Diferente do resultado médio nacional, o mercado imobiliário do Recife e da Região Metropolitana expandiu não só as vendas no ano de 2020. Segundo os dados dos Indicadores Imobiliários Nacionais da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (Cbic), compilados pela consultoria Brain, a região conseguiu dar um salto em relação ao número de lançamentos, revertendo o quadro de 2019 e sendo impulsionado pela retomada de grandes construtoras dos imóveis de médio e alto padrão. No comparativo entre o quarto trimestre de 2020 com o mesmo período de 2019, o crescimento foi da ordem dos 3.000%.
"Dois motivos levaram o Recife a ter um comportamento diferente da média brasileira. O primeiro motivo é que o ano de 2019 tinha sido muito forte de crescimento, liderado por São Paulo e Recife não tinha seguindo a mesma toada, ficando atrasado em termos de lançamento, gerando um demanda reprimida maior. As empresas estavam preparadas para isso, e quando se compara o processo de crescimento, ele foi mais intenso no Recife", diz o sócio-direto da Brain, Fábio Tadeu Araújo.
Ele enumera como segunda causa o fato de algumas empresas importantes voltarem a lançar na capital. "Notadamente Pernambuco construtora e Moura Dubeux. Essas são duas empresa da cidade, fora do Minha Casa Minha Vida, que recuperaram mercado no ano passado após ausência de cinco a seis anos", afirma.
Os números, de fato, denotam um comportamento atípico de puxança no mercado em meio à pandemia da covid-19. A média de unidades lançadas no Recife e Região Metropolitana foi de 736 nos últimos quatro trimestres de 2020. No ano, a maior variação deu-se entre o segundo e terceiro trimestre de 2020, com alta de 500% nos lançamentos. Já no comparativo entre o quarto trimestre de 2020 e o mesmo período de 2019, a diferença é ainda mais espaçada, com uma variação de +3.259% unidades lançadas. Foram 39 lançamentos nos últimos três meses de 2019. No ano passado, o mesmo trimestre registrou 1.310 unidades lançadas.
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Se levado em conta apenas o desempenho da capital, o número de lançamentos avançou 100%, indo de 0 a 94 unidades residencias lançadas, entre o quarto trimestre de 2019 e o mesmo período de 2020.
O Valor Geral de Vendas (VGV) desses lançamentos, conforme os dados da Cbic e Brain, mais do que triplicou de um ano para o outro. Em 2019, totalizou-se R$ 48,1 milhões. Ano passado, o VGV foi estimado em R$ 150,2 milhões. Em vendas concretas, o saldo apurado foi de R$ 1,5 bilhão no ano passado. No ano imediatamente anterior, R$ 1,08 bi.
Assim como os lançamentos, as vendas também tiveram destaque no mercado recifense de imóveis. Com a dinâmica dos juros seguindo até então uma linha de redução e o maior tempo das pessoas dentro de casa, planejando compras menos perenes, houve um crescimento de 126,5% nas unidades residenciais vendidas no Recife e Região Metropolitana entre os últimos três meses de 2019 e 2020. A média dos últimos quatro trimestres do ano foi de 1.639 unidades.
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Estoque e Minha Casa Minha Vida
Mostrando equilíbrio entre as vendas e lançamentos, o estoque no Grande Recife cresceu 43% entre os quartos trimestres dos últimos dois anos. Se em 2019, a oferta final era de 5.993 unidades, chegou-se ao fim de 2020 com um total de 8.622. Esse aumento é salutar num momento em que a construção ainda vive uma carestia na produção pela falta de insumos. Dados do Fipe Zap já apontavam que o preço do m² no Recife foi o único a se manter com redução ao longo de 2020.
Na capital, o m² está em R$ 6.417, conforme o levantamento da Brain. Na Região Metropolitana, o preço já cai para R$ 5.603. Quando analisados em separado, os estoques também refletem essa diferença. Isolando o Recife, houve redução de -8,6% da oferta final. No Grande Recife, o avanço foi de 104%.
O Minha Casa Minha Vida (agora Casa Verde e Amarela) ainda se mantém, em termos totais, como importantes motor do mercado em toda a Região Metropolitana, embora agora tenha uma proporção de vendas em relação ao médio e alto padrão menor agora.
"Nos últimos anos, com a quase inexistência de lançamentos acima do agora Casa Verde e Amarela (antigo Minha Casa Minha Vida) fazia com que essa proporção fosse muito alta. Agora, houve justamente o retorno de empresas importantes lançando produtos de R$ 300 mil, R$ 400 mil, R$ 500 mil até R$ 2 milhões. Isso recuperou, e como o total do mercado é divido entre esses (Casa Verde e Amarela e os demais) naturalmente como o segmento acima do Casa Verde e Amarela cresce muito, ele como a participação desse outro segmento no mercado", detalha Araújo.
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