Mesmo com queda em dezembro, endividamento dos pernambucanos foi o maior da década no último mês de 2020

A contenção no último mês veio com a maior restrição de renda e ponderamento dos gastos
Lucas Moraes
Publicado em 07/01/2021 às 16:09
Vagas temporárias para as festividades de fim de ano já começam a aparecer Foto: ALEX OLIVEIRA/JC IMAGEM


No período em que tradicionalmente as famílias gastam mais em função das compras de fim de ano, os pernambucanos apresentaram um comportamento atípico e chegaram ao resultado de redução no percentual de endividamento no mês de dezembro. De acordo com a Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (PEIC), a taxa no mês passado foi de 76,7%, ante 77,4% do mês de novembro. Ainda assim, o percentual é o maior já registrado desde 2010 (79,8%). 

O movimento de endividamento dos pernambucanos seguiu o caminho contrário do nacional no mês de dezembro. No País, a variação saiu de 66% para 66,3%. "Essa taxa de dezembro é a maior nos últimos dez anos, mas ainda houve um recuo que, inclusive, não se esperava. O mês tem diversos incentivos para consumo e elevação do endividamento. É provável que as pessoas tenham usado a primeira parcela do 13º salário para consumir, com elevação do endividamento em novembro, e a segunda parcela sendo utilizada com mais cautela, para pagar dívidas", diz o economista do sistema Fecomércio- PE, Rafael Ramos. 

Segundo ele, também explicam a redução do endividamento no mês de dezembro fatores como o fim do auxílio emergencial, a perspectiva de piora no mercado de trabalho e a conjuntura já denunciado na pesquisa de intenção de consumo - para o fim de ano com redução dos gastos. 

"Provavelmente tudo isso colocou um alerta nas famílias, forçando um movimento mais conservador em relação às compras. Já havia apontamento de que as famílias não estavam tão dispostas a gastar, priorizando as comemorações mais baratas, com gasto médio de R$ 150 e pagando à vista, o que traz uma conjuntura propícia para essa queda do endividamento", complementa Ramos.

Em números, o percentual de 76,7% equivale a 398.820 famílias endividadas, redução de 3.142 lares em um mês, já em relação ao mesmo período de 2019 houve um acréscimo de 20.096 famílias.

As famílias que possuem contas em atraso atingiram os 28,0%, queda em relação a novembro e quando comparado a novembro do ano anterior, que registraram respectivos percentuais de 29,8% e 29,4%. Essa é a quarta vez consecutiva que há recuo nesse índice, denotando menor ritmo de consumo e de ajuste das finanças das famílias. Atualmente no estado 144.090 famílias estão com alguma conta em atraso.

Já a parcela da população com a situação mais crítica, que são aquelas que informam não ter mais condições de pagar as suas dívidas, alcançou um percentual de 11,3% - o que corresponde a 58.085 mil famílias inadimplentes. No caso desse grupo, o movimento também é de queda, segunda consecutiva.

No mês de dezembro, houve uma redução de 6.845 lares sem condições de pagas as dívidas em relação ao mês imediatamente anterior. Porém na comparação anual, o percentual de famílias inadimplentes mostrou leve alta e teve aumento de 539 lares.

Tipos de dívida

Em relação ao tipo de dívida, o mais apontado continua sendo o cartão de crédito, atingindo 95,1%. No mês de novembro de 2020, o percentual era de 93,7%. O endividamento com carnês representou 22,1% em dezembro, ante 27,2% no mês imediatamente anterior.

A maioria das famílias endividadas (55,7%) informam também que as dívidas comprometem entre 11% e 50% da renda. O comprometimento médio da renda em dezembro atingiu 28,8%.

Mesmo com o recuo em dezembro, espera-se que neste mês de janeiro já haja inversão desse movimento, já que as famílias permanecem com o orçamento restrito ao mesmo tempo que esse período é tradicionalmente marcado por aumento das despesas. 

 

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