As águas do São Francisco e a energia dos ventos estão fazendo o Nordeste 'exportar' uma média de 4 mil megawatts (MW) médios de energia para o Sul e Sudeste. Historicamente, a região é "importadora" de energia. "Do total que está sendo 'exportado', 40% vem das usinas da Companhia Hidro Elétrica do São Francisco (Chesf) que tem como matéria-prima as águas do Velho Chico. Outros 40% são gerados por eólicas e os 20% restantes vem de usinas térmicas, solares e outras usinas hidráulicas instaladas na região", explica o diretor de Operações da Chesf, João Henrique Franklin.
> > Mais um aumento da vazão de Sobradinho
Para o leitor ter uma ideia, o Nordeste consome 11,5 mil MW médios; enquanto no Brasil o consumo é de cerca de 65 mil MW médios.
O Nordeste começou a 'exportar' energia há cerca de quatro anos devido à expansão da geração eólica. Neste mês, ocorreram três fatores que fizeram o envio da energia para outras regiões atingir esse volume maior: a barragem de Sobradinho que está liberando 2900 metros cúbicos de água por segundo - sendo a maior vazão dos últimos sete anos -, as eólicas - geralmente - produzem mais energia no segundo semestre e houve um aumento das interligações que podem transportar a energia do Nordeste para o Sudeste e Norte do País.
Em 2001, o Nordeste passou por um grande racionamento de energia, porque houve uma redução no volume das águas do São Francisco, não existiam interligações para 'importar' mais energia e também não tinham térmicas instaladas.
Este ano, o Reservatório de Sobradinho alcançou o patamar de 94% do seu volume útil depois de sete anos de crise hídrica na bacia do São Francisco. Nesta semana, este percentual estava em 60%. Há cerca de um ano, o maior reservatório do Nordeste tinha 30% de seu armazenamento.
"Atualmente, a capacidade de exportação de energia elétrica do Nordeste é da ordem de 6 mil MW médios. Ou seja, hoje, estamos próximos de atingir este limite", revela João Henrique.Os técnicos do setor usam os termos exportar e importar entre os subsistemas que compõem a geração do setor elétrico, dividindo o País em quatro subsistemas: Sul, Sudeste-Centro-Oeste, Nordeste e Norte.
Esse bom momento da produção de energia no Nordeste ocorre quando os reservatórios das regiões Sudeste e Sul do País estão passando por uma diminuição da quantidade de água armazenada nos principais reservatórios das suas hidrelétricas devido à falta de chuvas.
Apesar do maior volume de água liberada por Sobradinho, isso não caracteriza regime de cheia no São Francisco, de acordo com a Chesf, que informou que este patamar é considerado dentro da faixa normal de operação do empreendimento que com a geração plena pode liberar até 4,2 mil metros cúbicos por segundo.
Ainda de acordo com a Chesf, as entidades e usuários estão sendo informados das variações de vazão no São Francisco, a partir de Sobradinho. Isso está ocorrendo depois de quase uma década de seca.