A Refinaria Abreu e Lina (Rnest), - em operação há 6 anos no Complexo de Suape, em Pernambuco -, começou a produzir gasolina tipo A. A unidade recebeu autorização da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) para operar o duto de nafta petroquímica também com gasolina. O primeiro tanque foi produzido nos últimos dias de 2020 e, a partir de agora, o combustível passa a fazer parte da cesta de produtos da Rnest. A Petrobras anunciou a novidade ao mercado no dia 30 de dezembro, por meio de Fato Relevante.
A gasolina é formulada com produtos da própria Abreu e Lima e de outras refinarias do País. A chamada gasolina A é o produto puro, sem adição de etanol. Depois, as distribuidoras se encarregam de incorporar o etanol para formular e comercializar a gasolina C. O combustível produzido na refinaria atenderá às distribuidoras localizadas em Pernambuco e também seguirá para atender aos mercados do Pará e Ceará.
Quando entrou em operação, em dezembro de 2014, a Rnest foi projetada para produzir sobretudo diesel para atender as regiões Nordeste e Norte, que tinham déficit de abastecimento e a Petrobras precisava importar o combustível. Com as mudanças na dinâmica do mercado, a unidade foi se adaptando. Atualmente, produz diesel com baixo teor de enxofre (69% da produção), nafta, óleo combustível, coque e gás liquefeito de petróleo (GLP), e agora adiciona também à sua cesta de produtos a gasolina A.
O óleo diesel continua sendo seu principal produto, mas também ganhou destaque, a partir de 2019, a produção do óleo combustível para exportação. Com a entrada da nova qualidade do bunker (combustível de navio) no mundo, a estratégia da Petrobras para capturar os ganhos associados ao novo mercado fez com que a Rnest batesse o seu recorde de produção do derivado oito vezes em nove meses, entre os anos de 2019 e 2020.
Também em 2019, a refinaria iniciou a exportação de sua produção de coque, tendo realizado três operações: em agosto de 2019 para a China (31,1 mil toneladas), e em maio e em julho de 2020 para os Estados Unidos (31,5 mil toneladas em cada mês). Na última quarta-feira (30) foi iniciado o carregamento de um navio para uma nova exportação para a China, com previsão de 31,5 mil toneladas.
A Rnest foi a última refinaria construída no País e a mais moderna. A refinaria também foi um dos centros das investigações da operação Lava Jato, tendo sido apontada como a mais cara do mundo, por conta dos esquemas de corrupção. A unidade tem capacidade instalada para processar 130 mil barris de petróleo por dia, o que corresponde a 5% da capacidade total de refino de petróleo do Brasil.
O professor de logística do Centro Universitário Tiradentes (Unit-PE), Paulo Alencar, explica que o impacto da produção local de gasolina será na maior rapidez da distribuição, mas não terá impacto nos preços. "Como Pernambuco é um hub de combustível e gás no Nordeste, a produção centralizada em Suape garantirá mais agilidade e rapidez nos canais de entrega para as distribuidoras e destas para os postos de combustível e clientes finais. Sim, com esta proximidade, em princípio, pode-se imaginar que os preços no mercado local sejam menores; contudo, como a Petrobras pratica preços de mercado, não teremos preços menores em função da fabricação local", reforça.
Nos últimos anos, a Petrobras vem fazendo um esforço de atender às normas nacionais e internacionais de qualidade e sustentabilidade dos combustíveis. "O objetivo da Petrobras é produzir gasolina com baixo teor de enxofre com uma gasolina de melhor qualidade em padrões atuais de mercado. A Rnest é uma das poucas refinarias da Petrobras que foi concebida já com este fim", complementa Alencar.