DINHEIRO

Primeiro chatbank da América Latina é pernambucano e oferece pagamentos instantâneos por aplicativo de mensagem

Zro Bank conta com investimento de R$ 7 milhões e já tenta levantar R$ 30 milhões para se internacionalizar e alcançar a marca dos 100 mil clientes

Lucas Moraes
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Lucas Moraes
Publicado em 25/09/2020 às 10:47
VERNER BRENAN
APLICATIVO Edisio Pereira, chefe do primeiro banco digital do Nordeste - FOTO: VERNER BRENAN
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No momento em que o Brasil vive a mais intensa oportunidade de transição dos meios de pagamento para o universo digital, impulsionada pelas mudanças trazidas pela pandemia da covid-19 e o avanço de soluções como o PIX e pagamentos via WhatsApp, uma fintech pernambucana tenta largar na frente e conquistar mercado no País e no mundo. Há uma semana, o Zro Bank finalizou sua fase beta, com investimentos na ordem dos R$ 7 milhões, e avança para ampliar a carteira de clientes e a área de atuação a partir de uma nova rodada de investimentos. Entre as soluções, além do que já é ofertado pelos concorrentes, estão a possibilidade de transações em segundos via Telegram e um portfólio de moedas para câmbio ou investimento em uma única conta.

 

De olho nas novas relações dos brasileiros com o dinheiro, com menos uso das cédulas e predileção aos meios digitais, o Zro Bank tem na sua cartela serviços bancários tradicionais, como emissão de cartão de crédito, abertura de conta-corrente e realização de operações como TED e pagamentos de contas. O banco vai além ao apresentar serviços de transações em múltiplas moedas, incluindo criptomoedas, e pagamentos instantâneos via chat. 

"Somos um banco digital, a gente inclusive está fincando a bandeira como primeiro banco digital do Nordeste, onde você tem de fato sua agência e conta e todos os serviços financeiros de um 'banco normal'. Para isso, como fintech, temos parcerias com algumas instituições financeiras, onde podemos integrar os serviços. Mas ainda chegamos com duas grandes inovações: ser o primeiro chatbank da América Latina e oferecer um portfólio de moedas aos clientes dentro do nosso aplicativo", explica o CEO do Zro Bank, Edisio Pereira.

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Como chatbank, o Zro mantém dentro do app do banco um chat integrado com o Telegram. As transações até então são limitadas a até R$ 10 mil, mas o serviço funciona todos os dias e durante 24h, o que, segundo o CEO, possibilita pagamentos em segundos, através do envio de uma simples mensagem. 

"É semelhante ao que já acontece no WeChat (aplicativo chinês conhecido como faz tudo). Com o chat integrado, você consegue conversar com qualquer pessoa que já tenha Telegram e, dentro desse chat, envia dinheiro em 3 segundos, com possibilidade de criar grupos e fazer isso em qualquer moeda que a nossa plataforma transaciona", diz. 

Reprodução
Zro Bank oferece pagamentos instantâneos via Telegram - Reprodução

Para quem acompanha o desenrolar das inovações nos serviços financeiros, a possibilidade de fazer esse tipo de transação via Telegram gera dúvidas quanto à segurança e o aval do Banco Central para a operação, já que o WhatsApp espera até hoje, por exemplo, liberação para implementar algo parecido no Brasil. Mas, segundo o Zro Bank, a proposta pernambucana é totalmente diferente. 

"O Telegram entra na parte do chat, não tem acesso à movimentação de dinheiro das pessoas. Nesse primeiro momento, a pessoa no outro lado precisa ter uma conta no Zro Bank para receber, mas iremos ampliar isso para quem não tem conta receber um link, baixar o app ou preencher os dados de outra instituição e dispararmos um TED. São dois ambientes separados, e se alguém entrar e hackear o Telegram não consegue fazer uma transferência pelo Zro Bank. Apesar de para o usuário ser a mesma coisa na tela, quando você está mandando o dinheiro entra no ambiente banco, a transação não é feitoapelo sistema do Telegram", garante Pereira. 

Sobre alguma restrição por parte do BC, o CEO do Zro aponta não enxergar essa possibilidade, já que, para ele, o WhatsApp propõe "cadastro de cartão de débito e de outra pessoa com conta cadastrada em bancos parceiros para receber o crédito, mantendo taxas altas para conseguir remunerar bancos, adquirentes e bandeiras de cartão". No Zro, a operação é oferecida gratuitamente aos clientes em real ou Bitcoin.  

Outro serviço que o banco digital pernambucano oferece é a chamado "portfólio de moedas". A ideia é permitir que no mesmo aplicativo, o usuário receba dinheiro em reais na conta e possa comprar outras moedas, fazendo câmbio para alguma viagem, enviando valores a uma conta no exterior, ou simplesmente investindo em dólar, euro ou até mesmo criptomoedas e ouro. 

"É um produto para quem precisa poder converter reais em outras moedas. Vai entrar dólar, euro e até ouro. A ideia é que com a selic baixa (2%) facilitemos essa opção já que o dinheiro parado é corroído pela inflação. Num clique você pode receber seu salário e transformar parte dele em ouro, moedas estrangeiras, para resgatar quando quiser. Ao invés de comprar uma ação, você está comprando ouro, criptomoedas, com liquidez diária e podendo fazer a conversão", pontua o CEO do Zro. A conversão já está disponível, porém a possibilidade de envio ao exterior é o que o banco ainda almeja, a partir de novos investimentos. 

Verner Brenan
CEO do Zro Bank, Edisio Pereira - Verner Brenan

Expansão

Em fase beta desde o mês de abril, o Zro Bank passou a disponibilizar ao grande público o download de seu aplicativo para Android ou IOS, nas lojas digitais da Google e Apple ou no site. Na "fase de experimentação", o banco digital teve 6 mil contas abertas, e mira agora a marca das 100 mil contas abertas até o fim de 2020. 

Capitalizada até então pelos próprios sócios, o Zro demandou investimentos na ordem dos R$ 7 milhões. Atualmente, o banco participa de um rodada de investimentos Séria A capitaneada pela Deloitte, para levantar até R$ 30 milhões junto a fundos de venture capital. O banco mantém escritórios no Recife e em São Paulo. Na capital pernambucana, a equipe já conta com 60 pessoas e deve chegar a 100 até o fim deste ano.

Para cada saque no Zro é cobrada uma tarifa de R$ 6,90 pela Rede 24h. Já nas transferências de Bitcoin para carteiras do Zro Bank não há custo, mas para outras carteiras externas há o custo de mineração cobrado diretamente pela rede Blockchain.

 

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Zro Bank oferece pagamentos instantâneos via Telegram - FOTO:Reprodução
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Cartão Zro Bank - FOTO:Reprodução

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