CUSTO DE VIDA
Bolsonaro fala em novo reajuste dos combustíveis em 20 dias
O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) afirmou que, de forma extraoficial, a Petrobras fará um novo reajuste nos preços dos combustíveis dentro de 20 dias e disse que isso "não pode acontecer". Os combustíveis não param de subir no Brasil e estão puxando a inflação
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Atualizada às 15h53
Em meio a temores no mercado financeiro de ingerência política na Petrobras, o presidente Jair Bolsonaro afirmou nesta segunda-feira, 1º de novembro, que a semana será de "jogo pesado" com a empresa, sem detalhar qual seria a estratégia do governo ao longo dos próximos dias. O chefe do Executivo ainda disse saber, de forma extraoficial, que a estatal fará um novo reajuste nos
preços dos combustíveis dentro de 20 dias. "Isso não pode acontecer", afirmou sobre o novo aumento.
As declarações foram dadas a jornalistas na cidade italiana de Anguillara Veneta, onde o presidente recebeu o título de cidadão local. Para comparecer à agenda de caráter pessoal, Bolsonaro deixa de ir à COP-26, evento em Glasgow, na Escócia, que reúne os principais líderes do globo.
O aumento dos combustíveis atinge toda a cadeia produtiva do País e está sendo um dos grandes vilões da inflação, que diminui o poder de compra de todos os brasileiros. O Brasil depende das rodovias para transportar cerca de 62% de todas as cargas do País. Nesta segunda-feira (1º), estava prevista uma greve dos caminhoneiros devido ao alto preço do diesel. O movimento fracassou porque a Justiça concedeu liminares em 29 Estados determinando que não houvesse a paralisação.
A Petrobras está repassando para o consumidor a alta do preço do barril de petróleo no mercado internacional que está com o preço mais alto nos últimos três anos. Por isso, estão ocorrendo esses reajustes constantes. No entanto, há uma falta de decisão política pra resolver a alta no preço dos combustíveis. Poderia ser feito um fundo de equalização que evitasse os constantes reajustes do preço, como já sugeriram os secretários estaduais da Fazenda. Na sexta-feira (29), os Estados também congelaram o ICMS cobrado nos combustíveis por 90 dias para freiar a alta do preço. Mas quem decide o preço dos combustíveis é a Petrobras, que pertence ao governo federal.
Pagamento do Auxílio Brasil
Questionado sobre o
Auxílio Brasil, o presidente desconversou e disse que a prioridade, neste momento, é a disparada do valor dos combustíveis. "Essa semana vai ser um jogo pesado com a Petrobras. Porque eu indico o presidente. Quer dizer, tem que passar pelo conselho, não sou eu quem indicou, passa pelo conselho. E tudo de ruim que acontece lá cai no meu colo. O que é de bom, não cai nada em meu colo", reclamou Bolsonaro.
E acrescentou: "Uma notícia que eu dou pra vocês, eu tenho pressa, a Petrobras vai anunciar, eu sei extraoficialmente, novo reajuste daqui a uns 20 dias. Isso não pode acontecer."
Apesar de o governo ser o principal acionista da Petrobras, o presidente ainda disse que não se importa com o lucro da estatal repassado à União. "O que eu quero da Petrobras? Não quero no tocante aos rendimentos que a Petrobras dá para o governo federal, não me interessa esse recurso. Tenho conversado com Paulo Guedes [ministro da Economia], nós queremos que isso seja revertido diretamente em diminuição do preço do diesel na ponta da linha", comentou.
Na última quinta-feira, a Petrobras informou lucro de R$ 31,14 bilhões no terceiro trimestre deste ano. "Vi muito rapidamente", limitou-se a responder Bolsonaro sobre o balanço da empresa.
Em uma insistência de retórica, o presidente ainda voltou a dizer que pediu ao ministro Paulo Guedes para estudar a privatização da Petrobras, e novamente jogou a alta dos combustíveis, que corrói sua popularidade, no colo do ICMS cobrado pelos governadores. "A minha contribuição eu já dei", afirmou.