Caso o preço do seu aluguel tenha o reajuste previsto para o próximo mês, fique atento. Geralmente, esse tipo de contrato é atualizado pelo Índice Geral de Preços de Mercado (IGPM) que alcançou 28,94% nos últimos 12 meses. E é justamente o acumulado, usado pra revisar o preço do aluguel. "A nossa sugestão é de que o inquilino e o proprietário conversem. Mais de 90% dos contratos são revisados pelo IGPM. O ideal é analisar cada caso e que o preço deste serviço fique bom para ambas as partes", aconselha o vice-presidente do Sindicato da Habitação de Pernambuco (Secovi-PE), Luciano Novaes.
Mesmo nos contratos de aluguel que estabeleceram o reajuste pelo IGPM, há inquilinos e proprietários revendo a aplicação do IGPM. "Há casos que estamos aplicando o IPCA. Há outros que estamos aconselhando o proprietário a não reajustar o aluguel", conta Luciano.
O IGPM disparou no ano passado influenciado pela valorização do preço do dólar, que alcançou uma alta de 29% em 2020. Considerada a inflação oficial do País, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) ficou em 4,56% nos últimos 12 meses, enquanto o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) chegou a 5,53% também nos últimos 12 meses. Os três índices (IPCA, INPC e IGPM) são usados para medir a inflação, mas o IGPM absorve mais a variação da moeda norte-americana. Além do aluguel, o IGPM é usado também para reajustar tarifas públicas e seguros.
"O mais importante é negociar para que o aluguel fique dentro do valor do mercado. Estamos indicando a correção pelo IGPM somente para os imóveis que estão com os preços abaixo do mercado. É importante também que o dono do imóvel escute a administradora do imóvel, que é especializada em fazer isso", afirma. Caso o proprietário opte por um reajuste que deixe o aluguel com um preço acima do mercado, Luciano acredita que o inquilino pode desocupar o imóvel e procurar um aluguel no valor que pagava antes do reajuste.
Luciano argumenta que o momento não está para reajustes altos, porque as famílias perderam renda com o corte de salário ou a redução das horas trabalhadas. "Um aumento num momento como este, às vezes, só faz o proprietário perder um bom inquilino. E aí o imóvel pode ficar um ou dois meses desocupado com o proprietário tendo que pagar o condomínio e o Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU)", diz Luciano. O Secovi faz a locação e administração de imóveis, condomínios, shopping centers, entre outros, sendo a maior administradora de imóveis do Recife.
O economista e professor do Centro Universitário Tiradentes (Unit-PE) Paulo Alencar afirma que é "impossível" numa situação como a atual o inquilino conseguir pagar um reajuste superior a 28% do aluguel, que seria o do IGPM. "O Brasil está com 13,9 milhões de desempregados. E muitos dos que estão trabalhando perderam renda. É razoável uma negociação", sugere. E complementa com um ditado antigo que nunca foi tão verdadeiro: "é melhor um pásaro na mão do que dois voando".
Paulo argumenta que a atual crise não vai durar pra sempre. "Depois que a população for vacinada e a economia voltar a crescer, aí é a hora do proprietário recuperar as perdas. Está difícil pra todo mundo", conta. No ano passado, o PIB do Brasil caiu 4,1% e a economia de Pernambuco recuou 1,4%. Isso significa que circulou menos dinheiro e as pessoas, assalariadas de uma maneira geral, ficaram mais pobres.