BALANÇO

Pandemia afetou a Black Friday 2020. Varejo físico caiu 25% e compras online aumentaram 21%

A Black Friday refletiu os efeitos da pandemia da covid-19 sobre o comércio. Houve queda no faturamento das lojas físicas e aumento considerável nas compras das lojas virtuais. Comércio agora se volta para o Natal, melhor data do ano para o varejo.

Edilson Vieira
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Edilson Vieira
Publicado em 30/11/2020 às 20:16
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DIGITAL Cerca de 79,7 milhões de clientes fizeram compras online em 2020 - FOTO: PIXABAY
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Segundo o Índice Cielo de Varejo Ampliado (ICVA), que monitora 1,5 milhão de varejistas em todo o País, o faturamento nominal do varejo total (que inclui o comércio físico e o virtual), na sexta-feira de Black Friday, apresentou retração de 14,5% na comparação com 2019. Separando por segmentos, o e-commerce cresceu 21,2%, mas o índice do varejo total foi puxado para baixo pelo desempenho negativo em 25,5% nas vendas presenciais.

Para Pedro Lippi, gerente de Inteligência da Cielo, os cuidados da população em relação ao contágio do coronavírus contribuíram para este cenário. “As lojas físicas já vinham sofrendo um impacto negativo ao longo do ano por conta da pandemia, e na Black Friday não foi diferente. Em contrapartida, o e-commerce foi um canal que despontou para que os varejistas continuem vendendo”, afirmou Pedro Lippi.

Em relação ao varejo físico, Pernambuco apresentou uma queda no faturamento nominal de 29,8% na sexta-feira de descontos, índice maior que o nacional (25,5%). O destaque positivo no comércio do estado foi o setor de veterinária e pet shop, que cresceu 7,4%, seguido por materiais de construção (5,6%), supermercado e hipermercado (3,3%) e drogarias e farmácias (1,5%). Entre os que apresentaram maior queda no varejo físico em Pernambuco estão móveis e eletrodomésticos (-40,9%), vestuário (-36,1%), e turismo e transporte (-35,3%).

“Vale destacar que a Black Friday tradicionalmente é um evento mais voltado para o e-commerce. Se a gente pega os números do período acumulado, que vai da última quinta-feira [26] até o domingo [29], o e-commerce cresceu em todo Brasil 31,8%, muito acima do varejo total, que caiu - 10% no acumulado, e registrou -18% no varejo físico”, explicou o gerente da Cielo. Pedro Lippi ainda considerou que os setores de turismo e transporte seguraram o crescimento do e-commerce. “Como as pessoas não estão viajando por conta da pandemia, as vendas on line neste segmento caíram -50,7%. Se a gente não considerasse o segmento de turismo, o e-commerce teria crescido 64% durante a Black Friday de 2020”, assegurou Pedro.

LOCAL

Para Cid Lôbo, presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas do Recife, o desempenho do comércio na Black Friday deste ano, tanto nacional quanto local foi o esperado para um momento atípico. Segundo ele, nenhuma data especial para o comércio este ano será igual aos anos anteriores. “Aqui nós tivemos o agravante do aumento no número de casos de covid e ainda uma disputa acirrada na eleição da capital, tudo isso tirou um pouco a Black Friday da cabeça das pessoas”. Cid Lôbo disse agora que o foco são as vendas de Natal.

A CDL vai lançar no próximo dia 10 mais uma edição da campanha “Natal Premiado”, onde os consumidores trocam notas fiscais por cupons para concorrerem a sorteios. A campanha envolve tanto o comércio de rua quanto os shoppings. “A gente está com a expectativa de melhorar [o movimento do comércio físico]. As empresas pagaram o 13º salário e o governo do estado e a prefeitura já garantiram também o décimo... a gente sabe que dezembro vai melhorar, mas não será como no ano passado”, afirmou Lôbo.

O presidente da Associação do Lojistas de Shoppings (Alshop) Ricardo Galdino, diz que a tendência de recuperação do comércio existe, mas o empresário ainda está reticente em relação a este ano. “Eu acredito que as pessoas estão mais atentas aos cuidados com a covid e, no Natal, sairão mais de casa e o comércio vai se beneficiar disso. Mas o que eu gostaria mesmo é de amanhã já estar comemorado o Ano Novo”, comentou Galdino.4

FATURAMENTO

Segundo a consultoria Ebit|Nielsen , o e-commerce brasileiro no fim de semana pós-Black Friday 2020 registrou faturamento de R$ 1,5 bilhão, alta de 27% sobre o mesmo período de 2019. No sábado e no domingo, os pedidos alcançaram 2,8 milhões, crescimento de 14%. O valor médio do ticket de compras foi de R$ 525, aumento de 11% em relação ao ano passado.

O desempenho das vendas no fim de semana manteve praticamente o mesmo ritmo do acumulado de quinta e sexta-feira, que totalizou R$ 4,02 bilhões, 25,1% superior a 2019, segundo a consultoria.
"Todos os dias tiveram desempenho relevante. O consumidor não diminuiu o ritmo e as empresas fizeram ações que se traduziram em mais vendas", afirmou a líder de Ebit|Nielsen, Julia Avila, citando como exemplo de incentivos a compra, o frete grátis e as promoções ao vivo com cupons de desconto.

As vendas diluídas em um período maior e não concentradas em um ou dois dias é uma tendência apontada pela Ebit|Nielsen para os próximos anos. "O resultado do fim de semana mostra que o ensinamento para os próximos anos é mais dias, melhores preços, maiores lucros", analisou Julia.

BOBBY FABISAK/JC IMAGEM
Na Região Metropolitana do Recife, os shoppings funcionarão com horários especiais para atender a demanda de clientes. - FOTO:BOBBY FABISAK/JC IMAGEM

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