Energia ficará mais cara em 2021 por causa da energia das térmicas

A diminuição da quantidade de água dos reservatórios das principais hidrelétricas fez o governo federal acionar as térmicas. A conta vai chegar em 2021
JC
Publicado em 20/10/2020 às 21:00
Reservatório das hidrelétricas do Sudeste/Centro-Oeste e Sul estão com pouca água devido à estiagem. União acionou as térmicas Foto: FERNANDO DA HORA/ACERVO JC IMAGEM


O consumidor pode ir preparando o bolso. O reajuste da próxima conta de energia será um pouco mais salgado porque, além da inflação do período, vai ser cobrada a energia produzida pelas térmicas que foram acionadas, desde o último sábado, para poupar a água dos reservatórios das hidrelétricas do Sudeste/Centro-Oeste e Sul, regiões atingidas por uma estiagem. "A cobrança vai chegar ao usuário na cobrança do Encargo de Serviços do Sistema (ESS), pago por todos os brasileiros", explica o CEO da comercializadora Kroma Energia, Rodrigo Mello. O ESS é um dos muitos encargos embutidos na conta de energia e serve para bancar a manutenção, confiabilidade e estabilidade do Sistema Interligado Nacional (SIN).


Segundo Rodrigo, é difícil dizer agora o impacto que isso trará na conta de energia. "Quanto mais durar a estiagem, maiores serão os custos a serem diluídos na tarifa de todos", comenta. Em Pernambuco, o próximo reajuste da conta de energia deve ocorrer em 29 de abril de 2021.

Em princípio, as térmicas vão produzir cerca de 12 mil Megawatts médios, de acordo com o Operador Nacional do Sistema (ONS). O consumo médio do País foi de 66,7 mil MW médios na segunda-feira (19), segundo informações do Operador Nacional do Sistema (ONS), que define as térmicas que vão entrar em operação. Já os preços cobrados na tarifa são estabelecidos pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel).

A energia das térmicas é mais cara, porque elas usam matérias-primas que possuem preço mais alto, como o gás natural, o óleo diesel, entre outros. As hidrelétricas produzem energia utilizando a água dos seus reservatórios. Numa média de preço desta terça-feira (20), o megawatt-médio gerado por uma hidrelétrica nova - como as do Norte do País - custa em torno de R$ 170, a mesma quantidade produzida por uma térmica a gás tem o custo de R$ 350 e uma térmelétrica a diesel sai por R$ 1,5 mil, segundo informações levantadas pela Kroma.

ARMAZENAMENTO

Segundo informações do Ministério de Minas e Energia, a expectativa é que, ao final do mês de outubro, os subsistemas Sudeste/Centro-Oeste, Sul, Nordeste e Norte estejam, respectivamente, com os seguintes volumes de armazenamento 23,2%, 19,8%, 52,4% e 32,5%. Ainda de acordo com o ministério, há previsão de irregularidades nas chuvas das bacias do Sudeste e as temperaturas devem permanecer altas, especialmente no Sudeste e Centro-Oeste.

A região que está com o maior percentual de armazenamento é o Nordeste. As hidrelétricas da região conseguem gerar, em média, 40% da energia consumida nos Estados nordestinos. "Apesar das eólicas e o Nordeste estarem numa situação confortável, as térmicas estão sendo acionadas para atender o horário de ponta do Sudeste do País", explica Rodrigo. Segundo informações da Aneel, a matriz energética brasileira tem a seguinte composição: 62% vem das hidrelétricas; 26% das térmicas e 9% das eólicas. Depois desses três setores, restam 3% divididos entre os demais tipos de geração.

Ainda de acordo com o ministério, o acionamento das térmicas será monitorado semanalmente, em reuniões técnicas com a finalidade de verificar a necessidade da continuidade desta iniciativa.

A última vez que as térmicas foram acionadas por causa da pouca quantidade de água dos principais reservatórios das hidrelétricas das regiões Sudeste/Centro-Oeste foi em 2013 e isso resultou em reajustes anuais que variaram entre 30% e 50% aos usuários finais, dependendo do Estado.

 

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