unidades de 22m² até 40m². Essa primeira parte do negócio mira nos potenciais clientes investidores. O imóvel é comprado a fim de gerar renda, que é trazida pela Housi a partir da locação.
"Somos uma plataforma na qual prestamos o serviço para o investidor e proprietário. Administramos o imóvel alugado, gerando rentabilidade. Para o usuário, geramos experiência e solução de moradia flexível, por assinatura (serviço on demand), e sem burocracia”, explica o presidente da Housi, Alexandre Frankel.
Ao comprar o imóvel, o investidor deixa sob os cuidados da Housi todo o processo de locação, assim como fica sob responsabilidade da empresa a administração do condomínio. “Como trabalhamos com dados, nossa ideia é trazer nossa expertise para vender melhor e mais rápido. A Housi quando se associa a um incorporador busca ajudá-lo a obter melhores resultados e conhecimento dos dados para ser assertivo com o cliente”, acrescenta Frankel.
Em período de silêncio por conta do planejamento de seu IPO, a Housi não fala sobre os números, porém a startup já contabilizou mais de nove mil locações e 20 mil usuários desde que foi criada, em 2019. O valor de mercado dos imóveis geridos em sua plataforma ultrapassa os R$ 3,5 bilhões, com pretensão de alcance dos R$ 10 bilhões até o fim do ano.
Ao assumir o papel de uma “imobiliária sob demanda”, a startup cobra um taxa administrativa em cima do valor da locação. Para garantir maior rentabilidade, estão no leque dos empreendimentos uma gama de serviços como mobília, assinatura de aplicativos, lavanderia e horta compartilhada, coworking, coliving, mercado de conveniência e a flexibilidade para locação, podendo ser de um dia até anos, mesmo tratando-se de imóveis residenciais.
“O investidor recebe o apartamento completamente mobiliado e cheio de serviços inclusos. Entregamos com tudo pronto e depois a startup faz a gestão para os investidores. Resolve várias dores do nosso cliente, que no caso do Tolive I deverão ser, sobretudo, as pessoas que fazem o chamado turismo médico, quem vem de estados próximos para resolver algo na cidade, como no consulado ou funcionários de empresas que demandam estadia por temporada”, afirma o engenheiro e sócio da Tolive, Felipe Pacífico.
Sendo erguido no bairro da Ilha do Leite, área central do Recife, o empreendimento da Tolive tem Valor Geral de Vendas (VGV) de R$ 25 milhões. Cada unidade varia entre R$ 200 mil e R$ 450 mil. Os valores para locação dependerão do período contratado, mas segundo as empresas, seguem em linha com o que é cobrado no mercado. A incorporadora estuda ter todos os seus empreendimentos em parceria com a Housi. A meta até o fim do ano é ter lançado algo em torno de 350 unidades.
Mercado
Segundo dados do Fipezap de agosto, no último mês o Recife apresentou a maior variação de rentabilidade dos imóveis (razão entre o preço médio de venda e locação) dentre as cidades pesquisadas. Na capital pernambucana, a rentabilidade foi 0,51% ao mês em agosto. A média das capitais foi de 0,40%. O Recife acumula uma variação de 2,11% no preço de alugueis este ano, com preço médio de R$ 30,63 por m².
“Os operadores enxergam a chegada da Housi como mais um player, um modelo de negócio com a ideia de remunerar melhor. A única questão é sobre a remuneração ser melhor se tiver um grande fluxo. A demanda deles é calcada em mobilidade, então vai depender muito do fluxo”, salienta o vice-presidente do Secovi-PE e diretor da ncora Imobiliária, Luciano Novaes.
Sobre o mercado como um todo, a avaliação do Secovi-PE é de que com a redução da taxa de juros, o investimento em imóveis tem se tornado mais atrativo no Recife. “Com a taxa de juros a 2%, a aplicação financeira deixou de ser uma coisa muito interessante, e o imóvel passou a ser a bola da vez, porque tem valorização patrimonial e o rendimento - aluguel muito superior à Selic, chegando a quase 250% do CDI, então muita gente está comprando imóvel para renda, e estamos começando a perceber esse movimento”, comemora.
Na última pesquisa do Secovi, em julho, o preço do m² de imóveis residenciais (apartamentos) usados para locação no Recife variava entre R$ 14,69 e R$ 51,97.
Comentários